quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O deslumbramento do começo da Umbanda (e alguns enganos que se estendem)

O deslumbramento do começo da Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Sabe aquela empolgação e deslumbramento que a gente tem no começo da vivência na Umbanda e na mediunidade? Então... Alguns dos "maus hábitos" que adquirimos nessa fase, nos perseguem anos à fio. Já li um texto falando de guias que citava esse comportamento, mas não especificando a abrangência do negócio. Resolvi escrever sobre isso agora, já que é algo que eu acredito acontecer com pelo menos 90% dos médiuns (principalmente se o médium for jovem).
Se alguém souber ou for o autor de um texto sobre o mesmo assunto, posta aí nos comentários!

A Umbanda e a mediunidade como uma grande novidade 
Não dá pra negar: a Umbanda é cheia de surpresas. Há uma grande variedade de cores, cheiros e sons. Mesmo no terreiro mais simples, a beleza da religião encanta qualquer novato.
Os médiuns em desenvolvimento ficam ainda mais deslumbrados, pois começam a vivenciar tudo "do lado de dentro", acompanhando os rituais com muita curiosidade. Muito é pesquisado e muito é perguntado, o que é muito positivo.

Tudo é espiritual
Esse é um "problema" que acompanha até uma parcela dos médiuns e consulentes mais experientes. Desordens comuns do dia a dia passam a ser vistas como demandas enviadas por terceiros, ou mesmo vibrações negativas causadas por inveja, raiva, etc. Sim, nós sabemos que tudo isso é real e que realmente nos afeta, mas também não é assim. Uma simples dor de cabeça se torna uma demanda que necessita de velas e, quiçá, trabalhos! Claro que no começo nossa energia vai se alterando, principalmente nos médiuns em desenvolvimento - a sensibilidade aumenta e passamos a sentir (e diferenciar) energias diversas, e por ser tudo novo para a maioria, a cabeça não ajuda e logo começa a fantasiar.
Muitos de nós fomos assim! Mas o importante é desenvolver também o bom senso. Como eu disse, existem sim demandas preparadas e pessoas mal intencionadas que vibram energias negativas (o famoso "torcendo contra"), mas vamos com calma!

Compras desnecessárias e enganos
Quem nunca soltou um "É pro Guia!" ?
É preciso ir devagar, porque muito se faz em nome de uma entidade e nem sempre isso corresponde à realidade. O maior exemplo disso é a quantidade de paramentos utilizados por alguns médiuns. Julgo, sim, que na maioria das vezes isso tudo é desnecessário. Por isso que aqui mesmo no blog eu separo itens de trabalho em categorias diferentes (uma para Ferramentas e outra para Vestimentas e Paramentos). Uma ferramenta é algo necessário ao trabalho do Guia, paramento nem sempre.
Agrados podem ser oferecidos, caso a pessoa possa e queira comprá-los. Um copo bonito, um anel... Porque não? Mas acho muito tênue a linha entre o agrado e a vaidade, por isso é legal ir com calma no começo pra não comprar um monte de coisas que, no fim das contas, não serão utilizadas. Perde-se um bom dinheiro com isso.

A vaidade chega junto
É preciso ter muito cuidado com a vaidade, principalmente quando se é médium. Alguns umbandistas se acham superiores às outras pessoas por """ter acesso à informações da espiritualidade que outras pessoas não tem""", com bastante aspas. No começo da mediunidade, muitos filhos acabam achando que são super herois, dotados de poderes espirituais fantásticos.

Excesso de confiança (transferência de responsabilidade)
Esse é outro que acompanha os mais experientes também. O excesso de confiança, nesse caso, refere-se à transferência de responsabilidade. Exemplo: "ninguém rouba meu carro, meu Exu protege!".
É como tirar a responsabilidade de si e depositar na espiritualidade, ignorar aspectos materiais à que todos estamos sujeitos. Ser um adepto da Umbanda (sendo consulente ou médium) não nos torna imune à tudo que nos cerca. Temos, sim, quem nos guarda e nos protege, mas convém trancar direitinho a casa antes de dormir, certo? Fazer o seguro do carro, utilizar de meios de segurança materiais. Parece meio óbvio, mas...
É preciso reforçar: a Umbanda não faz de ninguém super heroi. A Umbanda resolve sim casos materiais, mas, novamente, a linha é tênue entre o exagero e o bom senso.

Dependência de aprovação
Perguntas como "Devo ir à festa do João?", "Devo comprar uma casa agora?", "Será que eu devo sair do meu emprego?" podem ser frequentes para algumas pessoas!
As máximas da Umbanda são as orientações e os aconselhamentos, além é claro, dos passes. Quem não gosta de ter uma boa conversa com a Entidade que tem grande afinidade e carinho e sair do terreiro bem mais leve? Muitas pessoas gostam de ouvir uma palavra amiga antes de tomar uma decisão, ainda mais de um Guia! Mas muitos médiuns e consulentes acabam "viciados" na consulta, e quase não conseguem dar um passo em frente sem antes consultar uma Entidade. A religião perde seu sentido.


A Umbanda não existe pra que fiquemos dependentes dela. Cada passo, cada escolha, é de inteira responsabilidade nossa. É o livre arbítrio.
A Umbanda existe para que manifestemos nossa espiritualidade nela, de forma livre e tranquila, para nos auxiliar em nossa evolução pessoal - nos tornarmos melhores para melhorar o mundo. Algo que eu acredito que qualquer religião deve fazer: te tornar uma pessoa melhor.

Paz e luz!
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