Imagem: Reprodução/Google |
"7. A Umbanda é uma religião sincrética fruto da cultura religiosa de três segmentos: branco do elemento europeu, colonizador; negro – escravizado na África para laborar na terra e o indígena que já ocupava esta terra, portanto, não admite qualquer forma de preconceito, discriminação ou intolerância" e "14. A Umbanda será sempre uma casa de portas abertas para todos". Certo?
Mas ainda resta explicar melhor sobre as formas de identificação de gênero e as orientações sexuais. Acredito ser um assunto mais abrangente e que deve ser discutido, então venho hoje explicar esses aspectos, dentro do meu conhecimento atual (baseado apenas em leituras e conversas) amparada por textos umbandistas e educacionais. Separei em duas partes pra não ficar muito grande e cansativo. Vamos lá!
Gênero
Os gêneros feminino e masculino são muito mais do que simplesmente nascer com órgãos sexuais femininos ou masculinos. Ser mulher é se identificar como mulher, e ser homem é a mesma coisa. Quando você nasce sendo de um gênero x e se identifica com esse gênero x, tudo é mais fácil perante a sociedade, mas nem sempre é assim. Repare que aqui estamos falando apenas sobre gênero e não sexualidade.
Desta forma, temos as pessoas:
Cisgênero: significa 'do mesmo lado'. A pessoa cis é aquela que reivindica ter o mesmo gênero que o que lhe registraram quando ela nasceu. Sendo assim, a mulher cis é aquela pessoa que nasceu e foi registrada mulher e se reivindica mulher. O homem cis é aquela pessoa que nasceu e foi registrado homem e se reivindica homem.
Transgênero: significa 'além de', também é usado por muitas pessoas como abreviação para transexual e por outras para transgênero. Trans é aquela pessoa que se reivindica com um gênero diferente do que lhe registraram - há também quem diga que nesse grupo abarca-se as pessoas com papel de gênero divergente do imposto de acordo com sua identidade de gênero. A mulher trans ou transexual é aquela pessoa que nasceu e foi registrada homem porém se reconhece mulher, e vice-versa.
Identidade de gênero não tem nada a ver com roupas e cirurgias de troca de sexo. Ser mulher e identificar-se como homem não quer dizer que esse homem sentirá atração por mulheres. Muitas vezes, o homem trans se vincula emocionalmente com homens, ainda que sua identidade de gênero seja diferente daquela identificada em seu nascimento, por exemplo.
"– Ah! Mas é complicado... O que devo fazer?"
Nada. Você não precisa fazer nada. Ser cis ou trans é uma questão pessoal, você precisa apenas respeitar. No terreiro, como médium de uma corrente, você respeita, só isso. Se o Paulo se identificar como pessoa trans e quiser ser chamado de Ana, você a tratará como mulher (porque a pessoa se identifica como mulher) e usará o nome que a mulher deseja, Ana.
Você, como sacerdote, fará tudo isso e ainda tratará de romper preconceitos dentro (e fora) do seu terreiro, estudando e disseminando os conceitos corretos.
Respeito é regra na vida!
Respeito é regra na vida!
"– Eu não aceito isso em meu terreiro!"
Então você não aceita o fundamento básico da Umbanda de receber a todos sem distinção, não aceita o que aprendeu com a espiritualidade e não aceita a vida como ela é.
Você pode achar esquisito? Pode. Você pode achar confuso? Pode. Mas não pode desrespeitar essa pessoa e lhe tolher direitos, jamais. Não se esqueça que o corpo é apenas uma casca, nós não somos corpo. Somos alma.
No aspecto social, temos o sistema de preconceitos e privilégios de um sexo sobre outro, mas isso não se aplica na Umbanda, ou não deveria se aplicar. Perante a espiritualidade reina a igualdade dos gêneros; não importa se à frente de um terreiro está um homem ou uma mulher, ou ambos. Não importa se uma corrente tem mais mulheres do que homens, e vice-versa. Apenas importa o propósito pelo qual àquele terreiro foi fundado. Os fundamentos da Umbanda são respeitados? A caridade fala mais alto que a vaidade e o orgulho? Todos estão ali, em amor e respeito a Deus, Orixás e Guias Espirituais? Se a resposta for sim, está tudo certo. Não existe regra de comportamento nem subordinação da mulher cis ou trans.
Ou como eu disse, não deveria existir.
Qual é a diferença entre um Caboclo e uma Cabocla? Exu e Pomba Gira? Repare que em todas as linhas de trabalho temos os dois gêneros, o feminino e o masculino. Toda Preta Velha faz o que um Preto Velho faz. Toda Pomba Gira faz o que um Exu faz.
Aliás, a Pomba Gira é vista como o símbolo máximo do feminino e do poder de igualdade de uma mulher. A Pomba Gira surgiu como forma de resistência em uma época que a mulher era ainda mais subjugada. Perceba que a própria Umbanda planeja suas linhas de trabalho de forma a promover a igualdade e reduzir o preconceito.
Sexualidade
A sexualidade é algo que independe de gênero. A maioria das religiões pregam que um homem só deve se relacionar com uma mulher, e qualquer coisa diferente disso é pecado, é uma anomalia.
Na Umbanda, possuímos o conhecimento de que se um relacionamento é construído em cima do amor e do respeito, é válido, embora saibamos que nem todos os adeptos pensem assim. Vale notar que o sufixo correto é dade (que remete à qualidade, estado) e não ismo (que remete à doutrina, doença, sistema político). Desta forma temos:
Heterossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo sexo oposto.
Homossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo mesmo sexo (gays e lésbicas). Para o espírito Emmanuel, “a homossexualidade é a tendência do ser para a comunhão afetiva com outro ser do mesmo sexo... A "inversão‟ não é somente quanto ao relacionamento sexual. Trata-se de vínculo emocional e afetivo”.
Bissexualidade: aquele que sente atração e afeição por ambos os sexos.
Assexualidade: ausência de atração sexual, independente do sexo. O que não inclui falta de afeição. O sentimento de amor e a atração sexual não estão necessariamente associados. Por isso, da mesma forma que muitos praticam relações sexuais sem amarem seus parceiros, é possível amar alguém sem que se queira relacionar-se sexualmente com a pessoa, e é caso que ocorre muitas vezes com os assexuais.
Na Umbanda, possuímos o conhecimento de que se um relacionamento é construído em cima do amor e do respeito, é válido, embora saibamos que nem todos os adeptos pensem assim. Vale notar que o sufixo correto é dade (que remete à qualidade, estado) e não ismo (que remete à doutrina, doença, sistema político). Desta forma temos:
Heterossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo sexo oposto.
Homossexualidade: aquele que sente atração e afeição pelo mesmo sexo (gays e lésbicas). Para o espírito Emmanuel, “a homossexualidade é a tendência do ser para a comunhão afetiva com outro ser do mesmo sexo... A "inversão‟ não é somente quanto ao relacionamento sexual. Trata-se de vínculo emocional e afetivo”.
Bissexualidade: aquele que sente atração e afeição por ambos os sexos.
Assexualidade: ausência de atração sexual, independente do sexo. O que não inclui falta de afeição. O sentimento de amor e a atração sexual não estão necessariamente associados. Por isso, da mesma forma que muitos praticam relações sexuais sem amarem seus parceiros, é possível amar alguém sem que se queira relacionar-se sexualmente com a pessoa, e é caso que ocorre muitas vezes com os assexuais.
Precisamos entender que as preferências sexuais do outro não nos diz respeito. As pessoas têm medo/raiva de uma coisa que sequer as atinge. Se você é contra as relações homossexuais, por exemplo, não se relacione com pessoas do mesmo sexo, é simples. Como falei mais acima, respeito é regra e usurpação de direito é crime. Além de que nenhuma orientação sexual define caráter e moral.
A conduta dos demais membros de um terreiro deve ser a mesma, dentro e fora do terreiro. Novamente (porquê reforçar nunca é demais): respeito é regra na vida.
Gênero e Sexualidade se escolhe?
Não. Já se nasce com uma identificação específica para um gênero (sem necessariamente corresponder com o sexo de nascimento) e uma orientação sexual.
Algumas correntes de estudo da espiritualidade afirmam que nós, antes de nascermos, além de estarmos cientes de nossa missão e de vislumbrarmos alguns aspectos de nossa vida, podemos escolher algumas particularidades visando a evolução da pessoa enquanto encarnada. Dentre elas, a sexualidade. Mas perceba que o espírito, uma vez encarnado, possui essa particularidade a lhe acompanhar por toda a vida.
E entrando no campo da lógica... Quem escolheria ser segregado, hostilizado pela sociedade, somente pelo bel prazer da polêmica? Quem sacrificaria desejos e afeições reais só para provocar o sistema? Quem escolheria sentir na pele o repúdio e a violência de uma sociedade intolerante que caminha ainda tão devagar na reforma do pensamento tradicional e patriarcal?
É só pensar.
Na próxima postagem continuamos esse assunto. Enquanto isso, deixe aí nos comentários sua opinião!
Axé!
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Fontes:
Site: Umbanda, eu curto! sobre Umbanda e sexualidade
Site: Não me Kahlo sobre identidade de gênero - texto de Daniela Andrade
Site: Não me Kahlo sobre identidade de gênero - texto de Daniela Andrade
Site: Relações de Gênero e Sexualidade - publicação de Letícia de Castro Guimarães
Site: Comunidade Assexual sobre perguntas e respostas sobre assexualidade
Site: Comunidade Assexual sobre perguntas e respostas sobre assexualidade
- Recomendo o curso Sexualidade e Mediunidade ministrado no site Umbanda EAD. Não está disponível no momento (na data desta postagem), mas a plataforma costuma trazer cursos antigos de volta.
- Recomendo um estudo mais aprofundado sobre as questões de gênero e sexualidade.
- Recomendo um estudo mais aprofundado sobre as questões de gênero e sexualidade.
Muito explicativo, amei
ResponderExcluirAchei sensacional
ResponderExcluirTexto muito sensato,adorei
ResponderExcluirMaravilhoso !!!!
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