terça-feira, 28 de julho de 2015

Linha de Marinheiros

Linha de Marinheiros
Imagem: Marinheiros da Umbanda. Editadas em conjunto / Google

Essa linha é regida por Yemanjá, embora cada Marinheiro e Marinheira venha na irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são filhos de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios.
A Linha dos Marinheiros da Umbanda engloba espíritos que trabalham no auxílio a encarnados e desencarnados, a partir do seu magnetismo aquático e de seus conhecimentos sobre a manipulação do Mistério das Águas. Nela se apresentam espíritos que em últimas encarnações foram marinheiros de fato, navegadores, oficiais, pescadores, povos ribeirinhos, canoeiros, piratas, etc., ou espíritos que se agruparam à linha por afinidade energética. É o arquétipo do homem litorâneo, daquele que sobrevive do mar e dos rios. A linha dos Marinheiros tem a regência de Yemanjá, mas pode-se considerar Omolu o regente secundário. A partir deste princípio, Yemanjá rege toda a água do mar e Omolu rege a terra que há no fundo dos oceanos. Yemanjá dá sustentação e amparo aos espíritos que no mar (calunga grande) viveram de forma positiva, extraindo de suas águas recursos para alimentar vidas, e Omolu sustentando o eterno vai-e-vem das águas, atraindo para os seus domínios (calunga pequena) os espíritos que se utilizaram do mar de forma negativa, alimentando apenas seus instintos inferiores.

Esta linha de trabalho é também chamada de “Povo d'Água” e está relacionada a outras Mães d’Água como Oxum (águas doces) e Nanã (lagos e lagoas), sendo de Yemanjá, entretanto, a regência da linha.
Os Marinheiros trabalham ainda sob influência das Forças Naturais que enfrentam no mar, tais como as calmarias (Mistério de Oxalá), os raios (Mistério de Xangô), os tufões (Mistério de Yansã), os bancos de areia (Mistério de Omolu), os sargaços (Mistério de Oxóssi) e as correntes marinhas (Mistério de Ogum). Para lidar com essas energias, os Marinheiros precisam do conhecimento e da licença dos Orixás Regentes desses elementos, portanto, um Marinheiro de Umbanda é munido de grande conhecimento e preparo.
Nos Terreiros, a chegada dos Marinheiros traz uma alegria contagiante. Abraçam a todos, brincam com um jeito maroto, gingando pra lá e pra cá, parecendo embriagados. Mas não estão, como se poderia pensar; é o seu magnetismo aquático que os faz ficar “balançando”. Cada elemento tem o seu magnetismo e os espíritos que se manifestam naquela determinada irradiação têm magnetismo idêntico. O que faz o mar ondular é o magnetismo característico de Yemanjá, regente divina das águas salgadas e da linha dos Marinheiros. Logo, os Marinheiros também possuem esse magnetismo “ondulante”. Ao incorporar em seu médium, o Marinheiro “bambeia”, se movimenta como quem se equilibra no tombadilho de um navio ou de um barco em alto mar. Desta forma, ele libera energias em formas onduladas; é através dos seus “balanços” que lembram os movimentos de uma pessoa embriagada (se ficarmos algum tempo no mar, vamos entender melhor isso: ao voltar para terra firme, sentiremos estar “balançando”, “bambeando”, ainda sob o efeito do movimento ondulante do mar). Os “balanços” dos Marinheiros liberam ondas de forte magnetismo aquático que desagregam acúmulos negativos de origem externa e interna, equilibram nosso emocional e mental e nos dão condições de gerar coisas positivas em nossas vidas. Vale lembrar que as águas simbolizam as nossas emoções e estão ligadas à origem da vida.
Nas Giras de desenvolvimento, o magnetismo dos Marinheiros é um potente equilibrador emocional do médium, colaborando de forma essencial no processo.

A Linha atua preferencialmente na diluição de cargas trevosas e em trabalhos voltados para a cura emocional do consulente, muitas vezes com a ajuda de seres Elementais da Água que são atraídos com tal propósito. O contato com esses seres realiza uma potente limpeza em nosso campo magnético, uma verdadeira “explosão” de energia equilibradora. Os Marinheiros são Magos dos Mistérios Aquáticos. Atuam de forma única dentro da Umbanda, na manipulação de energias que nos libertam de bloqueios íntimos e nos dão equilíbrio emocional. Pode parecer pouco, mas hoje a própria ciência analisa e admite os efeitos dos distúrbios emocionais como geradores de várias enfermidades, de modo que a cura emocional é o primeiro grande passo para outras conquistas. Os Marujos lidam com os consulentes de forma simpática e extrovertida, “quebrando o gelo” e deixando o assistido muito à vontade, o que facilita a recepção dessas energias equilibradoras e curadoras.
Além dos trabalhos de descarrego e quebra de magias negativas, dão consultas e passes. Costumam ir direto ao ponto, sem rodeios, mas sabem como falar aos consulentes sem criar um clima desagradável ou de medo. São amigos, trazem uma mensagem de esperança e força. Sempre nos alertam para agir com fé e confiança e desbravar o desconhecido, seja do nosso interior ou do mundo que nos rodeia. 
Algumas vezes, ao incorporar, os Marinheiros precisam tomar alguma bebida alcoólica para não prejudicar o físico do médium, mas como se explica isso?
O uso da bebida dá fluidez e volatilidade às vibrações desses espíritos, expande seus campos magnéticos e possibilita a estabilização e o equilíbrio nas incorporações, bem como limpa e energiza. Como os Marinheiros vivem na irradiação aquática, quando incorporam parece-lhes que o solo está se movendo. Então, com funções inversas, o álcool lhes dá estabilidade e equilíbrio necessários para ficarem parados e darem atendimento às pessoas. O álcool, em condições normais, tira o equilíbrio de uma pessoa. Mas assim como o veneno de cobra é o único antídoto contra picadas de cobras, com os Marinheiros a ingestão de bebida alcoólica lhes dá estabilidade. Esse consumo, porém, precisará ser controlado e restrito a uma dose mínima!
Dentro de um trabalho espiritual, o excesso de bebida nunca se justifica. O Guia é um espírito que se preparou e obteve a permissão da Lei Divina para vir nos ajudar; é um mago que sabe como manipular os elementos e usa o mínimo necessário, pois não precisa de “quantidade”. Quando há excesso, isso se dá pela ignorância e despreparo, ou então pela vaidade do médium.

A linguagem da linha é bastante simbólica na maioria dos casos, podendo-se notar algum desses termos durante a consulta:
O mar: expressão que usam significando a nossa vida. Quando falam que “o mar tá bravo”, é porque o médium ou o consulente está com dificuldades na vida por não saber lidar com as emoções ou os desafios;
Barco: maneira pela qual designam o próprio médium ou o consulente;
Capitão Maior/Capitão do Navio: expressões para se referirem a Deus;
Correnteza: Dificuldades da vida.


Símbolos de representação da linha: Âncora, ondas, timão, barcos.
Cores: Azul claro, azul escuro, branco.
Ferramentas: Pedras, conchas, búzios, estrelas do mar, velas, areia, etc.
Flores: Cravo branco, palmas brancas, rosas brancas e flores brancas em geral.
Comidas: Frutas de polpa branca em geral, bem como frutas de Yemanjá.
Bebidas: Água de coco, rum, leite com mel, cerveja clara, conhaque com mel, aguardente, vinho.
Fumo: Cigarros de palha, charutos, cigarrilhas, fumos diversos de ervas enrolados na palha.
Pontos de Força: Mar ou pontos de força que contenham água.
Saudação: Salve a marujada!

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Fontes:
Adaptação do texto original postado no site Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.

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