sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Oferendas: mais responsabilidade, menos lixo

Oferendas: mais responsabilidade, menos lixo
Imagem: Reprodução / Google
Boa tarde irmãos!

Hoje o post é polêmico, divide opiniões mesmo entre os médiuns mais novos (pasmem!).
De uns anos pra cá a conscientização sobre o meio ambiente está, graças a Deus, se expandindo mais e mais. Não que signifique que todos estejam fazendo sua parte, porque temos muito o que fazer ainda para tentar transformar mentes atrasadas que insistem em dizer "não tô nem ai" ou "só o meu lixinho não atrapalha em nada". Mas o lixinho de milhões atrapalha muito, e o mesmo se aplica aos terreiros. Qual exemplo damos? Como esperamos credibilidade?
Não adianta criticar a turma que faz churrasco na cachoeira e deixa tudo pra trás (como garrafas, latas, embalagens, cigarros, etc.) se você não faz a sua parte nas oferendas.
Vamos começar explicando o que são as oferendas e para que servem, antes de entrar em seu formato ideal.

O que é uma oferenda e para quê serve?
Uma oferenda é uma oferta ao divino. Algo que se oferece aos Orixás e Guias em agradecimento, pedido (benéfico, é claro) ou aproximação.
Fazemos quando solicitado pela espiritualidade ou por vontade própria, quando se deseja agradecer por algo ou para se aproximar dessa energia divina, obter dela seu axé (força) para nossa própria evolução.
Nela são colocadas elementos naturais que serão manipulados pelo Orixá ou Guia a nosso favor.
Como disse Rodrigo Queiroz em seu artigo no site Umbanda, eu curto!:


"No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, o autor cita que 'o ato de fazer uma oferenda ritual a um Guia Espiritual em um ponto de força abre a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que atender.' Ele ainda complementa que “a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá (…)”

O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, elucida que 'na cosmogonia das religiões africanistas, especialmente a Iorubá, o ato de “arriar” uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida.'"

"Ah, mas o Guia e o Orixá não estão me ajudando no terreiro ou quando precisar?"
Sim. Mas ao se deslocar à natureza você se conecta com essas energias de forma completa. Nos terreiros temos sim a irradiação direta dos Orixás e Guias a nos ajudar, mas o ponto de força é parte da essência dos Orixás (pois dizer que o ponto de força é a essência completa seria, de certa forma, limitar a grandeza onipresente dos Orixás, já que são desdobramentos da Energia Superior, da energia de Olorum).
Ir até um ponto de força demonstra respeito, gratidão, força de vontade e fé.

O que vai numa oferenda e porque esses elementos são tão poderosos?
A oferenda é feita de elementos naturais. São eles as frutas, flores, comidas, bebidas, ervas, folhas e grãos.
Cada Orixá tem em cada elemento suas particularidades (ex: cerveja preta para Xangô, cerveja amarela para Ogum), e por aí vai para cada elemento.
A oferenda reúne parte desses elementos (ou todos eles) de forma harmônica; é depositado na natureza organizadamente. É montada com amor, não com o sentimento de obrigação. Pode-se acrescentar velas acesas em volta enquanto se reza e canta, e então retirá-las na hora de ir embora para que terminem de queimar em casa ou no terreiro.
Esses elementos são poderosos porque são naturais. Eles contêm a essência da natureza, e cada um (especificamente as frutas, flores, ervas, folhas e grãos) possui elementais que trabalham suas energias puras para nos beneficiar. Por isso, nenhuma oferenda nesse formato pode ser maléfica.

Rápida observação: esqueçam as oferendas que vão animais e sangue: essas são oferendas de espíritos trevosos, que não correspondem à Umbanda.

Sobre as oferendas de Umbanda, nem todos, infelizmente, compreendem que uma oferenda não necessita de mais nada além dos elementos naturais. Médiuns e consulentes insistem em inserir alguidares (potes de barro), garrafas de bebida (a bebida é um elemento, a garrafa não), toalhas, fitas, espelhos e toda quinquilharia material que acham estar agradando aos Orixás e Guias. Não faz sentido oferendar a natureza sujando-a!
Isso só serve para trazer danos ao meio ambiente. "Ah, mas os alguidares são de barro!", sim, são, mas quando quebrados podem machucar humanos e animais que andam por lá. Nada que traga benefício deve ser inserido, entendem?
"Mas se não posso usar alguidar e toalha para depositar os elementos, como vou forrar o chão?"
É agora que entra sua criatividade. Não é porque a oferenda já tem os elementos prescritos que não podemos usar mais algum para facilitar e porque não, embelezar.
O chão pode ser forrado com pétalas de flores brancas, folhas de bananeira (ou qualquer outra folha) ou mesmo cascas e grãos. Use a criatividade e sua intuição! E passe o exemplo pra frente.
Se seu terreiro não é assim, tente levar esses conceitos, converse com seu sacerdote.

Fazer uma oferenda sustentável atrai mais axé, é mais bonito e contribui para o planeta.
Respeite o Sagrado!

P.S.: Mais bonito ainda é levar um saco para recolher o lixo alheio do ponto de força, que tal? :)

2 comentários:

  1. Olá Cris,
    achei o seu post muito interessante e comungo da mesma ideia... Fico feliz de saber que não estamos sós mesmos em um assunto tão conservador
    Toda religião deve evoluir e estas ideias fazem parte deste processo...
    Perseverança no seu proposito e muito Axe!!!
    Bia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bia, gratidão pelo comentário!
      E concordo com você, as oferendas ainda são um tabu muito grande na religião. Acredito que com a nova geração de médiuns e praticantes da Umbanda isso vá, aos poucos, melhorando! Tanta coisa acontecendo, tantos de nós nos dedicando com afinco e amor... Perseverança é a palavra! Logo logo tudo se encaixa e mesmo os mais velhos verão que menos é mais!
      Abraços e axé minha irmã!!

      Excluir

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