quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Ervas e seu uso na Umbanda - Parte 1

Ervas e seu uso na Umbanda - Parte 1
Imagem: Reprodução / Google.
A Umbanda é uma religião de profunda ligação com a natureza; temos nela a base de todo fundamento umbandista. Dentre tantos fundamentos, temos o uso das ervas em larga aplicação em diversas ritualísticas, dentre as quais citamos seu uso para defumação, banhos, chás, amacis, oferendas, unguentos, bate folhas, entre outros.
Quando falamos em ervas na Umbanda, referimo-nos a folhas, flores, grãos, raízes e resinas.
As ervas são usadas porque possuem poderes magísticos que quando ativados com toda potencialidade são poderosas ferramentas para os guias e médiuns. É o sangue vegetal que nos purifica e consagra, remove energias maléficas e nos renova com energia sagrada.

As ervas são de domínio principalmente de Ossain. Ossain é o Orixá das Folhas, cultuado fortemente no Candomblé, com pouco culto na Umbanda. Desta forma, na Umbanda, transferimos o domínio e condensamos Ossain em Oxóssi, uma vez que é o senhor das matas. Portanto, quando fizermos uso de alguma erva, podemos pedir o axé de Oxóssi e Ossain sobre aquele preparo.

Primeiramente, temos de entender a classificação das ervas dentro da Umbanda, segundo o sacerdote Adriano Camargo do Templo Escola de Umbanda Ventos de Aruanda para entender melhor seus usos, o porquê de tal erva ser melhor para tal fim. Em seguida veremos seus mais diversos usos.


CLASSIFICAÇÃO

Ervas Quentes (ou agressivas): São ervas que em sua vibração tem o poder de limpar, dissolver, eliminar, anular, cortar e quebrar os acúmulos energéticos negativos, ou seja, carregam em si o poder de agredir estruturas energéticas negativas. Dissolvem larvas astrais e miasmas energéticos. Quando essas ervas são usadas para banho, acabam exaurindo energia vital de quem as usa. O tabu de não se usar ervas na cabeça vem daí, e de fato, é bom não criar o hábito de descarregar o chakra coronário com frequência - é mais indicado energizá-lo através de ervas mornas ou frias. Por serem ervas que drenam energia vital, é recomendável tomar o banho em um período do dia em que possamos repousar ou fazer atividades menos intensas.
Exemplos de ervas: arruda, guiné, espada de são jorge, comigo ninguém pode, cânfora, picão preto.

Ervas Mornas (ou equilibradoras): São ervas que em sua vibração tem o poder de corrigir os desvios energéticos causados pelo uso das ervas quentes, harmonizar chakras e equilibrar as energias vitais. São altamente energéticos, levantadores de astral e direcionadores. Ervas que podem ser usadas sem nenhuma restrição, ou seja, podem ser aplicadas na cabeça e ser usadas com mais frequência. Os amacis são feitos das ervas quentes.
Exemplos de ervas: calêndula, alfavaca, anis estrelado, capim cidreira, hibisco, camomila.

Ervas Frias (ou específicas): São ervas que se resume a algum fator extremamente específico, como as ervas medicinais, ervas para o fortalecimento mediúnico, ervas femininas e masculinas e ervas especificamente calmantes.
Exemplos de ervas: alfazema, rosa branca, casca de alho, rosa vermelha, folha de café, artemísia, etc.

Na próxima postagem vocês verão que uma erva pode ser agrupada em mais de uma categoria, pois carrega mais de um fator realizador. 


USO E RITUALÍSTICA

Defumação:
Uso da erva: Seca, preferencialmente.
A defumação consiste na queima de ervas para limpeza de um ambiente, de uma pessoa ou de objetos. Muito utilizado, além da limpeza do terreiro, para a consagração de materiais no processo de limpeza antes da consagração em si.

Banho:
Uso da erva: Fresca ou seca.
O banho tem a função de descarregar ou energizar o corpo astral e material. São usadas ervas quentes, mornas ou frias e ainda se associarem num mesmo banho; os padrões energéticos se complementam, nunca se anulam. É preciso ter cuidado com ervas tóxicas que causam irritação no corpo.

Amaci:
Uso da erva: Fresca.
É um banho de ervas na cabeça, aplicado somente por sacerdotes umbandistas em seus filhos médiuns batizados e assentados. É feito com ervas específicas do Orixá do médium ou de todos os Orixás. 

Chá:
Uso da erva: Fresca ou seca.
O chá é o item mais comum que utilizamos no dia a dia, sendo usado para acalmar irritações, aliviar dores, etc. É preciso ter cuidado com ervas tóxicas que quando ingeridas, podem piorar a situação.

Unguento:
Uso da erva: Fresca.
O unguento é um preparado de erva para ferimentos e tratamentos para o corpo em geral. Geralmente são preparados pelos caboclos e pretos velhos. É preciso ter cuidado com ervas tóxicas.

Oferenda:
Uso da erva: Fresca.
A erva pode ser usada como um dos elementos de uma oferenda para se obter o axé que nela contém. Varia de acordo com o Orixá ou com o que a entidade prefere.


TRATO
As ervas são seres vivos. Ao cortar uma erva para uso peça licença, e não demore a utilizar se precisar dela fresca. Cortar a erva com a própria mão ou com algum instrumento cortante reservado somente para esse fim. Quando uma erva estiver seca, acorde-a e quando estiver fresca, ative-a: converse, peça à Oxóssi, à Olorum e à Mãe Natureza que abençoe a erva, que ela seja um instrumento benéfico a favor de quem precise, que todo o seu potencial energético seja utilizado na preparação que for utilizada, e agradeça sempre. Se conecte com as ervas, seja qual for seu uso, e você sentirá a diferença!


Na próxima parte escreverei sobre as ervas dos Orixás agrupadas em categorias e as ervas utilizadas por entidades. Até lá!

_______________

O tema Ervas é muito amplo, para tanto eu recomendo mesmo conhecer o trabalho do sacerdote umbandista Adriano Camargo. Quase tudo que sei sobre ervas na umbanda veio dele. Ele também escreveu um livro sobre o assunto, vale a pena conferir!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quaresma na Umbanda

Quaresma na Umbanda
Imagem: Reprodução / Google.
Na postagem sobre o Carnaval que fiz anteriormente, descrevi a situação energética em que todo o país se encontra. Na quaresma, embora tudo fique aparentemente tranquilo depois de todo fuzuê, muita coisa acontece.

A quaresma começa na quarta-feira de cinzas e vai até o domingo de ramos. Simboliza os quarenta dias que Jesus Cristo passou no deserto, passando por provações e sofrimentos e então sua morte. É costume dos adeptos do catolicismo a penitência durante esse tempo, privando-se de prazeres materiais para a purificação e renovação do espírito. Na Umbanda a privação é opcional de cada um; como tudo, não existe um padrão. Alguns terreiros trabalham apenas com a linha de esquerda, outros prosseguem com os trabalhos normalmente e alguns não funcionam durante todo o período. 
Em meu terreiro aprendi que deixar de trabalhar é besteira (e até perigoso) já que é justamente agora que mais necessitamos de amparo espiritual. Acredito que há muita coisa que não nos foi revelada pela espiritualidade sobre o que acontece realmente nessa época, mas tenho pra mim que o mal que atentou à Cristo, atenta a todos nós, de alguma forma. Para tanto devemos estar em vigília.

A cor que representa esse período é a roxa, que na Umbanda remetemos à Omolu, o grande pai da cura e transmutação, o Orixá que rege a passagem entre a vida e a morte - da matéria para o espírito e vice-versa. Dentre nossas orações na quaresma, devemos pedir a Omolu, principalmente, que nos ajude a evoluir, livrando-nos de nossos vícios, encerrando ciclos e iniciando outros (a passagem refere-se a qualquer encerramento e início, na verdade). A quaresma pode ser uma época de renovação para todos nós, sejamos umbandistas, católicos, evangélicos ou adeptos de outras religiões. Basta que nos lembremos do exemplo de Cristo: de tudo o que passou e de sua ressurreição na páscoa.
Que esse período seja de oração, resolução, evolução e renovação. Que Jesus e Omolu nos abençoe.

Orai e vigiai!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Afinal, quem são os Orixás?

Afinal, quem são os Orixás?
Imagem: Pintura dos Orixás. Reprodução / Google.
A visão que temos de Orixá hoje certamente é muito diferente da que tínhamos mais antigamente.
Isso não só porque a Umbanda evoluiu, mas principalmente porque NÓS evoluímos!
Falar de Orixá é fácil e é difícil.

Esse texto, como tudo que for postado por mim, representa a minha opinião.Tenho algumas referências, algumas inspirações, mas principalmente, representa a visão que eu tenho sobre nossos amados pais e mães.

Explicando o Orixá:
Segundo Iassan Pery em seu livro Umbanda: Mitos e Realidade, é preciso compreender que com a "criação" da Umbanda como forma de culto, houve uma condensação e absorção de vários Orixás do Candomblé, pois um dos objetivos da Umbanda é a simplicidade de culto e rito. Da própria vinda do ritual africano para o candomblé brasileiro muitos Orixás foram condensados, ou esquecidos.
Na Umbanda, os Orixás são complexos de energia manifestados na Terra através da força da natureza criada por Deus, ou seja, são qualidades divinas. São Tronos de Deus, são "pedaços" Dele. É correto apontá-los como divindades, pois de fato o são. Xangô é a Justiça Divina, é a qualidade da justiça de Deus. Ogum é a Lei Divina, é a qualidade da lei de Deus, e por aí vai.
Cada Orixá tem como representante uma força ou um reino da natureza específico e, consequentemente, com objetivos específicos para sua atuação aqui na Terra, e como a natureza, trabalham em absoluta e total harmonia entre si. Desdobram-se, confundem-se, transformam-se e conjungam-se de maneiras harmoniosamente simples e ao mesmo tempo complexas. Ao meu ver, não existem quizilas na Umbanda.

Compreendendo as lendas e seus aspectos negativos:
As lendas do Candomblé tem sua importância para que possamos compreender as características de suas energias e de seus filhos. Ao serem humanizados, compreendemos melhor os Orixás, mas entendemos que o Orixá é maior que tudo isso. Descrever é limitar, mas é essencial para a compreensão humana. 
Reconhecer o divino em cada centelha de vida no planeta é reconhecer Deus em suas "divisões", os Orixás. Partindo disso, compreendo o aspecto negativo de cada Orixá como a energia sagrada em desequilíbrio em nós mesmos, porque o Orixá por si só não haveria de possuir aspectos negativos, certo? Sendo energias emanadas diretamente do próprio Criador, são perfeitas e equilibradas. Acredito que essa energia se desequilibra em nós, por isso encontramos filhos de Nanã rabugentos, por exemplo. O Orixá que nos rege não haveria de nos influenciar negativamente, e acredito que é aí que entra nosso livre arbítrio, nosso esforço em busca do equilíbrio em todos os Orixás. Somos filhos de Deus, portanto de todos eles. 

Compreendendo a essência do Orixá e o que agrega em nós:
Precisamos, acima de tudo, compreender os Orixás e o que todos eles agregam em nossa vida (aliás, o que nós fazemos dessas energias). Temos sim nosso Orixá Ancestral e nosso Pai e Mãe regente da vida atual, mas temos, de todos, influências e fragmentos que estão presentes em todo nosso ser.
Temos a maior influência vinda de nosso Orixá de frente e a energia equilibradora do Adjuntó, em perfeita comunhão com a energia dos demais Orixás.
Eu, particularmente, cultuo igualmente meus Orixás regentes, sem privilegiar mais o de frente e menos o adjuntó. Como Orixás que me escolheram para filha, cultuo igualmente, pois para mim tem a mesma importância... Assim como o Orixá ancestral e todos os demais, a quem busco o equilíbrio que preciso.
Lembrei-me de um artigo do médium Nikolas Peripolli que li há algum tempo e muito me chamou a atenção, explicando bem a importância de se louvar não só os seus pais mas todos os Orixás e principalmente, compreender a essência de cada um deles e trazer isso a sua vida. Segue o trecho:

"Se estamos em uma religião, que tem toda a sua estrutura voltada para nossa evolução e ajuda ao próximo, a famosa caridade, que começa a partir de nosso íntimo e das pessoas que nos cercam e só depois para os outros irmãos, como podemos entender, cultuar ou sentir um Orixá apenas pelo lado automático ou litúrgico? O valor e a força de um Orixá está na sua vida igualmente como anda seus relacionamentos com quem está a sua volta."

E ainda:

"Repense o valor dos Orixás em sua vida, entenda que elas se humanizaram para nos auxiliar, nos ajudar em nossas evoluções, ou seja, tudo que eles emanam para nós deve ser absorvido e colocado em pratica no dia a dia, mas caso isso não aconteça, tente novamente, até sentir a real transformação na sua vida. Não adianta saber qual é a cor do Orixás, suas frutas, seus elementos litúrgicos, sua origem, se no seu dia a dia, você não “incorporou” os valores e sentimentos que eles enviam todos os dias até nós."

Compreender o Orixá é incorporar em si mesmo essa energia sagrada, equilibrando-a, sem deturpações e desculpas (como as famosas "sou assim, brigão, porquê sou filho de Ogum") e compreendendo que essas forças existem para a melhora do planeta. A maior quizila é a criada em sua própria mente!

Entendendo sua representação:
Orixá negro. Orixá branco. Oxum como Nossa Senhora Aparecida.
Não importa como você pense que o Orixá é, porque ele é da forma que você imaginar mesmo.
Nós nos acostumamos a ver o Orixá sincretizado ou o Orixá africanizado, mas o Orixá como energia divina, não tem uma forma específica, mas tem a forma que você der a ele, assim como a Deus em sua forma UNO.
O que é importante entender é que Oxum NÃO É Nossa Senhora Aparecida, a sincretização se fez necessária no Candomblé, onde os escravos africanos eram proibidos de cultuar qualquer entidade diferente dos santos católicos. Desta forma, os negros procuraram nos santos características parecidas com os seus Orixás, por isso comemoramos seus dias no mesmo dia dos santos, mas devo dizer: pára aí.
A Umbanda sendo uma religião cristã, agregou esse costume da sincretização, o que é perfeitamente normal e aceitável, mas o Orixá é um e o Santo é outro!
O Orixá negro da forma como é representado na figura do topo dessa postagem, é de acordo com a herança africana. Essa representação faz mais sentido já que a África é o berço do culto aos Orixás.
Com o tempo, artistas foram "clareando a pele" dos Orixás, e podemos ver aí, dentre tantos motivos, um reflexo de uma sociedade que ainda não aceita o negro (tema para outra postagem no futuro, não agora).
De qualquer forma, particularmente gosto da representação do Orixá africano e negro para reforçar essa origem e sobretudo, reforçar a igualdade de raças.

Entendendo seus símbolos:
Mesmo quando imaginamos os Orixás da forma que quisermos, ainda nos retemos a alguns símbolos a que são associados e representados, como por exemplo, o arco e flecha de Oxóssi.
Compreendemos Oxóssi como o Orixá do conhecimento, do direcionamento, o grande caçador das matas. Seu arco e flecha nos auxilia a compreender sua essência. É a ferramenta para a caça; o movimento da flecha sendo lançada é o direcionamento, a expansão, a ampliação do nosso conhecimento, sempre a frente, alcançando nosso alimento, nosso saber.
Os símbolos e ferramentas dos Orixás nos remete imediatamente a seu campo de atuação.
Quando pensamos no raio de Iansã, nos lembramos de sua força, sendo a mais guerreira das Orixás, de sua tempestade, de sua inquietação; Iansã é dona do movimento, por isso também o vento. Nela contém a força dos elementos, a energia sagrada que move tudo no planeta.

E por fim, entendendo a pluralidade da Umbanda na diferença do culto aos Orixás:
Algumas casas condensaram mais (ou menos) os Orixás, por isso vemos a diferença numérica entre os terreiros. Vemos terreiros que cultuam sete, nove, onze, catorze, dezesseis Orixás. Vemos ainda, terreiros que cultuam a qualidade dos Orixás separadamente, como Oxalá, Oxaguiã e Oxalufã ou Omolu e Obaluayê.
Cada terreiro tem sua visão, sua percepção, sua experiência. 
Vale ressaltar que os Orixás não deixam de existir por terem sido condensados, é só simplificação de rito. Tampouco multiplicam-se pelas suas qualidades. Temos em cada Orixá "diferentes facetas" dele mesmo, por isso é tão complexo defini-lo.

Olorum (Deus) em sua infinita particularidade é complexo demais para que entendamos, por isso o cultuamos separadamente e os chamamos de Orixás.
Simples... E complexo!
Como você os entende? Compartilhe sua opinião! :)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A Umbanda e o Carnaval

A Umbanda e o Carnaval
Imagem: Reprodução / Google
Boa tarde pessoal!

Vocês já pensaram nas consequências energéticas que o Carnaval traz quando não aproveitado com responsabilidade?
Já percebeu que nenhum terreiro trabalha no Carnaval?
Os terreiros deixam de trabalhar não por conta do descanso ou da diversão, mas por conta da condição energética em que esses dias se encontram. Explicando:
O carnaval, apesar de ser uma festa divertida para muitos, energeticamente falando é muito perigosa. Há uma degradação energética muito grande por causa do excesso de bebidas, drogas ilícitas e comportamento sexual exacerbado. A população, em sua maioria, vibra em uma energia mais densa, atraindo espíritos dessas faixas vibratórias, bem como vampiros astrais, propiciando fácil acesso às pessoas. Muitas vezes a fé e a firmeza são esquecidas nesse período.

Por conta disso, há um desgaste fora do comum para os terreiros, com a quantidade de espíritos das trevas atuando em cada pessoa. E para os médiuns, que ao abrir seus chakras para a incorporação dos Guias, energias contrárias podem tentar penetrar e assim, drenar de forma drástica as energias daquele médium, e consequentemente, de toda a corrente. Os Guias trabalham sim por nós, mas não há necessidade de todo esse desgaste; nem para eles e nem para nossa matéria.
Por isso é que os terreiros sempre reforçam: tomem cuidado com o carnaval!

A Umbanda não é uma religião que proíbe nem que inibe comportamentos, mas sempre alerta sobre cuidados que podem ser tomados para poder viver a vida com mais tranquilidade e responsabilidade, e é isso que venho trazer aqui. Seu corpo é seu templo, sua energia é sagrada, preserve-a.
Faça suas orações antes de sair de casa, mantenha-se alerta na rua. Peça proteção a seus Orixás e Guias, mas haja com responsabilidade pois eles ajudam se você fizer a sua parte. Carregue um patuá se achar necessário.
Além disso, existem os cuidados terrenos tão importantes quanto estes: evite beber até perder a consciência, se beber não dirija e use camisinha.

Paz e Luz!

P.S.: Esse artigo não pretende ser tendencioso, retratei o que de fato me foi revelado e o que percebi em minha experiência de terreiro! Livre arbítrio sempre!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Oferendas: mais responsabilidade, menos lixo

Oferendas: mais responsabilidade, menos lixo
Imagem: Reprodução / Google
Boa tarde irmãos!

Hoje o post é polêmico, divide opiniões mesmo entre os médiuns mais novos (pasmem!).
De uns anos pra cá a conscientização sobre o meio ambiente está, graças a Deus, se expandindo mais e mais. Não que signifique que todos estejam fazendo sua parte, porque temos muito o que fazer ainda para tentar transformar mentes atrasadas que insistem em dizer "não tô nem ai" ou "só o meu lixinho não atrapalha em nada". Mas o lixinho de milhões atrapalha muito, e o mesmo se aplica aos terreiros. Qual exemplo damos? Como esperamos credibilidade?
Não adianta criticar a turma que faz churrasco na cachoeira e deixa tudo pra trás (como garrafas, latas, embalagens, cigarros, etc.) se você não faz a sua parte nas oferendas.
Vamos começar explicando o que são as oferendas e para que servem, antes de entrar em seu formato ideal.

O que é uma oferenda e para quê serve?
Uma oferenda é uma oferta ao divino. Algo que se oferece aos Orixás e Guias em agradecimento, pedido (benéfico, é claro) ou aproximação.
Fazemos quando solicitado pela espiritualidade ou por vontade própria, quando se deseja agradecer por algo ou para se aproximar dessa energia divina, obter dela seu axé (força) para nossa própria evolução.
Nela são colocadas elementos naturais que serão manipulados pelo Orixá ou Guia a nosso favor.
Como disse Rodrigo Queiroz em seu artigo no site Umbanda, eu curto!:


"No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, o autor cita que 'o ato de fazer uma oferenda ritual a um Guia Espiritual em um ponto de força abre a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que atender.' Ele ainda complementa que “a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá (…)”

O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, elucida que 'na cosmogonia das religiões africanistas, especialmente a Iorubá, o ato de “arriar” uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida.'"

"Ah, mas o Guia e o Orixá não estão me ajudando no terreiro ou quando precisar?"
Sim. Mas ao se deslocar à natureza você se conecta com essas energias de forma completa. Nos terreiros temos sim a irradiação direta dos Orixás e Guias a nos ajudar, mas o ponto de força é parte da essência dos Orixás (pois dizer que o ponto de força é a essência completa seria, de certa forma, limitar a grandeza onipresente dos Orixás, já que são desdobramentos da Energia Superior, da energia de Olorum).
Ir até um ponto de força demonstra respeito, gratidão, força de vontade e fé.

O que vai numa oferenda e porque esses elementos são tão poderosos?
A oferenda é feita de elementos naturais. São eles as frutas, flores, comidas, bebidas, ervas, folhas e grãos.
Cada Orixá tem em cada elemento suas particularidades (ex: cerveja preta para Xangô, cerveja amarela para Ogum), e por aí vai para cada elemento.
A oferenda reúne parte desses elementos (ou todos eles) de forma harmônica; é depositado na natureza organizadamente. É montada com amor, não com o sentimento de obrigação. Pode-se acrescentar velas acesas em volta enquanto se reza e canta, e então retirá-las na hora de ir embora para que terminem de queimar em casa ou no terreiro.
Esses elementos são poderosos porque são naturais. Eles contêm a essência da natureza, e cada um (especificamente as frutas, flores, ervas, folhas e grãos) possui elementais que trabalham suas energias puras para nos beneficiar. Por isso, nenhuma oferenda nesse formato pode ser maléfica.

Rápida observação: esqueçam as oferendas que vão animais e sangue: essas são oferendas de espíritos trevosos, que não correspondem à Umbanda.

Sobre as oferendas de Umbanda, nem todos, infelizmente, compreendem que uma oferenda não necessita de mais nada além dos elementos naturais. Médiuns e consulentes insistem em inserir alguidares (potes de barro), garrafas de bebida (a bebida é um elemento, a garrafa não), toalhas, fitas, espelhos e toda quinquilharia material que acham estar agradando aos Orixás e Guias. Não faz sentido oferendar a natureza sujando-a!
Isso só serve para trazer danos ao meio ambiente. "Ah, mas os alguidares são de barro!", sim, são, mas quando quebrados podem machucar humanos e animais que andam por lá. Nada que traga benefício deve ser inserido, entendem?
"Mas se não posso usar alguidar e toalha para depositar os elementos, como vou forrar o chão?"
É agora que entra sua criatividade. Não é porque a oferenda já tem os elementos prescritos que não podemos usar mais algum para facilitar e porque não, embelezar.
O chão pode ser forrado com pétalas de flores brancas, folhas de bananeira (ou qualquer outra folha) ou mesmo cascas e grãos. Use a criatividade e sua intuição! E passe o exemplo pra frente.
Se seu terreiro não é assim, tente levar esses conceitos, converse com seu sacerdote.

Fazer uma oferenda sustentável atrai mais axé, é mais bonito e contribui para o planeta.
Respeite o Sagrado!

P.S.: Mais bonito ainda é levar um saco para recolher o lixo alheio do ponto de força, que tal? :)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Respeito ao Sagrado: Orientações aos novos (e antigos) entrantes

Respeito ao Sagrado: Orientações aos novos (e antigos) entrantes
Imagem: Reprodução / Google
Boa tarde pessoal!
Pensei muito no que seria a primeira postagem oficial do blog e me decidi postar essas oito orientações.
São primordiais para quem está chegando agora, para melhor entender como funciona uma casa de Umbanda. Também é importante para os velhos adeptos que se esqueceram dessas valiosas dicas, ou que as mantém apenas em seu terreiro, se esquecendo de que o terreiro do irmão merece tanto respeito quanto o seu. Ou mesmo para que seja um lembrete constante.

1) É um templo religioso como qualquer outro
Terreiro, Templo, Tenda, Centro, Casa, Núcleo. Não importa qual nome você dê, é um espaço religioso sagrado. Merece o mesmo respeito de uma igreja católica, templo budista ou qualquer espaço de outra religião. Peça licença aos Orixás e Guias desta casa e acomode-se em um lugar da sua escolha, destinado aos consulentes. Saiba que enquanto espera, a espiritualidade e a corrente de médiuns estão preparando a gira que irá acontecer. Tenha paciência e mantenha-se em silêncio. Aproveite para fazer orações mentais ou mesmo para descobrir o terreiro, apreciando o congá e entrando em sintonia com as vibrações.

2) Em tudo há fundamento
Em toda imagem, quartinha/quartilhão e outros objetos espalhados pelo terreiro, há um fundamento. Fundamento é uma causa ou motivo, alicerce, a reunião de conhecimentos de um sistema ou religião, ou seja: tudo tem um significado e um motivo por estar ali. São objetos consagrados desempenhando um objetivo (de proteger, energizar, sustentar, irradiar, etc). Não toque nesses objetos sem permissão.

3) Firmeza de pensamento é essencial
De nada adianta estar em um terreiro pensando nas várias outras coisas que poderia se estar fazendo. É importante estar ali de bom coração e por livre vontade, sem pressa para outros compromissos. Se você reservou esse tempo do seu dia para estar ali, esteja por inteiro. Ao contrário, isso não será benéfico para você (por mais que o trabalho seja maravilhoso). Vá para um terreiro com plena disposição, firme de pensamento e com muita fé. Verás o resultado.

4) Respeite as ritualísticas
Geralmente a abertura dos trabalhos pode ser um pouco longa mas tudo aquilo que é feito antes do tão esperado atendimento é essencial. A defumação, o batimento de cabeça, a oração e o cântico de pontos. Tudo tem um significado, conforme dito, e é importante respeitar esse momento. O que se faz na abertura da gira define como será o andamento dos trabalhos; quando bem preparado, o trabalho correrá bem. Aproveite para cantar os pontos e ser defumado, é um momento muito bacana e compensador.
Ficar descalço é algo que é pedido em muitos terreiros também ao adentrar na corrente (espaço onde os médiuns incorporam). O solo de um terreiro é um local sagrado, e as solas dos sapatos carregam sujeiras diversas, não só físicas. No momento em que você toca o chão descalço para ir tomar um passe, você já está enviando energias negativas ao solo que serão transmutadas e reenviadas a você, de forma positiva e energizadora. 

5) Respeite a entidade presente
Aquele Guia ou entidade que está ali, está única e exclusivamente para praticar o bem (qualquer coisa diferente disso não é Umbanda). Este espírito trabalha em prol da melhora do universo e está ali para ajudar você e todos as outras pessoas que buscam ajuda. Pense no que vai pedir, pense no que vai dizer, e saiba ouvir. Pode ser que hoje você não compreenda bem a mensagem que este Guia te passou, mas respeite e seja grato. Um dia você vai entender, aquilo vai lhe fazer muito sentido e você se lembrará deste humilde espírito que tanto te ajudou sem pedir nada em troca. Não teime, não discuta. Converse sadiamente e não tenha medo de expor seus problemas, o conteúdo da conversa nunca sairá dali.

6) Respeite as pessoas presentes na casa
Do sacerdote/pai de santo ao consulente sentado ao seu lado. Parece um pouco estranho pedir que as pessoas tenham bom senso e boa convivência, mas muitas vezes é necessário. Todos os membros da corrente, sem exceção, estão ali prestando a caridade, reservando horas do seu dia para que esse trabalho aconteça da melhor forma possível. E os outros consulentes estão ali buscando o mesmo que você: cura, melhora, amparo; seu problema não é maior que os dos outros, todos estão em pé de igualdade.
Esse tópico é importante ressaltar aos sacerdotes que pensam ser superiores aos demais. Um sacerdote deve sim ser respeitado por sua experiência e conhecimento, mas jamais deve ser arrogante. Ao adentrar um terreiro de um irmão, respeite as regras e rituais, você não é a máxima autoridade ali.

7) Cada terreiro é uma escola
Já frequentou outros terreiros e algumas coisas eram diferentes? Isso é normal.
Cada templo é uma escola diferente, com Guias Chefes e ensinamentos diferentes. Um terreiro pode ter como culto sete Orixás, outro nove, dez, catorze ou dezesseis. Uma ou mais giras em um dia. Estrutura de trabalho diferenciada, rituais exclusivos. Não existe errado, existe diferente (dentro de conceitos umbandistas básicos de forma geral). Cada casa tem uma forma de conduzir sua doutrina e toda linha de conhecimento é válida; respeite. Mesmo que ali não seja seu "lugar para ficar", respeite e tente aprender ao máximo com essa forma de Umbanda que se desdobra em sua experiência. A Umbanda é múltipla, é plural, por isso é tão rica e fascinante.

8) A Umbanda não é um balcão de negócios
A Umbanda existe para a prática da caridade para o melhoramento do mundo. Peça para você o que agrega melhora e evolução em sua essência, não futilidades. O objetivo de qualquer religião é de aproximar o ser humano do divino (Deus, Olorum, Tupã, Zambi, Krishna, etc.) e fazer dele uma pessoa melhor. Desta forma, peça coisas que te engrandeça e auxilie em sua caminhada na Terra. Peça a cura, peça a transformação de sentimentos negativos, peça amparo em seus medos e traumas. Peça proteção. Peça a capacidade de amar, de respeitar, de ser mais tolerante com o próximo. Peça esclarecimento mental para que você chegue a uma solução de seus problemas do mundo físico; entraves, injustiças, conflitos, etc. Peça que toda demanda seja desmanchada, e apenas desmanchada, pois você tem a consciência de que a lei divina cuidará do retorno correto.
Melhore, evolua e saiba que tudo tem seu tempo certo de acontecer, tudo vai se ajustando conforme a sua necessidade e merecimento. E só o Criador, através dos Orixás e Guias, sabe a hora certa de tudo acontecer. Lute por isso e seja grato e o que você busca em um terreiro acontecerá.

Paz e luz!
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