quinta-feira, 16 de julho de 2015

Linha de Baianos

Linha de Baianos
Imagem: Baianos da Umbanda. Editadas em conjunto / Google

Essa linha é regida por Yansã, embora cada Baiano e Baiana venha na irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são filhos de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios.
A Linha dos Baianos da Umbanda engloba não só os espíritos da Bahia, mas do norte e nordeste brasileiro como um todo. Possuem também uma ligação com o Orixá Oxalá, já que seu arquétipo de louvação diz respeito a questões da Fé e Religiosidade. Muitos viveram ou passaram parte de sua vida em Estados dessa região, em contato com os Mestres do Catimbó e da Pajelança indígena. Manifestam-se, em geral, de forma alegre e movimentada e gostam de uma boa conversa. São firmes, parecem “feitos de fé”. Não se cansam de louvar “o Senhor do Bonfim”. O Povo Baiano vem ao Terreiro para nos trazer seu axé, sua energia positiva, e têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para as nossas dúvidas e questionamentos. Na sua forma de trabalhar, trazem muito das qualidades de Yansã: são bastante ativos, movimentadores, irrequietos, despachados e descontraídos. Sua dança tem movimentos característicos, com gingados, “pisadas” e giros que dissolvem as energias densas acumuladas no ambiente e nas pessoas. Também são bons orientadores e doutrinadores. Sabem ouvir, dar bons conselhos e levantar o ânimo dos entristecidos. Neste caso conversam bastante, transmitindo conforto e segurança ao consulente. São consoladores por natureza.
Os Baianos nos contagiam com suas energias de alegria e de firmeza e nos ensinam a perseverar diante dos obstáculos, através da sua magia peculiar e das suas brincadeiras sadias. Alguns, entretanto, podem ser um pouco mais sérios, o que também é normal na linha.

Seu magnetismo é forte. São decididos ao ponto de nos fazer sentir mais leves e animados, o que nos leva a tomar um novo rumo na vida e a obter conquistas espirituais e materiais. Os Baianos nos ensinam muitas coisas. Seu magnetismo, entre outras coisas, estimula cada pessoa a não estagnar diante dos problemas, a não lastimar, mas agradecer pela vida e ir em frente; a confiar em si e na Providência Divina e montar um plano de ação para começar a resolver pendências, a cuidar bem de si mesmo, manter bons sentimentos e pensamentos firmes, através de orações, banhos, rezas etc. Nos ensinam a não olhar só “pro próprio umbigo”, ou seja, fazer alguma coisa em benefício dos mais necessitados, e lembrando que a maior ajuda é saber ouvir com respeito, dar uma boa palavra, fazer uma oração na intenção do necessitado, etc.
Admiram a disciplina e a organização dos trabalhos. Sabem “dar disciplina” de forma direta, quando preciso, por influência da própria Yansã. São poderosos aliados da Umbanda e nos ajudarão em tudo o que for permitido pela Lei Divina, mas desde que a pessoa não tenha má índole. Porque Baiano “não tem osso na língua” e diz o que tem a dizer, quer goste ou não. Seu objetivo é nos ajudar a manter uma conduta reta na vida, para que a Lei e a Justiça Divina nos amparem. Baiano é alegre, Baiano brinca. Mas também sabe falar sério, e nessas horas não corta caminho, vai direto ao ponto.
Quando precisam, trabalham na linha de esquerda para desfazer magias. Bons conhecedores do assunto que são, eles atuam fortemente na quebra de magias negativas, na desobsessão e na limpeza energética.
Suas oferendas podem ser feitas ao pé de um coqueiro ou palmeira, ou então no ponto de força do Orixá que os rege mais especificamente. Preferem os colares feitos de pedaços de coco seco e/ou de coquinhos e/ou de sementes (olho de boi, olho de cabra). Alguns intercalam búzios, pedras e mesmo contas de porcelana ou de cristal.

A origem da linha dos baianos remonta ao Astral. Organizaram-se, pouco a pouco, as Linhas de Trabalho Espiritual da Umbanda, a partir dos arquétipos do povo brasileiro. A de Caboclo homenageava o guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza, corajoso; a de Preto Velho destacava a sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da Mãe África; a das Crianças nos remetia à pureza infantil e à necessidade de despertá-la em nosso íntimo, bem como à valorização da infância e dos seus cuidados. Novas linhas foram se apresentando gradualmente, inclusive respondendo às mais novas e crescentes necessidades do nosso meio, já que toda essa estrutura de Trabalho Espiritual da Umbanda está voltada para a evolução da nossa humanidade e dos seres afins com a nossa realidade. Os Regentes Planetários fizeram por acompanhar as mudanças do nosso meio social e atender às necessidades humanas e, principalmente, humanitárias que delas emergiam. E não poderia ser de outra forma, pois a Umbanda é uma religião brasileira e reflete os valores culturais e religiosos do nosso povo. Assim, a cada Gira de Umbanda manifestam-se as diferentes qualidades, habilidades e saberes ancestrais desse nosso povo multicultural.

A Linha dos Baianos, também chamada de “Povo da Bahia”, traz uma referência ao início da descoberta do país, à colonização e às origens de um povo que é “a cara do Brasil”. A Bahia e seu povo sintetizam o grande “caldeirão” de diversidades que é o Brasil, seja quanto às origens dos povos que aqui vivem e convivem pacificamente, seja quanto aos seus valores culturais e religiosos etc. Com efeito, o povo baiano é fraterno, universalista, devoto, fervoroso, persistente, alegre, festeiro, cheio de ginga, de ritmo e magia. Há também as casas que englobam os cangaceiros na linha dos Baianos, como um só Povo da Bahia, já que Yansã também carrega em si as batalhas do dia a dia por uma vida melhor, exaltando a justiça em todos os setores da vida.
É cada vez maior o número de Baianos que se manifestam nos Terreiros de Umbanda, por isso encontramos Baianos e Baianas de todos os Orixás. Têm, ainda, um trânsito muito bom pelos caminhos de Exu.Vale lembrar que nem todos os Baianos que se manifestam na Umbanda realmente o foram em encarnações passadas. Como ocorre em todas as Linhas de Trabalho da Umbanda, esses espíritos agruparam-se por afinidades energéticas e especialidades de atuação, mas dentre eles há múltiplas origens. Quando um Baiano incorpora num médium e ouve, aconselha e direciona o consulente em sofrimento, ele está fazendo mais do que isto. Está mostrando que cada Povo tem seu valor, sua bagagem moral e cultural, seus valores religiosos e a “sua” maneira de fazer o Bem e que todos podem contribuir para o progresso comum. Acima de tudo, mostram que somos diferentes, mas isso não é ruim, pois o que de fato importa são os valores que carregamos no íntimo. E assim quebram-se preconceitos; sem alarde e sem armas de guerra. Isto se chama Fraternidade. Em silêncio e de forma simples, os Guias da Umbanda nos ensinam e auxiliam muito mais do que podemos imaginar, porque nos revelam que somos parte de uma única raça: a Raça Universal dos Filhos de Deus.


Símbolos de representação da linha: Cocos, coqueiros.
Cores: Amarelo, amarelo e preto, branco, vermelho.
Ferramentas: Cocos, facões, búzios, fitas, pembas, etc.
Flores: Girassol, cravo vermelho, palmas, gérberas amarelas e vermelhas, flores do campo e flores amarelas e vermelhas em geral.
Comidas: Frutas cítricas em geral, coco, cocada, farofa, rapadura, grãos, vatapá, bobó de camarão, cuscuz.
Bebidas: Aguardente, batidas de coco, licores, água de coco, caldo de cana, vinhos.
Fumo: Cigarros de palha, charutos, cigarros.
Pontos de Força: Pé de coqueiro e palmeira ou o ponto de preferência do Baiano.
Saudação: Salve a Bahia!

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Fontes:
Adaptação do texto original postado no site Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.

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