segunda-feira, 28 de março de 2016

Sexualidade e Gênero na Umbanda: Parte 2

Sexualidade e Gênero na Umbanda: Parte 2 Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Essa é a continuação da primeira postagem sobre sexualidade e gênero na Umbanda (para ler a primeira, clique aqui).
Apresentado os conceitos e desconstruído alguns mitos, continuo agora com explicações sobre a visão da Umbanda sobre o sexo, troca energética e o reflexo da mediunidade. Vamos lá!


Visão do Sexo na Umbanda
O sexo é tão parte da vida quanto o oxigênio que respiramos. Não é visto como algo sujo nem pecaminoso, como algumas vertentes religiosas sugerem. Se Deus nos criou assim, com a capacidade de amar e expressar nosso amor através do sexo, porquê haveria de ser errado?
Ainda que o sexo seja feito livre de emoções profundas, é importante haver respeito e consentimento de ambas as partes.
Nas palavras de Alexandre Cumino: "... podemos definir o sexo (biológico), o corpo (soma), como masculino ou feminino. O que independe da natureza do espírito, da alma (ancestral), que também é masculina ou feminina. O mais comum é que espíritos de natureza feminina encarnem em corpos de natureza feminina e que corpos de natureza masculina encarnem em corpos de natureza masculina. Mas também é possível encarnar em corpos com o sexo diferente de sua natureza, ou seja: espírito de natureza feminina encarnado em corpo masculino e espírito de natureza masculina encarnado em corpo feminino. Assim, podemos verificar que há: mulheres com natureza masculina e homens com natureza feminina. ... As pessoas não se atraem apenas por uma questão sexual de polaridade. As pessoas também são atraídas por sentimentos de afetividade, admiração e sensualidade. Muitos amam e querem trocar amor, carinho e convivência com outras pessoas, independente do sexo ou de sua natureza. Quanto aos rótulos de homossexual, homoafetivo, heterossexual, transexual e outros são apenas títulos utilizados na tentativa de classificar o comportamento humano. Para a Umbanda, o que importa é o amor, o sentimento, o carinho, a afetividade, a convivência e, claro, o respeito."


Vícios e desequilíbrios
Fazer sexo com muitas pessoas diferentes com frequência pode ser considerado um desequilíbrio. Não que seja necessariamente errado, não é. Você, e somente você, sabe o que é bom para si mesmo, você é o dono do seu corpo, e mais ninguém. Mas é sabido que cada pessoa tem uma energia diferente, cada pessoa está situada em uma faixa vibratória. Podemos nos relacionar com pessoas de faixas elevadíssimas e outras nem tanto; energias positivas e negativas. E todas essas diferentes energias nos influenciam de algum modo. Afinal, se com simples apertos de mão já ocorre troca energética, imagina em uma relação sexual!
Portanto, a única mensagem é: cautela. Estamos sujeitos até mesmo à vampiros astrais. Entregar-se à uma vivência sexual desmedida pode trazer danos à essa energia sagrada que é a energia sexual e de nossa energia como um todo;

"Sexo é energia de troca entre o fluir de dois sistemas de energia. Sexo é a troca de poder, um dando ao outro e um recebendo do outro.
Sexualidade é uma expressão que move a força sexual, que permeia e absorve, que impulsiona e acolhe, que funde e separa. É um processo de vincular, de tornar um com o outro. A mais alta expressão do ato sexual acontece quando o seu Eu Superior funde-se com o seu parceiro. A baixa expressão do ato sexual acontece quando é praticado meramente para alívio físico ou interesse que não seja o amor.
O sexo pode ligar os corpos físico, emocional, mental e espiritual num só corpo. Através dessa conexão com a sexualidade que forças profundas de sentimento dentro de nós se encontra com o Grande Espírito dentro de nós."


Preceito e mediunidade
"– Se o sexo é benéfico e divino, porque tenho de fazer preceito no dia do trabalho e nos rituais?"
Porque quando nos relacionamos sexualmente com alguém, há uma troca intensa de energia, conforme dito acima, além do desgaste físico. Não é nada relacionado à impureza, mas sim, a uma outra energia misturada à sua, por mais positiva que seja. Para os trabalhos, é recomendável que haja, sim, abstinência para que a energia do médium se afinize perfeitamente à energia do Guia. Além disso, nossa vibração estará inteiramente focada no trabalho a ser realizado, além da "cabeça estar firmada" somente nesse propósito (e não no prazer sentido, na lembrança do ato). Outro fator é o cansaço pós gira; nada de energia drenada além da conta.
Além disso, para outros rituais o preceito também se faz necessário para que os elementos envolvidos possam agir com todo o potencial, além de facilitar a transmutação feita pelas Entidades.


Amor, respeito e bom senso
Toda união deve ser pautada em amor, respeito e consentimento. Bom senso, como eu canso de dizer aqui no blog, é regra. Pedofilia e outros distúrbios sexuais são atos de violência, assim como agressões sexuais. Não correspondem à Criação, não correspondem ao Amor, ao Respeito e à Lei Divina. Nenhuma argumentação é válida para tais atos.
"O que é bom e faz bem ao ser humano é amar e ser amado de uma forma saudável. Onde, como e com quem, é da conta apenas de quem está amando, e ninguém além de você mesmo pode saber onde encontrar este amor. Todos são livres para trocar carinho e afetividade, que faz bem para a saúde emocional, psicológica, hormonal e afetiva. O amor não tem sexo, a alma tem uma natureza, mas somos todos livres para trocarmos amor com quem queiramos.
Quem ama não agride!"



Nada feito com amor e respeito pode ser mau visto. Elimine seu preconceito, discuta sobre este assunto com outras pessoas. E deixe sua opinião aqui nos comentários!

Axé!


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Fontes:

- Recomendo o curso Sexualidade e Mediunidade ministrado no site Umbanda EAD. Não está disponível no momento (na data desta postagem), mas a plataforma costuma trazer cursos antigos de volta.
- Recomendo um estudo mais aprofundado sobre as questões de gênero e sexualidade.

terça-feira, 22 de março de 2016

Sexualidade e Gênero na Umbanda: Parte 1

Sexualidade e Gênero na Umbanda: Parte 1 Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Esse é um tema polêmico mesmo nos dias de hoje. Sabemos que a Umbanda não segrega ninguém, e isso pode se comprovar na própria Carta Magna da Umbanda, itens 7 e 14, respectivamente:
"7. A Umbanda é uma religião sincrética fruto da cultura religiosa de três segmentos: branco do elemento europeu, colonizador; negro – escravizado na África para laborar na terra e o indígena que já ocupava esta terra, portanto, não admite qualquer forma de preconceito, discriminação ou intolerância" e "14. A Umbanda será sempre uma casa de portas abertas para todos". Certo?
Mas ainda resta explicar melhor sobre as formas de identificação de gênero e as orientações sexuais. Acredito ser um assunto mais abrangente e que deve ser discutido, então venho hoje explicar esses aspectos, dentro do meu conhecimento atual (baseado apenas em leituras e conversas) amparada por textos umbandistas e educacionais. Separei em duas partes pra não ficar muito grande e cansativo. Vamos lá!


Gênero
Os gêneros feminino e masculino são muito mais do que simplesmente nascer com órgãos sexuais femininos ou masculinos. Ser mulher é se identificar como mulher, e ser homem é a mesma coisa. Quando você nasce sendo de um gênero x e se identifica com esse gênero x, tudo é mais fácil perante a sociedade, mas nem sempre é assim. Repare que aqui estamos falando apenas sobre gênero e não sexualidade.
Desta forma, temos as pessoas:

Cisgênero: significa 'do mesmo lado'. A pessoa cis é aquela que reivindica ter o mesmo gênero que o que lhe registraram quando ela nasceu. Sendo assim, a mulher cis é aquela pessoa que nasceu e foi registrada mulher e se reivindica mulher. O homem cis é aquela pessoa que nasceu e foi registrado homem e se reivindica homem.

Transgênero: significa 'além de', também é usado por muitas pessoas como abreviação para transexual e por outras para transgênero. Trans é aquela pessoa que se reivindica com um gênero diferente do que lhe registraram - há também quem diga que nesse grupo abarca-se as pessoas com papel de gênero divergente do imposto de acordo com sua identidade de gênero. A mulher trans ou transexual é aquela pessoa que nasceu e foi registrada homem porém se reconhece mulher, e vice-versa. 

Identidade de gênero não tem nada a ver com roupas e cirurgias de troca de sexo. Ser mulher e identificar-se como homem não quer dizer que esse homem sentirá atração por mulheres. Muitas vezes, o homem trans se vincula emocionalmente com homens, ainda que sua identidade de gênero seja diferente daquela identificada em seu nascimento, por exemplo.

"Ah! Mas é complicado... O que devo fazer?"
Nada. Você não precisa fazer nada. Ser cis ou trans é uma questão pessoal, você precisa apenas respeitar. No terreiro, como médium de uma corrente, você respeita, só isso. Se o Paulo se identificar como pessoa trans e quiser ser chamado de Ana, você a tratará como mulher (porque a pessoa se identifica como mulher) e usará o nome que a mulher deseja, Ana.
Você, como sacerdote, fará tudo isso e ainda tratará de romper preconceitos dentro (e fora) do seu terreiro, estudando e disseminando os conceitos corretos.
Respeito é regra na vida!

"– Eu não aceito isso em meu terreiro!"
Então você não aceita o fundamento básico da Umbanda de receber a todos sem distinção, não aceita o que aprendeu com a espiritualidade e não aceita a vida como ela é.
Você pode achar esquisito? Pode. Você pode achar confuso? Pode. Mas não pode desrespeitar essa pessoa e lhe tolher direitos, jamais. Não se esqueça que o corpo é apenas uma casca, nós não somos corpo. Somos alma.

No aspecto social, temos o sistema de preconceitos e privilégios de um sexo sobre outro, mas isso não se aplica na Umbanda, ou não deveria se aplicar. Perante a espiritualidade reina a igualdade dos gêneros; não importa se à frente de um terreiro está um homem ou uma mulher, ou ambos. Não importa se uma corrente tem mais mulheres do que homens, e vice-versa. Apenas importa o propósito pelo qual àquele terreiro foi fundado. Os fundamentos da Umbanda são respeitados? A caridade fala mais alto que a vaidade e o orgulho? Todos estão ali, em amor e respeito a Deus, Orixás e Guias Espirituais? Se a resposta for sim, está tudo certo. Não existe regra de comportamento nem subordinação da mulher cis ou trans.
Ou como eu disse, não deveria existir.
Qual é a diferença entre um Caboclo e uma Cabocla? Exu e Pomba Gira? Repare que em todas as linhas de trabalho temos os dois gêneros, o feminino e o masculino. Toda Preta Velha faz o que um Preto Velho faz. Toda Pomba Gira faz o que um Exu faz.
Aliás, a Pomba Gira é vista como o símbolo máximo do feminino e do poder de igualdade de uma mulher. A Pomba Gira surgiu como forma de resistência em uma época que a mulher era ainda mais subjugada. Perceba que a própria Umbanda planeja suas linhas de trabalho de forma a promover a igualdade e reduzir o preconceito.


Sexualidade
A sexualidade é algo que independe de gênero. A maioria das religiões pregam que um homem só deve se relacionar com uma mulher, e qualquer coisa diferente disso é pecado, é uma anomalia.
Na Umbanda, possuímos o conhecimento de que se um relacionamento é construído em cima do amor e do respeito, é válido, embora saibamos que nem todos os adeptos pensem assim. Vale notar que o sufixo correto é dade (que remete à qualidade, estado) e não ismo (que remete à doutrina, doença, sistema político). Desta forma temos:

Heterossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo sexo oposto.

Homossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo mesmo sexo (gays e lésbicas). Para o espírito Emmanuel, “a homossexualidade é a tendência do ser para a comunhão afetiva com outro ser do mesmo sexo... A "inversão‟ não é somente quanto ao relacionamento sexual. Trata-se de vínculo emocional e afetivo”.

Bissexualidade: aquele que sente atração e afeição por ambos os sexos.

Assexualidade: ausência de atração sexual, independente do sexo. O que não inclui falta de afeição. O sentimento de amor e a atração sexual não estão necessariamente associados. Por isso, da mesma forma que muitos praticam relações sexuais sem amarem seus parceiros, é possível amar alguém sem que se queira relacionar-se sexualmente com a pessoa, e é caso que ocorre muitas vezes com os assexuais.

Precisamos entender que as preferências sexuais do outro não nos diz respeito. As pessoas têm medo/raiva de uma coisa que sequer as atinge. Se você é contra as relações homossexuais, por exemplo, não se relacione com pessoas do mesmo sexo, é simples. Como falei mais acima, respeito é regra e usurpação de direito é crime. Além de que nenhuma orientação sexual define caráter e moral.
A conduta dos demais membros de um terreiro deve ser a mesma, dentro e fora do terreiro. Novamente (porquê reforçar nunca é demais): respeito é regra na vida.


Gênero e Sexualidade se escolhe?
Não. Já se nasce com uma identificação específica para um gênero (sem necessariamente corresponder com o sexo de nascimento) e uma orientação sexual.
Algumas correntes de estudo da espiritualidade afirmam que nós, antes de nascermos, além de estarmos cientes de nossa missão e de vislumbrarmos alguns aspectos de nossa vida, podemos escolher algumas particularidades visando a evolução da pessoa enquanto encarnada. Dentre elas, a sexualidade. Mas perceba que o espírito, uma vez encarnado, possui essa particularidade a lhe acompanhar por toda a vida.
E entrando no campo da lógica... Quem escolheria ser segregado, hostilizado pela sociedade, somente pelo bel prazer da polêmica? Quem sacrificaria desejos e afeições reais só para provocar o sistema? Quem escolheria sentir na pele o repúdio e a violência de uma sociedade intolerante que caminha ainda tão devagar na reforma do pensamento tradicional e patriarcal?
É só pensar.

Na próxima postagem continuamos esse assunto. Enquanto isso, deixe aí nos comentários sua opinião!
Axé!

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Fontes:
- Recomendo o curso Sexualidade e Mediunidade ministrado no site Umbanda EAD. Não está disponível no momento (na data desta postagem), mas a plataforma costuma trazer cursos antigos de volta.
- Recomendo um estudo mais aprofundado sobre as questões de gênero e sexualidade.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Vaidade Mediúnica

Vaidade Mediúnica Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
A vaidade mediúnica está mais presente nos templos de Umbanda do que se pode imaginar. Ouso dizer que são poucos os membros de uma corrente que são completamente isentos de qualquer vaidade.  E é claro que os Guias sabem disso, não pense que eles fazem vista grossa perante nossos defeitos. Mas é como li num texto uma vez, se um Guia "expulsar" um médium de um terreiro por conta disso, talvez não sobre nenhum.
Justamente por sabermos disso é que precisamos por a mão na consciência regularmente, entender nossas ações e corrigi-las. Na Umbanda, a evolução precisa ser constante. Não importa o ritmo, o importante é ir caminhando, sempre.
Sendo assim. deixo aqui alguns questionamentos para reflexão:

– Você acha que os seus Guias são melhores do que os dos outros?
– Classifica os Guias entre "fortes" e "tranquilinhos"?
– Refere-se a seu Guia como SEU mesmo, tem posse?
– Fica bravo quando um Guia seu não faz algo que, para você, seria o certo diante de uma situação x (no caso de médiuns conscientes)?
– Sente um prazer misto de orgulho em saber que trabalha com um Guia cujo nome é conhecido na Umbanda (como Jurema, Maria Padilha, Tranca Ruas, Zé Pelintra)?
– Trata os médiuns iniciantes com desdém e/ou sarcasmo?
– Se diverte quando alguém da corrente comete um erro?
– Acha que ser filho de Ogum é melhor que ser filho de Omolu, por exemplo?
– Só tem respeito pelas entidades dos dirigentes (e não pelas entidades de qualquer pessoa)?
– Só aparece no terreiro pra trabalhar e não ajuda em quase nada (considerando que você não possui nenhuma limitação física)?
– Se sente inferior limpando o terreiro que faz parte?
– Acha que seu Guia não chama a atenção o suficiente (não "trabalha bonito")?
– Sente que seus dirigentes não lhe dão a liberdade necessária para todo o potencial que você acredita possuir?
– Quando um irmão da corrente é elogiado e você não, você se sente injustiçado e fica bravo?
– Acha que é mais evoluído porque estuda mais que outros irmãos?
– Estuda o máximo que pode mas não compartilha nada (no fundo por medo de que os outros saibam mais que você)?
– Pensa que você, que faz muito pelo seu terreiro, é mais merecedor de bênçãos que seu irmão, que, na sua opinião, faz pouco pela casa?
– Se sente poderoso por ter mediunidade?
– Se sente mais evoluído espiritualmente por ser umbandista (e médium de incorporação)?
– Acredita ser o condutor da salvação das pessoas através da religião de Umbanda?

E complementando...
É importante lembrar que a vaidade, quando exacerbada, altera o canal de comunicação e a recepção das energias dos Orixás e Guias do médium. As manifestações vão se tornando cada vez mais rasas, até o médium estar, talvez inconscientemente, praticando a mistificação; tomado pelo hábito da incorporação, sem mais sentir o mesmo que sentia antes, passa a ter o controle dos atendimentos.
Sim, a vaidade atinge mais frequentemente os médiuns iniciantes, e é normal se sentir deslumbrado com todas a novidade que a Umbanda proporciona. É aí que entra o trabalho do dirigente, que com toda a paciência e seriedade, mostrará o caminho correto para esse filho. Mas, nós bem sabemos da quantidade de médiuns experientes sendo alimentados pelo ego inflado também, anos à fio, em toda sua vida mediúnica. Não permita que a vaidade transforme sua mediunidade, uma ferramenta de evolução, em um veículo de engrandecimento do ego, da degradação espiritual.
Sejamos sempre instrumentos de caridade com humildade, respeito e muito amor. É só isso que os Orixás e Guias esperam de nós.

Orai e vigiai!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Religião e Incoerência

Religião e Incoerência Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução / Google
Sempre vejo umbandistas reclamando sobre a atitude de pessoas de outras religiões com relação à nossa. Também vejo umbandistas criticando outras formas de crença, desdenhando e criticando seus fieis.
Quem nunca criticou nadinha sequer sobre alguma igreja evangélica?
Quem nunca criticou dogmas da igreja católica?
Quem nunca pensou que a Umbanda é a mais correta das religiões?
Quem nunca...?

Bom, esse post vai pra todos os Umbandistas mesmo, porque acho que não escapou unzinho desses e outros questionamentos.
E eu espero que todos entendam que quando eu faço essas postagens de reflexão/"descida de lenha", eu me incluo em todas. A minha intenção é que isso também seja um tapa na minha cara, pra que eu melhore no que faço de errado e evite errar no que faço certo. 

Então vamos lá:

– Ser umbandista não te faz melhor que ninguém. Não te torna mais evoluído por ter algum conhecimento sobre a espiritualidade, não te torna mais sensato, não te torna absolutamente nada;
– Não existe religião mais correta e perfeita. Todas elas tem o propósito de religar-se à Criação, de explicar a espiritualidade com base numa crença específica e de auxiliar as pessoas em sua evolução espiritual. Do contrário é seita e talvez tenha objetivos obscuros, que não trazem nada de bom a seus seguidores;
– Existem pessoas boas e más dentro das religiões (qualquer uma). Religiosos não são automaticamente boas pessoas por conta disso;
– Pensar, então, que ateístas são más pessoas também não faz o menor sentido;
– Você deve respeitar qualquer tipo de manifestação religiosa, incluindo a não-religiosidade;
– Nem todo ateu teve uma experiência religiosa ruim, então não tente arrastá-lo para a Umbanda acreditando que ele "ainda não viu o que é bom de verdade";
– Não adianta ficar bravinho quando um evangélico critica a Umbanda se você também critica os Evangélicos;
– Em 90% dos casos nunca é o diabo e/ou a kiumba o causador de males na sua vida, mas sim consequências das escolhas que você faz;
– Não critique o uso constante da saia de uma evangélica se toda sexta feira você só veste branco em respeito a Oxalá;
– Preceitos existem em todas as religiões;
– Se alguma religião se vale de uma doutrina exigente e você não concorda com isso, está tudo bem. Vai ter alguém que concorda e viva isso, e você não tem que interferir nisso;
– Criticar o Candomblé por utilizar o sacrifício animal e consumir alimentos/vestuário de origem animal não faz sentido algum. No Candomblé, o animal é muito bem cuidado e quando sacrificado, é feito de forma limpa e da forma mais indolor possível. Todo o animal é aproveitado, sua carne alimenta a comunidade. A carne do dia a dia (bem como o leite e outros alimentos) e o vestuário de pele legítima foram produzidos de forma cruel, desumana, visando apenas o lucro das grandes corporações (uma rápida pesquisa na internet prova isso);
– Criticar quem polui o meio ambiente e fazer oferenda com garrafas, latas, potes e outros materiais não é coerente;
– A caridade não acaba no terreiro, tampouco é a única forma de fazê-la na Umbanda;
– Respeitar o livre arbítrio alheio é pra todas as horas, e não apenas nas que convém;
– Reclamar da pouca visibilidade da Umbanda e na hora da apuração do Censo ou de conversa entre amigos dizer que é de outra religião por medo ou vergonha, não ajuda em nada. A Umbanda precisa de voz, de aceitação social, de adeptos engajados na desmistificação dos conceitos criados pelos preconceituosos (por isso, também, é tão importante estudar e conhecer a nossa religião);
– Todos seremos cobrados pelos nossos erros. A Lei Maior agirá com justiça e sabedoria sobre todos, ninguém será aliviado por motivos de religião (portanto, se converter para ser salvo não adiantará muita coisa rs).


Fanáticos religiosos existem aos montes, na Umbanda não seria diferente. Façamos todos uma reforma mental; antes de julgar, devemos nos avaliar. Refletir. E como sempre, usar e abusar do bom senso!

Paz e luz!


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