sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ritual Fúnebre na Umbanda

Ritual Fúnebre na Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução / Google
Assim como em outros rituais importantes em nossa vida, a Umbanda tem um método próprio para conduzir o ritual fúnebre de um irmão que deixa esse mundo.
Esse texto eu copio de uma publicação no site Umbanda, eu curto!, por achá-lo muito completo e explicativo, com pequenas alterações para fins de formatação. É claro que podem haver diferenças de terreiro para terreiro, cada sacerdote pode ter seu próprio modo de fazê-lo, se algum dia o fez. E digo "se o fez", porque muitos adeptos da religião de Umbanda (incluindo seus médiuns e sacerdotes), acabam recorrendo à religião católica para realizar batizados, casamentos e a encomenda do corpo. Desta forma, muitos sacerdotes nunca realizaram esses rituais, embora saibam (ou possam aprender) como realizá-los.
Segue, então, o ritual integral:

O funeral umbandista é dividido em duas partes: purificação do corpo e do espírito, que acontece somente com a presença do Sacerdote, ajudante e um parente, e depois a cerimônia social para encomenda do espírito realizada no velório e no túmulo.

Primeira Parte: Purificação (realizada ainda no necrotério, antes de vestir e preparar o corpo)
Purificação do corpo com incenso: Primeiro ato para a purificação energética do corpo físico e do espírito que na maioria das vezes ainda está próximo ao corpo. Caso não esteja, o corpo é seu endereço vibratório e onde estiver o espírito o mesmo receberá esta purificação. As ervas queimadas na brasa propagam através do ar suas qualidades purificadoras e imantadoras do espírito;

Purificação do corpo com água consagrada: É o mesmo que água benta; neste momento cria-se uma diluição de qualquer energia material ainda presente no corpo e no espírito do desencarnado;

Cruzamento com a pemba consagrada: Neste ato se faz uma cruz na testa, garganta, peito, plexo, umbigo e costas das mãos e pés para desligar qualquer iniciação ou cruzamentos feitos na encarnação desobrigando o espírito a responder aos iniciadores do plano físico, que desta forma se neutraliza;

Cruzamento com óleo de oliva consagrado: Repete o ato de cruzamento acima e também cruza o ori (coroa) para que libere do chakra coronário qualquer firmeza de forças purificando o espírito e o livrando de qualquer chamamento por alguém que se acha superior querendo prejudicar o desencarnado;

Aspergir com essências e óleos aromáticos: Aspergir todo o corpo para criar uma aura positiva e perfumada em volta do espírito, protegendo-o de qualquer entrechoque energético.



Segunda Parte: Cerimônia (realizada no velório e no enterro)

Apresentação do Falecido: Alguma pessoa escolhida irá ministrar algumas palavras positivas sobre a vida e a pessoa do desencarnado;

Palavras sobre a missão do espírito que desencarna: Explicações do Sacerdote sobre a vida eterna e o conceito de pós-morte;

Prece ao Divino Criador Olorum (Deus);

Canto a Oxalá: O Sacerdote com a Curimba entoa uma música em louvor a Oxalá, caso o desencarnado seja umbandista;

Hino da Umbanda;

Canto a Obaluayê: O Orixá das passagens é louvado para que receba e encaminhe o desencarnado;

Canto ao Orixá Regente do desencarnado: Caso seja umbandista;

Despedida dos presentes na cerimônia: Os presentes se despedem do falecido;

Fechamento do Caixão;

Transporte do corpo ao cemitério;

Enterro do corpo: Após o caixão ser colocado na cova, o Sacerdote assopra uma fina camada de pó de pemba consagrada para proteção etérica do desencarnado e após isto se cobre com a terra;

Cruzamento da cova onde o falecido foi enterrado: Após o túmulo ser fechado, o Sacerdote cerca o mesmo com pó de pemba criando um círculo protetor à sua volta e acende quatro velas brancas formando uma cruz, sendo uma na cabeça do tumulo, outra no pé, outra na esquerda e outra na direita. Este procedimento é para garantir a proteção do corpo e do espírito para que não seja profanado por espíritos malignos.


Vale lembrar que embora sintamos saudades e estejamos tristes pela partida de um ente querido, devemos nos lembrar que esse é apenas o final de um ciclo e o início de outro. O espírito desse irmão necessita saber que seus entes queridos estarão bem após sua partida, para que ele próprio possa completar sua passagem de forma tranquila.

Comentários explicando sobre outras ritualísticas serão muito bem vindos, compartilhe conosco!
Saravá!

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Fontes:

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Tatuagens na Umbanda

Tatuagens na Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução / Google
As tatuagens são, hoje em dia, muito populares mas ainda dividem opiniões; e as religiões são geralmente as principais responsáveis pela proibição.
É reconhecido de que já na pré-história existiam indícios da existência de povos que cobriam o corpo com desenhos. Os antigos guerreiros tinham nas cicatrizes motivos de orgulho e honra, já que era um sinal de força e vitória - e assim o homem passou a desenvolver formas de tatuagem (com tintas vegetais) para a marcação voluntária de seu corpo como forma de identificação. Cristãos possuíam símbolos que os identificavam, assim como guerreiros e grupos de qualquer finalidade. Mesmo escravos e prisioneiros eram marcados para que seus senhores os reconhecessem.
Obviamente, o sentido da tatuagem foi se modificando e hoje em dia já não é mau visto como antigamente (embora ainda haja rejeição por parte da sociedade), pois deixou de ser vista como algo sujo e que remeta à criminalidade. Hoje as tatuagens são utilizadas para expressão pessoal, e grande parte são verdadeiras obras de arte. 
Como dito, muitas religiões proíbem seus adeptos, como o Cristianismo em geral. Não é o caso da Umbanda, do Candomblé e de muitas religiões indígenas (que inclusive utilizam a pintura corporal como parte da ritualística e identificação da hierarquia de seus adeptos).
A Umbanda, por si só, não proíbe ninguém de absolutamente nada. O que pode haver é a opinião de um sacerdote, que possa, através de suas impressões pessoais, orientar seus filhos a não fazer determinada coisa - mas aí é necessário explicar o porquê e jamais proibir - no final, sempre existirá o livre arbítrio.
Desta forma, não há motivos dentro da religião de Umbanda para que a tatuagem seja proibida; cada um faz se assim quiser. Seu corpo é seu templo, é a morada de seu espírito, então apenas você sabe o que é bom para si, e só a ti pertence o direito de fazer com ele o que bem entender - em todos os sentidos. 

A Umbanda não faz objeções para desenhos de qualquer espécie - muitas vezes eternizamos em nossa pele o amor por um livro, filme, série, banda, time de futebol ou qualquer outro elemento terreno. O mesmo ocorre para as homenagens a Orixás (como a tatuagem de Yemanjá desta postagem), Guias e outros símbolos de nossa religião. O que necessita de cuidado e bom senso são os pontos riscados e símbolos/selos sagrados em geral; se é algo indicado e que existe uma explicação bem fundamentada para tal, se é para fins de proteção ou por outro motivo que, de qualquer forma, será feito com grande respeito.
E é bom lembrar que os pontos riscados da Umbanda são portais - evocam energias para os mais diversos fins. Por mais que sejam benéficos, riscá-los deliberadamente pode trazer complicações para controla-los.
É preciso tomar cuidado também com símbolos mágicos de natureza obscura. A primeira vista são muito legais, mas seu verdadeiro significado pode trazer complicações para a vida de quem as têm cravado em si. Nós Umbandistas bem sabemos o poder de um símbolo, certo?
Por isso é importante pesquisar a fundo sobre um símbolo antes de tatuá-lo em nosso corpo. Bom senso é regra na vida.

No mais, a coisa é bem simples: se te causar desconforto e/ou constrangimento, não faça. Se você quiser e se sentir feliz, faça!
Saravá!

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Fontes:

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sacerdotes de Umbanda

Sacerdotes de Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Zilméa e Zélia, filhas carnais e sucessoras de Zélio
de Moraes. Editada com enquadramento / TENSP 
Muito se diz sobre sacerdotes na Umbanda.
Já vi coisas muito estranhas sobre sacerdotes e sacerdotisas, pessoas que se acham acima do bem e do mal e tem seus estranhos atos justificados pela função que a espiritualidade lhe conferiu.
CALMA LÁ!

Sacerdotisa e sacerdote, mãe e pai de santo, yalorixá e babalorixá, dirigentes, enfim. Os responsáveis pela casa são médiuns experientes dentro da religião que foram preparados para este fim, possivelmente porque demonstraram interesse em se tornar pai/mãe e principalmente, porque a espiritualidade já o vem preparando pois o sacerdócio é parte de sua missão na religião.
E nem vou citar os pseudo-sacerdotes que cobram por atendimento, intimidam e fazem mau aos outros porque isso não corresponde à religião de Umbanda.

O coroamento do médium
O coroamento acontece quando a espiritualidade permite, geralmente após sete anos de trabalho de incorporação ativa na Umbanda. O médium já foi batizado e já passou por outros rituais da casa a qual faz parte. Já aprendeu muita coisa e continua aprendendo. Absorve diariamente os ensinamentos de seus sacerdotes e procura aprender sempre mais.
O coroamento é um ritual que, conforme varia de casa a casa, torna apto aquele médium de assumir a liderança de uma casa já existente ou uma que ele próprio irá abrir.
Existem sim sacerdotes que não foram coroados por um outro sacerdote ou sacerdotisa, mas possuem os atributos necessários e principalmente, foram abençoados pela espiritualidade. Fazem um trabalho sério da mesma forma que os coroados.
A diferença é que com o coroamento, o médium tem sua coroa mediúnica mais bem protegida (o que o não-coroado também terá com o tempo), tem a bênção e o preparo direto de seus Orixás e Guias e o próprio médium se sente mais confiante, além de ter sido orientado por um sacerdote/sacerdotisa experiente sobre o dia a dia do terreiro, rituais e outras preparações. Além de outras etapas que eu ainda não conheço pessoalmente, mas sei que são essenciais.


Características de um dirigente
Tal como no mundo dos negócios, a Umbanda não permite mais "chefes", e sim líderes. Pais e mães que respondem um questionamento com "porque sim" já não são mais vistos com bons olhos. Um bom sacerdote está sempre aprendendo com a espiritualidade para passar a informação pra frente. Dirigentes que fazem segredo com rituais, não explicam nada e somente mandam estão sendo deixados por seus filhos.
Um bom dirigente:

- É proativo, sabe que um médium ou adepto da Umbanda nunca pára de aprender, então busca, por si próprio, se reciclar. Revisa antigos conceitos, aprimora rituais e aprende coisas novas;
- É humilde, respeita a vontade da espiritualidade e reconhece outros sacerdotes como iguais;
- Sabe que independente da hierarquia do terreiro, cada filho merece ser tratado com igual amor e respeito, e a todos dedica igual atenção;
- Segue à risca o que foi dito pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas: aprende com os que sabem mais e ensina os que sabem menos. Não tem medo de compartilhar seus conhecimentos;
- Está sempre disposto a sanar dúvidas de seus filhos e da comunidade umbandista em geral, e se não sabe a resposta do que foi perguntado, busca entender para poder enriquecer seu conhecimento e para poder responder de forma correta a quem perguntou;
- É humano e como tal, imperfeito. Mas busca viver a vida de forma a ser um exemplo para seus filhos;
- Pratica a Umbanda dentro e fora do terreiro;
- Possui compaixão e empatia, está ao lado de seus filhos não só na vivência umbandista, mas também nos problemas da vida;
- Sempre cumpre com sua palavra;
- É responsável e sério com os rituais de sua casa. Sabe que cuidar da mediunidade de outra pessoa, auxiliando-a a desenvolver e ter controle para caminhar por si só, é algo delicado;
- Sabe que ser pai/mãe é algo que transcende seu terreiro. Mesmo que seu filho seja coroado e abra sua própria casa, você sempre estará por perto para quando seu filho precisar, e aprenderá com ele;
- É o primeiro a chegar na casa e o último a sair. Não se sente diminuído por limpar o chão e não se envaidece quando seus filhos pedem a sua bênção;
- É responsável e sério com sua religião.


Cursos online e estudos presenciais
São úteis e de grande ajuda. Eu apoio os cursos online e os estudos presenciais, pois o estudo na Umbanda (seja ele da forma que for) é essencial. Mas é importante frisar que cursos de sacerdócio e outros cursos específicos NÃO FORMAM sacerdotes aptos a comandarem uma casa. Somente a experiência aliada ao conhecimento com a permissão da espiritualidade é que torna o médium um dirigente.
Certificados de cursos não valem de absolutamente nada para a espiritualidade.


Papel social e limitações
Ao contrário dos sacerdotes católicos que não podem se casar e possuem diversas outras limitações, os sacerdotes umbandistas possuem uma vida absolutamente normal. Se casam e tem filhos se quiserem, trabalham com o que preferir e vivem a vida conforme sua verdade, podendo tomar uma cervejinha no fim de semana e frequentando festas como qualquer outra pessoa. Assim como os adeptos da religião, sua cor, sexo, orientação sexual, condição financeira e social e preferências pessoais pouco importam para se tornar um dirigente - basta ter amor, responsabilidade, comprometimento e preparo.
O dirigente deve, no entanto, por em prática os ensinamentos de sua religião e ser um agente vivo daquilo que prega. Sempre.

Salve a coroa de todos os dirigentes da Umbanda!
Saravá!
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