terça-feira, 17 de março de 2015

Ferramentas e Elementos de Trabalho

Ferramentas e Elementos de Trabalho
Imagem: editadas em conjunto / Google.
Seguindo a ideia do texto anterior, posto hoje mais ferramentas e elementos de trabalho e seus significados. Alguns deles são utilizados coletivamente, outros não.
Importante frisar que também estes elementos, assim como tudo num terreiro, devem ser tratados com cuidado.

Alguidar: O alguidar, na cultura do Candomblé, significa a terra. Antigamente, todas as oferendas eram feitas direto na terra; hoje em dia, por conta da modernidade e da maioria dos terreiros serem de cimento ou pisos, passou-se a utilizar o alguidar como símbolo da terra, sendo este de barro. Na Umbanda o conceito é o mesmo, e o alguidar tem largo uso nas ritualísticas e no dia a dia do terreiro, sendo utilizado para servir comidas, para oferendas externas, para queimar velas e outros materiais, etc. São diversos os tamanhos, podendo ser fundos ou rasos.

Búzios: Os búzios, apesar de muito conhecidos no Candomblé por serem usados para o Oráculo de Ifá, possuem larga utilização também na Umbanda. São usados em muitas casas em rituais de assentamento e coroamento de médiuns, jogo de búzios (quando a casa tem esse fundamento), contra-eguns, ferramenta específica de um Guia ou na confecção de guias (neste caso tem a função de firma que fecha a guia, já que sendo um elemento oriundo das águas, simboliza a vida e agrega energias vitais puras, além do búzio ser um elemento em comum de todos os Orixás).

Gamela: A origem do uso da gamela está presente em uma lenda do Candomblé, a qual diz que Xangô é castigado por Oxalufã e assim condenado a comer em uma gamela de madeira para sempre, e então as oferendas a Xangô são feitas sempre na gamela. Na Umbanda usa-se a gamela tanto para se oferendar a Xangô e outros Orixás, quanto como vasilhame de uso geral, podendo abrigar água, ervas, alimentos e outros materiais. Por ser de madeira pode ser usado em diversas ritualísticas.

Patuá: O patuá, conhecido também como amuleto, pode ter muitas formas. Um patuá comum na Umbanda geralmente é constituído de um pedaço de tecido costurado com elementos magísticos dentro. Esses elementos geralmente são ervas, como alecrim, arruda, casca de alho, etc. É confeccionado pelo pai ou mãe da casa conforme pedido da entidade, e é cruzado por ela. Também pode ser feito de fitas de cetim ou ser comprado pronto, como no caso de pingentes específicos (como estrela, figa, olho grego, etc.) ou fitas do Senhor do Bonfim. O patuá protege a pessoa, fazendo com que toda (ou grande parte) da negatividade que recai sobre a pessoa seja direcionada ao patuá. Seu uso destina-se a pessoas que não são médiuns ou médiuns que precisam desse amparo em algum momento (médiuns em desenvolvimento, por exemplo) ou médiuns que, mesmo tendo a proteção constante de seus Guias, gostem de amuletos. Recomenda-se que o patuá feito de ervas seja levado ao terreiro para que possa ser descarregado, se não, com o tempo, ele não terá mais utilidade com tanta carga negativa que está segurando. No caso dos amuletos de outros materiais, se foi cruzado no terreiro também é preciso descarregar, mas pode ser feito com menos frequência dependendo do material que é feito. 
Em caso de perda do patuá, não se deve preocupar. Certamente a vida útil daquele patuá já se esgotou ou tamanha foi a carga que não pôde suportar, devendo ser substituído.

Pemba: A Umbanda tem no uso da pemba um dos seus recursos mágicos, e ela pode ser usada de várias formas, tais como: riscar pontos cabalísticos, cruzar médiuns, fazer dela pó purificador, limpar pessoas, cruzar imagens ou outros objetos ou para outros fins magísticos. 
A pemba é um elemento mágico mineral, podem ser consagradas ou não, tudo depende da orientação dos Guias espirituais. É muito comum os Guias riscarem pontos quando vão trabalhar, tendo significados e objetivos diversos que só o Guia sabe. Cada um com seu próprio ponto, raramente repetido por outros Guias, ainda que alguns símbolos e signos sejam comuns.
Quando uma entidade se utiliza da pemba para riscar os pontos, ela está movimentando energias sutis que, dependendo dos sinais, pode atrair ou dissipar energias. Quando a pemba é magnetizada por uma entidade, se torna um grande fixador de energias, e a cor da pemba varia de acordo com as regras de cada centro e de acordo com cada Guia ou Orixá, mas normalmente a mais usada é a branca. 

Pólvora: Também chamada de fundanga, a pólvora costuma ser usada em trabalhos de limpeza. Seu uso desloca o éter para a desintegração de campos de força muito densos de pessoas e ambientes. Nos terreiros é conduzido, principalmente, por Exus e Pomba Giras, onde no momento da queima da pólvora, ocorre uma desobsessão em massa do filho favorecido no centro do círculo. É preciso lembrar que todo material utilizado no terreiro compõe um elemento magístico muito poderoso, é preciso ter cuidado com sua manipulação, e só deve ser utilizado por médiuns quando realmente necessário.

Quartinhas e Quartilhões: As quartinhas e quartilhões são muito usados nos terreiros para, principalmente, assentar fundamentos e guardar elementos. As quartinhas são as pequenas, os quartilhões são os grandes, sendo de barro ou louça. São usadas para assentar ou firmar elementos de Orixás ou Guias de Trabalho conforme a necessidade da casa ou do médium que realiza o ato religioso, quando não se pode, por exemplo, enterrar um poder. As quartinhas e quartilhões também abrigam elementos como a água, um fator preponderante na Umbanda. A água tem o poder de absorver, acumular ou descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica. A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego. Servem de ímã espiritual para o médium, tanto o lado bom ou ruim que lhe desejam ou que assimila durante os trabalhos, nas giras ou simplesmente no que acontece diariamente. Todos os fluidos são absorvidos pelas energias constantes da água contida nas quartinhas. Uma quartinha é algo pessoal e não deve ser manipulado por mais ninguém além de seu dono.
Quando assentamos ou firmamos elementos de uma força divina (Orixá) ou elementos de um Guia em uma quartinha, estamos oferecendo a eles condições para desenvolverem seu trabalho e suas forças e assim irradiarem energias sagradas para a casa, para os médiuns e para os consulentes. É um receptáculo de energia.
Quanto à forma de fazer ou que tipo usar, cada casa tem um fundamento; cada dirigente aprendeu de um jeito. Uma delas é que independente se firmeza ou assentamento para Orixá ou Guia masculino, usamos a quartinha sem asa. E para Orixás e Guias femininos quartinhas com asas. Outro modo é que se for um assentamento, a quartinha pode ser sem asas, independente se forem masculinas ou femininas. Tudo isso, é claro, como forma de diferenciação e facilidade no dia-a-dia; um receptáculo igual, tendo como diferença apenas as asas não influencia na essência da energia. 
Alguns terreiros também têm como fundamento fazer a quartinha do anjo da guarda de todos os filhos que ali frequentam e mantê-las sob os cuidados do dirigente em um cômodo do terreiro destinado para esse trato. É um costume cada vez mais raro na Umbanda.

Sal Grosso: O sal grosso é considerado um potente purificador de ambientes. Povos distintos usam o sal para combater o mau-olhado, e deixar a casa a salvo de energias nefastas. Ele tem o mesmo comprimento de onda da cor violeta, capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos. Visto ao microscópio, o sal bruto revela que é um cristal, formado por pequenos quadrados ou cubos achatados, por isso emite ondas eletromagnéticas que podem ser medidas pelos radiestesistas. 
O sal na Umbanda é usado principalmente para banhos e limpeza de ambientes (terreiros e casas). No banho, é da seguinte forma: após o banho convencional, deixe um punhado de sal grosso escorrer do pescoço para baixo, embaixo da água do chuveiro. Banho de sal grosso e o antigo escalda-pés (mergulhar os pés em salmoura bem quente) têm o poder de neutralizar a eletricidade do corpo; para quem mora longe da praia é um ótimo jeito de relaxar e renovar as energias. Não são aconselháveis banhos frequentes com o sal, a não ser que seja expressamente indicado por algum Guia do terreiro. É comum também fazer um banho de ervas depois do banho de sal grosso para que, após o corpo ser neutralizado, ele possa ser energizado com as propriedades das ervas mornas. Para limpeza de ambientes, misturar sal grosso e alfazema líquida num balde com água para limpar o chão é muito benéfico.


Falarei nas próximas postagens sobre o uso dos cristais, guias e velas. Paz e luz!

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