terça-feira, 31 de março de 2015

Orixás na Umbanda: Oxalá

Orixás na Umbanda: Oxalá
Imagem: Oxalá. Reprodução / Google.
OXALÁ
(Orixalá, Obatalá)

Oxalá é o Orixá da Criação, o Orixá Maior. Orixá da paz, do branco, dos campos abertos e iluminados. Oxalá é quem criou a Terra conforme designação de Olorum (Criador), é o mais velho dos Orixás. Seu campo de atuação preferencial em relação às pessoas é a religiosidade, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos serenos e pacíficos. Sua regência em nossas vidas se manifesta na necessidade de nos congregarmos, isto é, de nos unirmos a pessoas que tenham as mesmas ideias e ideais. É o nosso "Deus interior”, a voz da consciência que tenta nos conduzir por caminhos luminosos, pois traz consigo a memória de outros tempos, o conhecimento empírico, o conhecimento adquirido por experiências anteriores. Carrega em si a sabedoria, a calma, a serenidade, a pacificação das nações. É o Senhor de todas as coisas e do universo, pois é ele quem ordena aos demais orixás que venham ajudar seus filhos por meio dos Guias e Mensageiros que vêm à Terra. Seu magnetismo nos inspira serenidade, nos impelindo a abrandar as mágoas do coração e a lidar com os problemas do dia a dia com tranquilidade e sabedoria.

Irradiação:
Função: Magnetizador, cristalizador, congregador
Cores: Branco (no Candomblé: branco, dourado e translúcido)
Chakra: Coronário
Elemento: Eólico
Ferramenta: Opaxorô (cajado), búzios
Símbolos: Estrela de cinco pontas, cruz, pomba branca da paz
Sincretização: Jesus Cristo
Dia comemorativo: 25 de Dezembro
Dia da semana: Sexta-feira
Pontos de Força: Campinas, parques, campos, jardins floridos, lugares abertos, limpos e agradáveis
Pedras: Quartzo cristalino, ágata branca
Metais: Ouro branco, prata, platina
Animais: Caracol, pombo branco, carneiro
Ervas: Açoita cavalo, erva de bicho, mamona, orégano, alho, fumo (tabaco), comigo ninguém pode, alcachofra, alcaçuz, alecrim, alfazema, aquiléia (mil folhas), manjerona, rosa branca, sálvia, tomilha, folha da costa (saião), algodoeiro, angélica, anis estrelado, artemísia, cravo da índia, ipê roxo, jasmim, laranjeira, louro, noz de cola (obi), pichuri, saco-saco, sândalo, verbena
Flores: Rosas brancas sem espinho, lírio branco, palma branca, margarida e flores brancas em geral
Frutas: Uvas verdes, coco verde, pera, maçã verde, melão, goiaba branca, e frutas brancas em geral
Comidas: Comidas brancas como canjica, arroz doce, coalhada adocicada, etc
Bebidas: Água mineral, água de coco, vinho branco doce, vinho tinto doce
Saudação: Epa Babá!

Características dos filhos de Oxalá
Umas das características dos filhos de Oxalá é marcar naturalmente sua presença por onde passam pois tem a aura de autoridade e poder do Orixá Maior. Geralmente são cuidadosos, generosos, perfeccionistas e detalhistas ao extremo. Calmos, responsáveis, reservados, alegres, gostam profundamente da vida. São idealistas, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Perdoam facilmente, sabem ver que sentimentos negativos só atrasam. São muito intuitivos quanto ao futuro. Seu pensamento original antecipa-se ao de sua época. Têm espírito brilhante e facilidade de argumentação.
Seu defeito mais comum é a teimosia, principalmente quando têm certeza de suas convicções; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos para a resolução de um problema.
Fisicamente, os filhos de Oxalá tendem a apresentar um porte majestoso, principalmente na maneira de andar. Na constituição física, o filho de Oxalá não é alto e magro como os filhos de Ogum, nem tão compacto e forte como os filhos de Xangô. Às vezes, porém, essa maneira de caminhar e de se postar dá lugar a alguém com tendência a ficar curvado, como se o peso de toda uma longa vida caísse sobre seus ombros, mesmo em se tratando de alguém muito jovem.
Pode-se ver muitos filhos de Oxalá atuando em ONGs e projetos assistenciais, pois é de sua natureza buscar ajudar o próximo. Têm sempre uma certa prevenção em relação às pessoas a quem não conhecem muito bem e demoram a estabelecer confiança em alguém. Quando se tornam amigos, são grandes companheiros. Quando mais velhos, podem se tornar irritados e rabugentos.


- Reuni aqui as informações que julgo serem as mais necessárias para nosso culto aos Orixás na Umbanda. Para mais informações, acesse os sites citados abaixo nas fontes de pesquisa.

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Fontes:
Livro: Umbanda: Mitos e Realidade - Iassan Ayporê Pery
Livro: Rituais Umbandistas - Rubens Saraceni
Livro: Orixás na Umbanda - Janaina Azevedo

sexta-feira, 27 de março de 2015

Uso de Velas na Umbanda

Uso de Velas na Umbanda
Recorte da imagem original / Google.
Dentro da magia universal as velas sempre foram utilizadas na maior parte dos rituais em que se precisa realizar algum contato com forças superiores ou inferiores, isto, claro, dependendo da moral de quem vai se utilizar das forças mágicas. Na Umbanda, o contato é sempre superior (e qualquer coisa diferente disso não pode ser considerado Umbanda).
É um ritual basicamente simples, mas exige cuidado. A pessoa se concentra (passo fundamental no ritual de acender velas), cuidando para que o pensamento não seja mal direcionado, confuso ou disperso. Acender velas de "qualquer jeito" pode canalizar energias negativas ou simplesmente não funcionar.
O ato de acender uma vela deve ser um ato de fé, sempre. É o momento em que o médium faz uma ponte mental, abre um portal entre o seu consciente e o consciente da entidade, Orixá e a própria Criação. E assim é aberto um portal de energias.
Muitos médiuns acendem velas para seus guias de forma automática e mecânica mas é preciso que se tenha consciência do que se esteja fazendo, da grandeza e importância (para o médium e entidade), pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a energia ígnea (do fogo) e juntas viajarão no espaço para atender a razão da queima desta vela.
A intenção na qual acendemos uma vela gera uma energia mental no cérebro; e essa energia que a entidade ou Orixá irá captar em nosso campo vibratório. Assim, mais uma vez podemos dizer que: nem sempre a quantidade está relacionada diretamente à qualidade, a diferença estará na fé e mentalização do médium. Os espíritos captam, em primeiro lugar, as vibrações de nossos sentimentos, quer acendamos velas ou não!
Por isso é impossível comprar favores de Guias com quantidade de velas, eles não precisam disso. Aliás, é impossível comprar favores com o que quer que seja, na verdade.
Quando solicitam velas nos trabalhos, estão abrindo portais específicos para auxiliar seu trabalho naquele momento, fazendo a ponte com energias transcendentais diversas. 

Velas quebradas
Nos trabalhos de Umbanda existe uma grande preocupação com o uso de velas virgens ou que não estejam quebradas. A vela virgem é isenta da magnetização de uma vela usada anteriormente, evitando assim um choque de energias, que geralmente anula o efeito do trabalho de magia. Somente no caso da vela quebrada é que pode haver uma superstição: psicologicamente a pessoa acredita que um trabalho perfeito precisa de instrumentos perfeitos.

Velas de sete dias
Geralmente é indicada por um Guia para um trabalho mais complexo e extenso, mas não é uma regra. Alguns terreiros a usam para que o filho se conecte mais profundamente com a energia da vela, já que ela dura mais tempo.

Fonte de fogo
Em muitos terreiros existe uma recomendação para só se acenderem velas com palitos de fósforos, evitando acendê-las com isqueiro ou em outra vela acesa; depende da casa e do Guia. Particularmente, não importa a fonte de fogo, certo? Sejamos práticos.

Cores e lugares
As velas para Anjos da Guarda são invariavelmente de cor branca podendo ser acesas no interior de nossas casas. Já as velas para Orixás, é preferível respeitar as cores em que vibram e obedecer a certas ritualísticas, podendo, entretanto, ser acesas dentro de casas. Para Exu deve, obrigatoriamente, ser fora do ambiente. Na falta de velas coloridas uma vela branca sempre servirá, para qualquer Orixá ou Guia de trabalho.

Bom senso
“Cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido”. E nem me refiro aos Guias e Orixás, pois estes jamais irão executar um pedido maldoso. Mas as quiumbas sim, e farão da sua vela um portal de energias contrárias para atingir esse fim - e o retorno vem pra ele e pra você.


Como todos os assuntos abordados aqui, não pretendo que seja a única verdade, tampouco que seja definitivo. Acredito que em algum momento vários desses assuntos serão abordados novamente, sob diferentes perspectivas.
Paz e luz!

terça-feira, 24 de março de 2015

Pedras e Cristais na Umbanda

Pedras e Cristais na Umbanda
Imagem: Reprodução / Google
Vemos Caboclos, Exus, Pombas Giras e outras entidades se utilizarem de colares de pedras e outros elementos minerais todo o tempo, dentro de alguns pontos riscados e até trabalham muitas vezes com uma pedra na mão ou perto de si. O assentamento de forças de um terreiro tem seu ponto forte numa pedra (o Otá) que fica geralmente abaixo do altar. A tronqueira de um terreiro é assentada com elementos identificados e solicitados pelo guardião e guardiã deste templo e pode conter pedras e cristais. Além disso, é comum solicitarem ainda o uso de pedras para seus trabalhos do dia a dia, como ferramenta de canalização de energia. 

As entidades fazem uso de pedras e cristais para seu próprio auxílio nos trabalhos que executa, isso porque ao redor de qualquer corpo humano existe uma aura que é um campo energético, e na presença de pedras e cristais, tendo estes um campo energético muito forte, cria uma interação de energias que trazem o equilíbrio e o bem estar. Os cristais são elementos magísticos divinos usados por civilizações há milênios – dentro de cada cristal tem um elemental, que está sempre pronto para atuar segundo a Lei Maior. 
Quando uma pessoa está doente e a aura apresenta desequilíbrios, estes podem ser equilibrados com o poder harmonizador das pedras e cristais. O verdadeiro poder delas está na força para modificar de forma positiva a vida psíquica e física do ser humano. Este poder surge das próprias propriedades físicas e morfológicas estudadas pela mineralogia, somado à força do Guia. Existem minerais com grandes poderes curativos e até mesmo adivinhatórios.


Limpeza
Sempre que uma nova pedra ou cristal for adquirido, mesmo sendo para uso dos Guias, é necessário limpar para retirar as energias anteriores, pois essa pedra ou cristal passou pelas mãos de muita gente e esteve em diversos lugares antes de chegar até você. O processo de limpeza é este:

1) Colocar as pedras e cristais em um vasilhame de vidro;
2) Cobrir com água natural (de cachoeira, rio, mar ou mesmo água mineral de garrafa) e acrescentar sal grosso para descarregá-los (deixar no mínimo 30 minutos dependendo da carga e no máximo 24 horas);
3) Soprar a fumaça de um incenso nos cristais (passo opcional).

Energização
A energização é importante para que a pedra ou o cristal possa agir, para que a pedra não seja apenas um mineral "vazio". É como ter um carro; de nada adianta se você não o abastece. A energização é justamente o abastecimento de energias divinas. O processo de energização é este:

1) Lavar as peças com água mineral e mentalizar uma luz branca enquanto o faz;
2) Deixar as peças expostas à luz do sol (pelo menos uma hora) OU à luz lunar (a noite toda) OU deixar em contato com a terra, enterrado ou não (pelo menos 3 horas).

Programação
A programação é essencial para o mineral exercer toda a sua potencialidade. Novamente, o exemplo do carro: você tem o carro, colocou gasolina mas... Não tem para onde ir. Ao programar uma pedra ou cristal, você define um objetivo para ele, é o motivo pelo qual foi adquirido. Se você não passar por esse processo, o mineral será um objeto de decoração, apenas. Entretanto, se for adquirido para um Guia Espiritual o utilizar, deve-se apenas limpar e energizar; a programação ficará por conta do Guia. Este é o processo:

1) Segurar entre as mãos, na direção do chakra frontal;
2) Dizer mentalmente qual é a função do cristal, tentando visualizar a imagem da função dentro dele. 
3) Mentalmente envolva o cristal em uma luz branca e diga que esse cristal servirá ao bem maior (e somente ao bem maior).

Desprogramação
É possível que em dado momento você queira utilizar a pedra ou o cristal para outro fim. Para desprogramar o cristal ou pedra:

1) Segurar entre as mãos e mentalizar a imagem da função que definiu se apagando;
2) Visualizar uma luz branca envolvendo o cristal;
3) Agradecer pela função exercida;
4) Limpar e energizar para estar pronto para outra função e então programá-lo novamente.


Associações/Orixás
Os minérios são sempre associados à signos, profissões, Orixás, etc. Aqui, como blog de Umbanda, citarei a ligação aos Orixás.
Podem ser observadas diferenças de pedras levando em consideração à cor que é atribuída ao Orixá. Ogum, por exemplo, tem em seu domínio o topázio azul e ao rubi. Sabemos que as cores nas pedras e cristais (e vários outros elementos) tem sua importância pela irradiação de ondas específicas, então, qualquer mineral utilizado para o Orixá, sendo de seu domínio, está de acordo. Como as ervas, pode haver pedras em comum entre um e outro. Usarei como exemplo os Orixás cultuados na casa à qual faço parte levando em consideração às cores que atribuímos a eles:

Oxalá (branco): quartzo cristalino, ágata branca, pedras brancas em geral
Oxóssi (verde): quartzo verde, esmeralda, jade, amazonita, turquesa, calcita verde
Iansã (vermelho, amarelo): granada, coral, rubi, ágata de fogo, citrino, cristal com enxofre
Ogum (azul escuro, vermelho): topázio azul, sodalita, granada, rubi, hematita, magnetita
Xangô (marrom): jaspe vermelho, pedra do sol, bauxita, ágata de fogo
Yemanjá (azul claro): pérola, água marinha, lápis lazúli, turquesa, diamante, madrepérola, quartzo azul, topázio azul, quartzo transparente
Oxum (amarelo, rosa): ametista, quartzo rosa, rubi, ágata amarela, pedras amarelas em geral
Nanã (lilás): ametista, fluorita lilás, rubelita, sugilita, pedras roxas e lilás em geral
Omolu (roxo): turmalina negra, ônix, potássio, zinco, pedras roxas em geral

Penso, particularmente, que se qualquer flor amarela é domínio de Iansã, o mesmo vale para as pedras e cristais amarelos, e assim por diante.
Para as entidades, a cor depende da qual for pedida por eles, é particular.

Paz e luz!

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Recomendo:
- O curso do Umbanda EAD, Terapia com Cristais. Já foi ministrado antes, mas como acontece com alguns cursos, eles voltam depois de um tempo.
- O e-book gratuito da Cristais Aquarius. Ao entrar no site uma pop-up já exibida para se cadastrar e receber o e-book gratuitamente por e-mail. 
- O site Byethnica para entender a diferença de pedras, cristais e gemas.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Uso de Guias na Umbanda

Uso de Guias na Umbanda
Imagem: Reprodução / Google
As guias são colares feitos de miçangas ou outras peças coloridas representativas do Orixá, entidade correspondente ou linhas de trabalho. Elas geram um ponto de atração entre o médium e o Guia, Orixá ou determinada falange. São condensadores energéticos (utilizados pelos Guias para descarregar acúmulos negativos alojados nos campos eletromagnéticos), são proteções contra energias contrárias (verdadeiros escudos enquanto o médium está incorporado) e são irradiadoras de energia (círculos mágicos ativos).
As guias podem ser feitas de contas naturais, artificiais, aços, pedras, cristais e outros materiais, sendo o mais indicado as contas de cristal, as de louça, as sementes (como as lágrimas de Nossa Senhora, olho de boi, etc) e as pedras naturais. Pode ser adquirida pronta ou ser confeccionada pelo médium, embora seja melhor confeccionar.

São elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser confeccionadas, manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam. A manipulação das guias por outras pessoas ou seu uso em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual, fatalmente acarretará em contaminação ou interferência vibracional.
Não entrarei nas cores por variar de terreiro pra terreiro. Busque orientação com os pais de sua casa e eles poderão ajudá-lo, respeitando a ritualística da casa a qual trabalha.


Tipos de guias
Guia de Proteção: Todas as guias protegem, mas essas são especificamente para proteção (guia-escudo, geralmente não irradia energias). Todos os médiuns podem usar: médiuns da corrente, médiuns em desenvolvimento e cambonos. Geralmente a guia é de Oxalá mas pode ser personalizada conforme o Guia Chefe da casa pedir.

Guia de Tratamento: Utilizada em qualquer pessoa que esteja passando por algum tratamento no terreiro, como curas, desobsessões, etc. Protege e tranquiliza, abrandando o medo e agindo no psicológico do consulente.

Guia de Linhas de Trabalho: São guias específicas para cada linha. Guia de caboclo, guia de preto velho, guia de exu, etc. São feitas sob orientação de Entidades daquela linha, seguindo geralmente a cor da linha (verde para caboclos, preta e vermelha para exus, amarelas para baianos, etc). É bom para não se acumular muitas guias e concentrar a força da linha numa guia só.

Guia de Entidade: São aquelas que seguem como padrão o pedido de uma Entidade do médium. São altamente personalizadas e carregam a proteção e imantação de uma Entidade específica.

Guia das Sete Linhas de Umbanda: As cores variam de terreiro pra terreiro, mas são usadas para se ter a proteção e irradiação das sete forças da Umbanda.

Guia de Orixá: É a guia do Orixá regente da coroa do médium. É feita na cor do Orixá, o que pode variar. Tem casas que usam vermelho para Ogum, outras azul escuro, por exemplo. Alguns terreiros usam firmas da cor do Orixá, outros da cor do Orixá adjuntó ou búzios. Há terreiros que fazem ainda duas guias: uma para o Orixá de frente e outra para o adjuntó. Não existe um padrão. Podem ser adicionados outros elementos, como pingentes da ferramenta do Orixá em metal.

Guia de Sacerdote: É uma guia que somente os sacerdotes devem usar, por seu grau de experiência na Umbanda. Após ser coroado, o sacerdote confecciona essa guia e seu formato depende da casa que o coroou. Existem guias de sacerdotes que são as mesmas do Candomblé, de duas fileiras de búzios. Outras são brajás na cor do Orixá de frente ou de Oxalá com firmas de todos os Orixás (cultuados na casa) intercalando os gomos. Outras são com firmas dos Orixás intercalando contas de cristal, de um só fio. Depende do fundamento do casa.

Fazendo guias
O médium deve estar tranquilo e concentrado com a entidade ou Orixá “dono” da guia. Deve-se respeitar, acima de tudo, as orientações da entidade quanto a cor, quantidade de contas (se são múltiplas de sete, por exemplo) e se precisam de algum outro elemento além da firma, como pingentes de metal, pedras, penas, crânios, etc. Já as guias de Orixás, respeita-se a cor que o terreiro atribui àquele Orixá, mas é possível adicionar outro elemento conforme intuição do médium.
Cada casa tem suas regras quanto a confecção de guias e sobre qual médium pode utilizá-la, sendo de fios únicos ou múltiplos. Geralmente, os brajás (guias de cordões trançados) são utilizados pelos sacerdotes, mas depende da casa.

Posição da guia em uso
Os médiuns utilizam as guias de diversos modos, sendo de frente (como um colar comum) ou na transversal. Quando na frente do peito, em aberto, cria um campo protetor e abre passagem à troca de energias com as forças firmadas nele, fluindo por toda a matéria do médium, com as energias de todos os lados.
A guia na transversal geralmente significa equilíbrio de vibração, criando um campo protetor e uma passagem com as forças localizadas à nossa esquerda ou direita (dependendo pra que lado está).

Cuidado e limpeza
Uma guia, comprada pronta ou confeccionada, deve ser limpa antes de usá-la pela primeira vez e toda vez que achar necessário. Para descarregar a guia de energias negativas, lavar em água pura com sal grosso e depois apenas água, para retirar o sal. Para energizar, banhá-las com ervas ou alfazema e/ou acender velas e então entregá-la ao Guia, ou entregar ao Guia de uma vez. Geralmente cada terreiro tem um método que mais utiliza.
É bom guardá-las com cuidado, tendo a certeza de que não estará em contato com materiais sujos (física e energeticamente falando), comprometendo seu axé. Evitar usá-las em banheiros ou outros lugares contaminados, tomar cuidado com fogo e materiais ácidos.

Necessidade e bom senso
Antes de mais nada, é bom o médium estar sempre atento a real necessidade de se confeccionar uma guia. A entidade realmente pediu a guia? Está na hora certa de fazê-la? É importante sempre buscar orientação com os sacerdotes do terreiro e ter bom senso, tendo em vista que uma guia não é um instrumento qualquer, e nem tem a finalidade de alimentar a vaidade do médium.
Não se recomenda o uso de guias para as pessoas que não são médiuns. A guia é para ser usada durante os trabalhos pelos médiuns da casa. Para pessoas que não são médiuns, o mais correto é ter um patuá.

Vi um texto no Facebook, extraído de uma obra do Rubens Saraceni, que nos ajuda a entender a origem das guias e explica mais profundamente sobre a guia ser um círculo mágico, leia aqui.
Ao ler, lembrem-se que Saraceni tem um padrão ritualístico próprio e você pode adequar (Orixás, cores e rituais) à realidade de seu terreiro.

Paz e luz!

terça-feira, 17 de março de 2015

Ferramentas e Elementos de Trabalho

Ferramentas e Elementos de Trabalho
Imagem: editadas em conjunto / Google.
Seguindo a ideia do texto anterior, posto hoje mais ferramentas e elementos de trabalho e seus significados. Alguns deles são utilizados coletivamente, outros não.
Importante frisar que também estes elementos, assim como tudo num terreiro, devem ser tratados com cuidado.

Alguidar: O alguidar, na cultura do Candomblé, significa a terra. Antigamente, todas as oferendas eram feitas direto na terra; hoje em dia, por conta da modernidade e da maioria dos terreiros serem de cimento ou pisos, passou-se a utilizar o alguidar como símbolo da terra, sendo este de barro. Na Umbanda o conceito é o mesmo, e o alguidar tem largo uso nas ritualísticas e no dia a dia do terreiro, sendo utilizado para servir comidas, para oferendas externas, para queimar velas e outros materiais, etc. São diversos os tamanhos, podendo ser fundos ou rasos.

Búzios: Os búzios, apesar de muito conhecidos no Candomblé por serem usados para o Oráculo de Ifá, possuem larga utilização também na Umbanda. São usados em muitas casas em rituais de assentamento e coroamento de médiuns, jogo de búzios (quando a casa tem esse fundamento), contra-eguns, ferramenta específica de um Guia ou na confecção de guias (neste caso tem a função de firma que fecha a guia, já que sendo um elemento oriundo das águas, simboliza a vida e agrega energias vitais puras, além do búzio ser um elemento em comum de todos os Orixás).

Gamela: A origem do uso da gamela está presente em uma lenda do Candomblé, a qual diz que Xangô é castigado por Oxalufã e assim condenado a comer em uma gamela de madeira para sempre, e então as oferendas a Xangô são feitas sempre na gamela. Na Umbanda usa-se a gamela tanto para se oferendar a Xangô e outros Orixás, quanto como vasilhame de uso geral, podendo abrigar água, ervas, alimentos e outros materiais. Por ser de madeira pode ser usado em diversas ritualísticas.

Patuá: O patuá, conhecido também como amuleto, pode ter muitas formas. Um patuá comum na Umbanda geralmente é constituído de um pedaço de tecido costurado com elementos magísticos dentro. Esses elementos geralmente são ervas, como alecrim, arruda, casca de alho, etc. É confeccionado pelo pai ou mãe da casa conforme pedido da entidade, e é cruzado por ela. Também pode ser feito de fitas de cetim ou ser comprado pronto, como no caso de pingentes específicos (como estrela, figa, olho grego, etc.) ou fitas do Senhor do Bonfim. O patuá protege a pessoa, fazendo com que toda (ou grande parte) da negatividade que recai sobre a pessoa seja direcionada ao patuá. Seu uso destina-se a pessoas que não são médiuns ou médiuns que precisam desse amparo em algum momento (médiuns em desenvolvimento, por exemplo) ou médiuns que, mesmo tendo a proteção constante de seus Guias, gostem de amuletos. Recomenda-se que o patuá feito de ervas seja levado ao terreiro para que possa ser descarregado, se não, com o tempo, ele não terá mais utilidade com tanta carga negativa que está segurando. No caso dos amuletos de outros materiais, se foi cruzado no terreiro também é preciso descarregar, mas pode ser feito com menos frequência dependendo do material que é feito. 
Em caso de perda do patuá, não se deve preocupar. Certamente a vida útil daquele patuá já se esgotou ou tamanha foi a carga que não pôde suportar, devendo ser substituído.

Pemba: A Umbanda tem no uso da pemba um dos seus recursos mágicos, e ela pode ser usada de várias formas, tais como: riscar pontos cabalísticos, cruzar médiuns, fazer dela pó purificador, limpar pessoas, cruzar imagens ou outros objetos ou para outros fins magísticos. 
A pemba é um elemento mágico mineral, podem ser consagradas ou não, tudo depende da orientação dos Guias espirituais. É muito comum os Guias riscarem pontos quando vão trabalhar, tendo significados e objetivos diversos que só o Guia sabe. Cada um com seu próprio ponto, raramente repetido por outros Guias, ainda que alguns símbolos e signos sejam comuns.
Quando uma entidade se utiliza da pemba para riscar os pontos, ela está movimentando energias sutis que, dependendo dos sinais, pode atrair ou dissipar energias. Quando a pemba é magnetizada por uma entidade, se torna um grande fixador de energias, e a cor da pemba varia de acordo com as regras de cada centro e de acordo com cada Guia ou Orixá, mas normalmente a mais usada é a branca. 

Pólvora: Também chamada de fundanga, a pólvora costuma ser usada em trabalhos de limpeza. Seu uso desloca o éter para a desintegração de campos de força muito densos de pessoas e ambientes. Nos terreiros é conduzido, principalmente, por Exus e Pomba Giras, onde no momento da queima da pólvora, ocorre uma desobsessão em massa do filho favorecido no centro do círculo. É preciso lembrar que todo material utilizado no terreiro compõe um elemento magístico muito poderoso, é preciso ter cuidado com sua manipulação, e só deve ser utilizado por médiuns quando realmente necessário.

Quartinhas e Quartilhões: As quartinhas e quartilhões são muito usados nos terreiros para, principalmente, assentar fundamentos e guardar elementos. As quartinhas são as pequenas, os quartilhões são os grandes, sendo de barro ou louça. São usadas para assentar ou firmar elementos de Orixás ou Guias de Trabalho conforme a necessidade da casa ou do médium que realiza o ato religioso, quando não se pode, por exemplo, enterrar um poder. As quartinhas e quartilhões também abrigam elementos como a água, um fator preponderante na Umbanda. A água tem o poder de absorver, acumular ou descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica. A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego. Servem de ímã espiritual para o médium, tanto o lado bom ou ruim que lhe desejam ou que assimila durante os trabalhos, nas giras ou simplesmente no que acontece diariamente. Todos os fluidos são absorvidos pelas energias constantes da água contida nas quartinhas. Uma quartinha é algo pessoal e não deve ser manipulado por mais ninguém além de seu dono.
Quando assentamos ou firmamos elementos de uma força divina (Orixá) ou elementos de um Guia em uma quartinha, estamos oferecendo a eles condições para desenvolverem seu trabalho e suas forças e assim irradiarem energias sagradas para a casa, para os médiuns e para os consulentes. É um receptáculo de energia.
Quanto à forma de fazer ou que tipo usar, cada casa tem um fundamento; cada dirigente aprendeu de um jeito. Uma delas é que independente se firmeza ou assentamento para Orixá ou Guia masculino, usamos a quartinha sem asa. E para Orixás e Guias femininos quartinhas com asas. Outro modo é que se for um assentamento, a quartinha pode ser sem asas, independente se forem masculinas ou femininas. Tudo isso, é claro, como forma de diferenciação e facilidade no dia-a-dia; um receptáculo igual, tendo como diferença apenas as asas não influencia na essência da energia. 
Alguns terreiros também têm como fundamento fazer a quartinha do anjo da guarda de todos os filhos que ali frequentam e mantê-las sob os cuidados do dirigente em um cômodo do terreiro destinado para esse trato. É um costume cada vez mais raro na Umbanda.

Sal Grosso: O sal grosso é considerado um potente purificador de ambientes. Povos distintos usam o sal para combater o mau-olhado, e deixar a casa a salvo de energias nefastas. Ele tem o mesmo comprimento de onda da cor violeta, capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos. Visto ao microscópio, o sal bruto revela que é um cristal, formado por pequenos quadrados ou cubos achatados, por isso emite ondas eletromagnéticas que podem ser medidas pelos radiestesistas. 
O sal na Umbanda é usado principalmente para banhos e limpeza de ambientes (terreiros e casas). No banho, é da seguinte forma: após o banho convencional, deixe um punhado de sal grosso escorrer do pescoço para baixo, embaixo da água do chuveiro. Banho de sal grosso e o antigo escalda-pés (mergulhar os pés em salmoura bem quente) têm o poder de neutralizar a eletricidade do corpo; para quem mora longe da praia é um ótimo jeito de relaxar e renovar as energias. Não são aconselháveis banhos frequentes com o sal, a não ser que seja expressamente indicado por algum Guia do terreiro. É comum também fazer um banho de ervas depois do banho de sal grosso para que, após o corpo ser neutralizado, ele possa ser energizado com as propriedades das ervas mornas. Para limpeza de ambientes, misturar sal grosso e alfazema líquida num balde com água para limpar o chão é muito benéfico.


Falarei nas próximas postagens sobre o uso dos cristais, guias e velas. Paz e luz!

sexta-feira, 13 de março de 2015

As ferramentas de trabalho dos Guias: para quê servem?

As ferramentas de trabalho dos Guias: para quê servem?
Imagem: Editadas em conjunto / Google
Uma ferramenta é um instrumento que permite a realização de tarefas, seja ela qual for. Na Umbanda os Guias se utilizam de ferramentas específicas para realizar diversos tipos de trabalhos energéticos, facilitando o deslocamento de energia e aliviando o desgaste da matéria.
Ferramentas descarregam, energizam, protegem, concentram, equilibram, etc. Citarei alguns exemplos aqui e depois vou postando as ferramentas mais complexas (e de uso coletivo) separadamente em outras postagens.

Bebidas: Descarregam e limpam. Os Guias bebem para limpar nossa matéria e nos energizar enquanto estão incorporados. É comum ainda os Guias usarem as bebidas alcoólicas para limpar objetos e ambientes. A bebida alcoólica pode ser substituída por alfazema líquida, já que contém álcool e é muito poderosa (neste caso, não deve ser ingerida).

Fumos: Descarregam e limpam. O fumo é uma defumação direcionada, que trás, além do vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de magia prática. A fumaça atua como desagregador de miasmas, tanto em ambientes quanto em pessoas. O tabaco é considerado por muitos uma erva de poder, usado há milênios pelos povos indígenas para os mais variados fins. Na Umbanda é usado através de charutos, cachimbos, cigarros, cigarros de palha, etc.
Alguns defendem o uso do fumo, outros condenam e não utilizam em seus terreiros por conta do incômodo de pessoas que não fumam e os malefícios que podem trazer ao médium. Independente disso, o fumo possui grandes vantagens. Seu uso é opcional, podendo ser substituído por outro elemento.

Cabaças: A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé e na Umbanda. É o fruto da cabaceira e basicamente tem uma forma arredondada e um pescoço curto ou longo, podendo tomar outras formas, dando-lhe assim condições de ter diversas utilizações. Depois de extraída, torna-se seca e sólida. Por dentro possui algumas sementes. Quando cortada, deve-se retirar a polpa, deixando-a secar, para ser usada como utensílio. Inteira, é denominada cabaça; cortada é cuia ou coité, e as maiores são denominadas cumbucas. Podem ser feitos chocalhos também, cujo barulho afasta eguns. Na Umbanda, além de absorver parte dos significados e utilizações do Candomblé, é usada como elemento energético, mágico e natural pelos Pretos Velhos, Caboclos e Exus em especial. Também faz parte dos elementos utilizados nos assentamentos de Iansã, Omulu, Caboclo e Exu. A cabaça representa o “pote que guarda todos os mistérios da cura, da vida e da morte”, é um elemento vegetal poderosíssimo e de grande valor simbólico. Substituindo os copos por cabaças, as bebidas servidas aos Pretos Velhos, Caboclos e Exus terão um valor energético a mais. Nas oferendas a substituição também é muito bem aceita e importante, afinal é natural, tem valor energético, tem simbologia e é biodegradável. Tomar banho com as sementes da cabaça é excelente para descarregar o campo mediúnico, favorecendo o equilíbrio mediúnico e a harmonização emocional. Cortada horizontalmente pode ser utilizada nos Rituais de Amaci, evitando qualquer outro elemento impróprio para a ocasião. Mais do que isso é oferecer algumas cabaças para os Guias e perceberemos quantas mirongas, quantas magias são feitas com a cabaça.

Machadinhas e ponteiros: Os mais utilizados na Umbanda são facas, adagas, punhais, espadas, machadinhas, lanças, etc. As ferramentas de aço são utilizadas há séculos para iniciações ritualísticas de diversas correntes religiosas e ocultas. Os antigos iniciados usavam nas suas operações mágicas a espada e as pontas de aço (punhal e adagas), assim como atualmente se usa os ponteiros no trabalho de Umbanda, pois a ação das pontas de aço em certos trabalhos de magia são extremamente úteis. Ponteiro é qualquer instrumento pontiagudo de aço, utilizado em diversos rituais umbandistas. Em função do poder que o aço tem de captar as forças da natureza, inclusive os fenômenos atmosféricos (como por exemplo, os para-raios), o ponteiro representa a atração das forças espirituais, tal como um ímã utilizado como força criadora de energia elétrica. Quando fincado, ele firma a magia, ou seja, firma o ponto; destrói larvas astrais e reúne energia.
Um Guia pode utilizar, inclusive, machadinhas de pedra e outras ferramentas para centralizar forças para destruir miasmas e canalizar energias positivas para as pessoas.
Ponteiros e ferramentas dos mais diversos tipos são muito utilizados também para assentamentos e firmezas de Orixás e Guias, sendo de ferro, cobre, metal, prata, ouro, etc.

Há quem classifique chapeus, capas e outros acessórios como ferramenta, mas só o são quando solicitadas  e cruzadas pelo Guia com o objetivo de proteger e/ou irradiar energia para o médium.


Há problema em presentear o Guia com ferramentas?
Não. Ferramentas mais comuns como bebidas e fumos são sempre bem vindas pelos Guias por usarem com mais frequência, mas convém conferir com o médium se de fato é necessário e se pode levar.
Ferramentas e paramentos mais específicos é indicado sempre conferir antes, pois o Guia pode já ter a ferramenta e não precise de outra; e ainda, pode acontecer de a ferramenta que se quer presentear pode nunca ser usada por não ter utilidade nos trabalhos do Guia (e então seria um grande desperdício comprá-la).

Uso e bom senso
Há terreiros que liberam mais o uso de ferramentas, outros menos. Como já disse em praticamente todas as postagens, não existe certo ou errado na Umbanda no que se diz a diferenças ritualísticas. Se o Guia tiver ferramentas em mãos, fará bom uso. Se não tiver, se adequará com as condições e fará o trabalho de outro modo. A Espiritualidade é versátil e dinâmica, nunca devemos nos esquecer.
Na minha opinião, não há problemas em Guias terem ferramentas, muitas são essenciais. Só acredito que o exagero é ruim, e muitas vezes esse exagero tem um fundo de vaidade do médium, e é aí que mora o problema. Comprar coisas porque são legais e causam impacto não é o caminho correto. Deve-se conversar com o Guia para ter a certeza de que esse item é necessário e tem fundamento em seu trabalho.

Cuidados
As ferramentas são itens que devem ser tratados com cuidado e respeito, como qualquer outro fundamento da casa. Convém guardá-las em lugar específico e limpá-las quando necessário para a ferramenta preservar seu axé.

Paz e luz!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Vestimentas e paramentos: o uso do branco como uniforme

Vestimentas e paramentos: o uso do branco como uniforme
Imagem: Reprodução / Google
A roupa branca, muito usada nos terreiros, tem seu próprio fundamento como todos os outros elementos. Tem-se terreiros que se utilizam ainda de outras vestimentas para determinadas linhas, além de paramentos diversos. 
Alguns terreiros são extremamente rígidos com a cor branca e não permitem que outra vestimenta e paramento seja usado; outros que algumas vestimentas e paramentos mais simples podem ser adequados (como a cor da calça que as mulheres muitas vezes utilizam por baixo da saia branca), sem deixar de usar o branco no dia a dia e se valer da simplicidade, e temos ainda os terreiros que utilizam o branco juntamente a vestimentas e paramentos diversos de cada linha e entidade, sem grandes problemas.
Explicarei primeiro sobre a vestimenta branca (texto adaptado do original que corre as páginas de Umbanda sem ter um autor reconhecido) e depois sobre as demais vestimentas e paramentos.


O uso do branco
Em 15 de novembro de 1908, data da anunciação da Umbanda no plano físico e também ocasião em que foi fundado o primeiro templo de Umbanda, Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, o espírito Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade anunciadora da nova religião, ao fixar as bases e diretrizes do segmento religioso, expôs, dentre outras coisas, que todos os sacerdotes e médiuns utilizariam roupas brancas. Mas, por quê? Teria sido uma orientação aleatória, ou o reflexo de um profundo conhecimento mítico, místico, científico e religioso da cor branca?
A cor branca contém em si todas as demais cores existentes, todas as cores das Sete Linhas da Umbanda. Branco é a cor de Oxalá, o Orixá Maior irradiador da fé, da paz, da sabedoria e serenidade. A roupa branca transmite a sensação de assepsia, calma, paz espiritual, serenidade e outros valores elevados. 
A roupa branca usada pelos médiuns não dará oportunidade às pessoas que adentram um terreiro de saber qual o nível social, cultural e intelectual dos médiuns que fazem parte do mesmo, pois o branco significa IGUALDADE. Essa roupa branca é a vestimenta para a qual devemos dispensar muito carinho e cuidado. Devem ser conservadas limpas e bem cuidadas, devem estar sempre longe do contato direto com as forças deletérias; devem estar dentro do vestiário do terreiro ou em casa sendo lavadas. Quando essas roupas ficam velhas e/ou estragadas, jamais se deve jogar fora ou dar sem nenhum procedimento. Deverá ser lavada de forma específica para que as energias anteriores se desprendam, de modo a se tornar uma roupa comum e então, ser descartada.
No decorrer de toda a história da Humanidade, a cor branca aparece como um dos maiores símbolos de unidade e fraternidade já utilizados. Nas antigas ordens religiosas do continente asiático, encontramos a citada cor como representação de elevada sabedoria e alto grau de espiritualidade superior. As ordens iniciáticas utilizavam insígnias de cor branca; os brâmanes tinham como símbolo o Branco, que se exteriorizava em seus vestuário e estandartes. Os antigos druidas tinham na cor branca um de seus principais elos do material para o espiritual, do tangível para o intangível. Os Magos Brancos da antiga Índia eram assim chamados porque utilizavam a magia para fins positivos, e também porque suas vestes sacerdotais eram constituídas de túnicas e capuzes brancos. O próprio Cristo Jesus, ao tempo de sua missão terrena, utilizava túnicas de tecido branco nas peregrinações e pregações que fazia.
A implantação desta cor em nossa religião não foi fruto de opção aleatória, mas sim pautada em seguro e inequívoco conhecimento de quem teve a missão de anunciar a Umbanda. Deve ser usado sempre!

Outras cores e vestimentas
Às vezes é necessário usar uma peça de outra cor para determinado trabalho, mas geralmente este pedido é feito pelos Guias e também aí existe um fundamento. Nós temos uma simbologia de cores na Umbanda no que se refere aos Orixás (azul escuro para Ogum, verde para Oxóssi, azul claro para Yemanjá, etc.) e muitas vezes, o pedido da cor vem daí. Não podemos nos esquecer também do Orixá Exu e dos Exus e Pombas Giras, tendo as cores preta e vermelha em suas representações, sendo a cor preta representando a absorção de energia e a cor vermelha a vitalização.
É por isso que vemos Pombas Giras incorporadas com saias preta e vermelhas, Exus incorporados com calças e/ou camisas pretas, etc.

Paramentos
Os paramentos são os acessórios utilizados pelos médiuns, como chapeus, capas, cocares, lenços, baralhos, almofadas, bonés, pulseiras, brincos, etc.
Muitas vezes os paramentos são confundidos com ferramentas, mas seus fundamentos são diferentes (e principalmente a necessidade de um e de outro). Falarei sobre ferramentas em outra postagem!
Os paramentos causam polêmica sobre a real necessidade no trabalho de um Guia.

Bom senso e necessidade
Como tudo na Umbanda, não existe um padrão e cada terreiro pode instituir uma regra: usar ou não outras cores, vestimentas e paramentos.
E como tudo na vida, ter bom senso e observar a real necessidade de se obter um item de trabalho. O Guia precisa de paramentos para executar seu trabalho?
Alguns terreiros são mais flexíveis com seu uso, outros menos. Acredito que um ou outro paramento não faz mal nenhum, muitas vezes o Guia o utiliza por um significado, basta o médium se comunicar com seu Guia para entender os motivos e então decidir se comprará o item ou não.
O que causa polêmica (com razão) é o exagero das vestimentas e paramentos: muitos médiuns se tornam carnavalescos com penas, plumas, corpetes e mais uma infinidade de tecidos e acessórios... E é aí que entra a vaidade do médium, pois tenho certeza, nenhum Guia verdadeiro pede muito mais do que o necessário para a execução de seu trabalho.
Médiuns vaidosos assim geralmente exageram não somente nas vestimentas e paramentos, mas nos rituais, homenagens e no próprio terreiro em si, agregando luxo no que não precisa, distorcendo o princípio mais básico da Umbanda: humildade.

A minha mensagem final é que todos nós (médiuns) saibamos nos valer das vestimentas e paramentos, mas que na dúvida do que fazer, termos sempre em mente o branco como único item de fato essencial.

Paz e Luz!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ervas e seu uso na Umbanda - Parte 2

Ervas e seu uso na Umbanda - Parte 2
Imagem: Reprodução / Google
Como continuação da primeira postagem sobre Ervas, hoje trago as ervas dos Orixás e Guias (as quais você verá que nem todos os Orixás possuem ervas frias em seu domínio) e algumas dúvidas constantes em relação ao uso das ervas.
É bacana lembrar que você pode utilizar uma erva sem necessariamente estar invocando a força do Orixá a qual pertence, mas pedir sua licença e utilizá-la devido suas propriedades específicas também. Um exemplo disso é a alfazema, erva muito utilizada para expansão da energia mediúnica.

Essa lista eu peguei do JUS (Jornal de Umbanda Sagrada) e do site Umbanda, eu curto!, ambas são publicações do Adriano Camargo.

OXALÁ
Ervas Quentes: açoita cavalo, erva de bicho, mamona, orégano, alho, fumo (tabaco), comigo ninguém pode.
Verbos atuantes: descarregar, punir, redimir, resfriar, retificar, retrair, esterilizar, tragar, cristalizar (paralisar), assumir (responsabilizar).

Ervas Mornas: alcachofra, alcaçuz, alecrim, alfazema, aquiléia (mil folhas), manjerona, rosa branca, sálvia, tomilha, folha da costa (saião).
Verbos atuantes: Pacificar, abrandar, amparar, compreender, clarear, conceder, congregar, homogeneizar, irradiar, perdoar, solucionar, restituir, vitalizar, vivificar, beneficiar.

Ervas Frias: Algodoeiro, angélica, anis estrelado, artemísia, cravo da índia, ipê roxo, jasmim, laranjeira, louro, noz de cola (obi), pichuri, saco-saco, sândalo, verbena.
Verbos atuantes: prover, acrescentar, construir, cristalizar (fundamentar), começar,
determinar, levantar, amadurecer, constituir.


OXÓSSI
Ervas Quentes: guiné, picão preto, buchinha do norte, cânfora, espinheira santa, jurema preta casca, comigo ninguém pode, vence tudo.
Verbos atuantes: Identificar, dividir, amarrar (cipó), explorar, contrair, deslocar.

Ervas Mornas: Abacateiro, abre caminho, alecrim do norte, alecrim comum, alfacava, aquiléia, arnica do mato, chá verde, café folha, cana do brejo, capim cidreira, carqueja amarga, cipó caboclo, cipó bravo, cipó são joão, confrey, hortelã, ipê roxo, jurubeba mista, louro, manga folha, manjericão, samambaia, sene.
Verbos atuantes: expandir, direcionar, propiciar, fornecer, tornar hábil, suprir, caçar, curar.


IANSÃ
Ervas Quentes: buchinha do norte, cânfora, espada de santa bárbara, quebra demanda, mamona, picão preto, bambu, fumo (tabaco), pára-raio (santa bárbara), tiririca, vence demanda, pinhão roxo.
Verbos atuantes: arrastar, arrebatar, dissipar, fulminar, remover.

Ervas Mornas: pitanga folha, peregun rajado, alfavaca, calêndula, camomila, cana do brejo, capuchinha, cidreira, cavalinha, chapéu de couro, cipó bravo, cipó são joão, santa luzia, girassol semente, imburana, jurubeba, laranjeira, losna, sabugueiro, folha do fogo, pinhão branco.
Verbos atuantes: mover, movimentar, direcionar, espalhar, empurrar, agir, vibrar.


OGUM
Ervas Quentes: espada de são jorge, aroeira, espinheira santa, eucalipto, guiné, olho de cabra, pinhão roxo, valeriana, garra do diabo, lança de são jorge, espada de santa bárbara, quebra demanda, picão preto, bambu, pára-raio, tiririca, limão, vence demanda, dandá da costa (tubérculo).
Verbos atuantes: Prender, conter, cortar, despedaçar, acorrentar, destruir, arrasar.

Ervas Mornas: abre caminho, anis estrelado, assa peixe, café folha, capim cidreira, carqueja amarga, catuaba (pau de resposta), cavalinha, damiana, gengibre, levante, manga folha, marapuama (quebra facão), menta, pau pereira, pau tenente, pitanga folha, colônia, peregun (dracena) verde, peregun (dracena) rajada.
Verbos atuantes: ordenar, induzir, conduzir, encaminhar, fortalecer, proceder, readaptar, recalibrar.


XANGÔ
Ervas Quentes: angico, aroeira, arruda, jurema preta, urucum, garra do diabo, folha do fogo, pára-raio, urtiga (lenho).
Verbos atuantes: Purificar, sacudir, tremer, arder, endurecer, derreter, dissolver.

Ervas Mornas: Barba de velho, barbatimão, café folha, carapiá raiz, cipó bravo, cipó são joão, hibisco flor, ipê roxo, manjericão roxo, noz de cola (obi seco), pau pereira, quebra pedra, romã casca do fruto, beterraba folhas, girassol flor, lantana.
Verbos atuantes: equilibrar, racionalizar, reforçar, proteger, energizar.


OXUM
Ervas Quentes: cipó cabeludo/cipó seda, buchinha do norte.
Verbos atuantes: amolecer, aprofundar, aproximar, misturar, confundir, expulsar, empedrar, estreitar, corroer (pelas águas), granular (reduzir a grãos).

Ervas Mornas: Alfavaca, calêndula flor, camomila flor, canela, carqueja amarga, catuaba/pau de resposta, damiana, graviola folha, imburana semente, laranjeira folha, macela flor, manjericão, melissa folha, menta, pata de vaca, poejo.
Verbos atuantes: abastar, prosperar, conceber, florescer, agregar, unir, aproximar, flexibilizar, melhorar, receber.

Ervas Frias: malva cheirosa (rosa), rosas, erva doce, macela flor, melissa, patchouly, maçã.
Verbos atuantes: atrair, agregar, unir, aproximar, flexibilizar, melhorar, receber.


YEMANJÁ
Ervas Quentes: Erva de bicho, buchinha do norte, alho.
Verbos atuantes: invadir, transbordar, corroer, derramar.

Ervas Mornas: alfazema, anis estrelado, rosa branca, camomila flor, manjericão, erva de santa maria, mentruz, hibisco flor, manjerona, mulungu casca e raiz, noz moscada, margarida, sensitiva, arroz.
Verbos atuantes: gerar, fluir, sustentar, avolumar.


NANÃ
Ervas Quentes: cipó suma, pinhão roxo, chorão, peregun roxo.
Verbos atuantes: afogar, decantar, alagar.

Ervas Mornas: alfavaca, alfazema, assa peixe, bardana folhas, camomila flor, cana do brejo, capim rosário, confrey, erva de santa maria, mentruz, hibisco flor, mulungu casca e raiz, noz moscada, sete sangrias, trapoeraba.
Verbos atuantes: apaziguar, regenerar, renovar, converter, amadurecer.


OMOLU/OBALUAYÊ
Ervas Quentes: alho desidratado, casca de alho, cipó cabeludo, dandá, olho de cabra, orégano, pinhão roxo, valeriana, garra do diabo, picão preto, mamona roxa, urtiga, peregun roxo, chorão, cebola desidratada, casca de cebola, cipó cruz, fumo (tabaco).
Verbos atuantes: contagiar, decantar, transmutar, reduzir, esvaziar, paralisar, tornar pó, ceifar, definhar.

Ervas Mornas: barba de velho, sálvia, damiana, salsaparrilha, sete sangrias, trapoeraba, sabugueiro flor, beterraba flor, catinga de mulata, ipê roxo, lantana, umbaúba, arroz, velame, alcachofra folhas, angélica raiz, capim rosário, chapéu de couro, cravo da índia, manjericão, manjericão roxo, noz de cola (obi seco), verbena, beterraba folhas, mirra, folha de fogo.
Verbos atuantes: curar, extenuar, secar, abreviar, estabilizar, flexibilizar, sanar, sarar, converter.


EXU
Ervas preferenciais: Casca de alho, casca de cebola, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Vitalizar, desvitalizar, escurecer, sufocar, extinguir, arrastar, atrofiar, separar, dividir, cair, cobrar, convencer, obstruir, tapar, entre muitos outros.


POMBA GIRA
Ervas preferenciais: Patchouly, malva rosa, rosa vermelha, canela, amora, hibisco, pitanga, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Estimular, desestimular, desenvolver, alegrar, esterilizar, excitar, entre muitos outros.


EXU MIRIM
Ervas preferenciais: Casca de alho, casca de cebola, carapiá, laranja seca, limão, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Ganhar, ocultar, complicar, descomplicar, desenrolar, entre muitos outros.


Vale ressaltar, e eu sempre digo isso no que se refere à Guias de Trabalho, que o uso das ervas por eles varia muito. Depende da situação, depende do que é preciso fazer. Especifiquei as de Exu, Pomba Gira e Exu Mirim como um norteio das ervas mais usadas. Guias de direita usam diversas ervas e os Ciganos gostam muito de se valer das flores, mas como disse, tudo depende.
Agora vamos às dúvidas:


Uso de ervas diferentes para Orixá
Lembrando que nas ervas englobamos flores, raízes, sementes, folhas, etc.
Assim sendo, você em algum momento precisa de flores amarelas para Iansã e não encontra (situação hipotética). O que fazer?
Acredito que a intenção vale muito nesses casos. Não vejo problema algum em oferendar uma rosa branca para Iansã, na falta de qualquer flor amarela. Como disse, é uma situação hipotética e muito improvável já que temos uma gama extensa de coloração de flores, mas creio que tudo pode se adequar.
Iansã (ou qualquer outro Orixá) não vai negar nada oferendado com tanto amor. Além de que o branco é uma cor universal, e secundária de todos os Orixás.
Quanto às plantas: você precisa de uma erva quente muito difícil de achar. Ora, arrume outra erva; sendo quente, acredito que se obterá praticamente o mesmo resultado, e quando encontrar a que precisava, compre e guarde para quando precisar de novo. Quase tudo na espiritualidade pode ser ajustado!

Uso de ervas na cabeça
Esse é um tabu desde que a Umbanda é Umbanda.
Pra mim, como falei rapidamente na postagem anterior, não vejo problema em utilizar ervas mornas e frias na cabeça, até porque o amaci é aplicado diretamente na cabeça. As ervas quentes, entretanto, eu já não acho muito recomendável fazer com frequência, e creio ser daí a orientação dos Guias sobre não jogar o banho de defesa na cabeça: pra não criar o hábito de se fazer sempre.
Isso é uma doutrina que pode variar de terreiro para terreiro, e principalmente, depende do bem estar da pessoa para fazer isso com tranquilidade. Mais do que seguir uma recomendação por seguir, é avaliar a sua vontade e estar confortável para fazer algo. Sempre.

Vale ressaltar que qualquer pessoa pode se valer das ervas e de outros elementos para poder alcançar um objetivo benéfico. Não é necessário ser médium para utilização das ervas (salvo amaci que depende da aplicação de um pai ou uma mãe de terreiro). Precisamos quebrar o misticismo de que somente os médiuns detém o poder dos elementos da Umbanda. Tudo feito com amor, bom senso, responsabilidade e visando o bem maior, pode ser praticado por qualquer um de nós.


Termina aqui essa postagem sobre ervas e seu uso na Umbanda, mas naturalmente, outros assuntos relacionados ainda irão aparecer no blog! Fiquem à vontade para debater e/ou perguntar algo aí nos comentários. Paz e luz!

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O tema Ervas é muito amplo, para tanto eu recomendo mesmo conhecer o trabalho do sacerdote umbandista Adriano Camargo. Quase tudo que sei sobre ervas na umbanda veio dele. Ele também escreveu um livro sobre o assunto, vale a pena conferir!
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