sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Linha de Ciganos

Linha de Ciganos
Imagem: Ciganos da Umbanda. Editadas em conjunto / Google

Os Ciganos inicialmente se manifestaram na Umbanda dentro da Linha do Oriente. Mais tarde, vieram como Linha autônoma e com um campo especializado de atuação, que se volta muito para a magia visando à prosperidade, à união das famílias, ao amor, à cura, à quebra de magias negativas, à superação de preconceitos e traumas e bloqueios emocionais. A magia cigana é muito ampla e não possui a regência de um Orixá específico, sendo Santa Sara Kali, padroeira dos Ciganos, a principal regente dessa linha tendo a subregência de todos os Orixás.
A linha traz o arquétipo de um povo muito antigo e místico, de alma livre, desapegado e, por isso mesmo, capaz de atrair a prosperidade no campo espiritual e material e de ensiná-la a quem precise. Popularmente, às vezes se pensa que os Ciganos eram apegados a joias e metais preciosos, mas o que ocorre é que esses valores eram de fácil transporte para eles, que eram nômades, e assim procuravam ter meios de subsistência. O desapego e o senso de liberdade aparecem na sua maneira de viver, que é sustentada em suas crenças, tradições e na valorização da família. Nunca se envolveram em disputas por domínio ou conquistas. Nem todos foram precisamente Ciganos quando em vida, muitos se agruparam por afinidade energética desta bonita linha.

Segundo a maioria dos pesquisadores da atualidade, a origem dos Ciganos está na Índia. Ao que tudo indica, de início não eram nômades, mas condições adversas os levaram a peregrinar. Alguns pesquisadores apontam que foram expulsos por invasores muçulmanos, por volta do século X, e daí em diante tornaram-se nômades. Os Ciganos são grandes conhecedores da magia, muito alegres, amantes da natureza, muito voltados para a família, serenos e sábios conselheiros. São especialistas em preparar remédios com raízes, folhas e pós. São portadores de uma Energia que favorece muito a prosperidade, pois estimula nas pessoas um sentimento de liberdade, de amor e celebração da vida, bem como o desapego, fatores indispensáveis para se atrair a ”boa sorte” e “a fortuna”. O Povo Cigano traz uma extraordinária bagagem cultural. Por sua natureza nômade, os Ciganos viveram em diversas regiões do mundo, acabando por somar aos próprios conhecimentos aquilo que assimilaram de tantas outras culturas. Ao longo da história, os Ciganos enfrentaram inúmeros preconceitos, desconfianças e acusações injustas, sendo banidos de muitas regiões do planeta. Eram fechados na sua maneira de viver, no sentido de que falavam um idioma próprio, não tinham escrita e tudo era passado oralmente. Por serem muito místicos, pareciam sempre misteriosos. Muitos foram presos e escravizados; grande número deles foi assassinado na Inquisição e, mais recentemente, pelo nazismo. Todos os povos têm entre si bons e maus elementos, e com os Ciganos não poderia ser diferente. O que não se pode é julgar todos pelo comportamento da minoria. A causa de tantas perseguições foi a sua cor de pele e a sua mística (seus dons), outro motivo nunca foi provado. Eles sofreram porque eram diferentes, e o que acontece até hoje.
Apesar de tudo isso, os Ciganos souberam preservar sua mística, sua alma livre e suas tradições culturais, inclusive a partir do idioma, o Romani (ou Romanês), até hoje é falado pela grande maioria dos Ciganos de todo o mundo. Eles mantiveram sua fé, suas crenças, sua sabedoria, sua magia, seu espírito livre de “cidadãos do mundo”, nunca lutaram por uma terra própria, não se apegaram a pedaço algum de chão. São “viajantes que dormem sob o teto das estrelas; filhos da Terra, da água, do vento, do sol, da lua, da chuva, do dia e da noite; e irmãos de todas as criaturas”.
Por toda a sua bagagem espiritual e cultural e por sua história de peregrinações e sofrimento, os Ciganos receberam do Astral Superior uma Linha de Trabalho que lhes rende homenagem. Não foram aceitos em alguns lugares, quando encarnados. Mas, ao desencarnar, conquistaram um Grau perante a Espiritualidade; vindo a somar suas forças às das demais falanges de trabalhadores da Umbanda, o que nos proporciona o privilégio de entrar em contato com esses espíritos antigos, que muito podem nos auxiliar com sua sabedoria de vida. Nos terreiros mais tradicionais os Ciganos ainda não são recebidos.

Trabalham na Vibração de Direita e Esquerda. Existem ainda alguns Exus e Pomba Giras Ciganas, Guardiões a serviço da Luz nas trevas, dentro dos seus campos de atuação, como todo Guardião. Os Ciganos gostam de música e dança. Suas Giras são envolventes, às vezes serenas, no entanto alegres e receptivas. Uma gira de Ciganos é aconchegante e acolhedora.
Usam muitos elementos magísticos, tais como: lenços e fitas coloridas, moedas, punhais, espelhos, taças, chaves, baralho cigano, dados, pedras, runas, leques, incensos, conchas, amuletos e talismãs. Podem se utilizar disso tudo ou não se utilizarem de nada; os Ciganos são uma linha de trabalho extremamente flexível. Observam as fases da Lua para os seus trabalhos.

Tudo no mundo Cigano está envolvo em magia. Há muitos símbolos, tais como:
Roda: É o grande símbolo Cigano. Simboliza o “Sansara”, o ir e vir; o passar por diversos estados; o ciclo nascimento/morte/renascimento. Usado para “o despertar da consciência” e assim promover a evolução e o equilíbrio.
Estrela de seis pontas: Simboliza proteção e está ligado à diversos clãs ciganos. É o símbolo dos grandes Chefes Ciganos. Usado como talismã de proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. Também conhecido como Estrela Cigana e Estrela de David. Representa sucesso e evolução interior. Suas seis pontas formam dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está encima e o que está embaixo (princípio de uma das Leis Herméticas).
Estrela de cinco pontas (pentagrama): Simboliza evolução, o domínio dos cinco sentidos. Usado para proteção, está associado também à intuição, à sorte e ao êxito.
Ferradura: Simboliza energia e sorte. Os Ciganos a consideram um poderoso talismã. É usada para atrair energia positiva, a boa sorte e a fortuna e para afastar a má sorte. Também representa o esforço e o trabalho.
Chave: Simboliza as soluções. Usada para atrair boas soluções de problemas. Quando trabalhada no fogo, atrai sucesso e riquezas.
Lua: Simboliza a magia e os mistérios. Usada geralmente pelas Ciganas para atrair percepção, o poder feminino, a cura e o exorcismo, e sempre atentando para as suas fases: Nova, Crescente, Cheia e Minguante. A Lua Cheia é o maior símbolo de ligação com o Sagrado, sendo chamada de “madrinha”. As grandes festas Ciganas sempre acontecem em noites de Lua Cheia.
Coruja: Simboliza "ver a totalidade". É usado para ampliar a percepção com a sabedoria, possibilitando ver a totalidade, o consciente e o inconsciente. Símbolo de sabedoria.
Âncora: Simboliza segurança. Usada para trazer segurança e equilíbrio no plano físico, inclusive financeiro e para se livrar de perdas materiais.
Moeda: Simboliza proteção e prosperidade. Usada contra energias negativas e para atrair dinheiro. É associada ao equilíbrio e à justiça, bem como à riqueza material e espiritual representada nas duas faces da moeda (cara e coroa). Para os Ciganos, cara é o ouro físico; e coroa é o espiritual.
Punhal: Simboliza força, poder, vitória e superação. Muito usado nos rituais de magia, tem o poder de transmutar energias. Os Ciganos usavam o punhal para abrir matas e por isso ele é um dos grandes símbolos de superação e pioneirismo, além da roda.
Taça: Simboliza união e receptividade (qualquer líquido cabe nela e adquire sua forma). No casamento Cigano, os noivos tomam vinho numa única taça, representando valor e comunhão eterna.
Trevo: É o símbolo mais tradicional de boa sorte. O trevo de quatro folhas traz felicidade e fortuna; encontrar um é prenúncio de boas notícias. 

Sobre o dia de comemoração dos Ciganos:
A maior peregrinação dos Ciganos encarnados é a que acontece para Saintes-Maries-de-La-Mèr, na região de Camargue (Sul da França), onde fica o Santuário de Santa Sara Kali. Todos os anos, Ciganos do mundo inteiro peregrinam às margens do mar Mediterrâneo para louvar Santa Sara, nos dias 24 e 25 de maio (o que tornou este o dia dos Ciganos na Umbanda). A origem do culto a Santa Sara permanece um mistério.
Foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os Boêmios criaram o hábito da grande peregrinação anual a Camargue. Contam-se muitos milagres atribuídos a Santa Sara, considerada a Padroeira do Povo Cigano. Além de trazer saúde e prosperidade, Santa Sara Kali é cultuada pelas Ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar e como protetora dos partos difíceis. Muitas Ciganas que não conseguiam ter filhos faziam promessas: se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mèr, cumprindo uma noite de vigília e depositando em seus pés, como oferenda, o mais bonito lenço (diklô) que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas Ciganas receberam esta graça.


Símbolos de representação da linha: Os símbolos ciganos em geral, mas principalmente a roda.
Cores: Todas as cores. Branca para Santa Sara.
Ferramentas: Baralho, espelho, punhal, cristais e pedras coloridas, moedas antigas, medalhas, estrelas de seis e de cinco pontas, chave, ferradura, trevo, taça, roda, âncora, bolas de cristal, fitas e lenços coloridos, instrumentos musicais, leques, folhas e pétalas, tacho de cobre ou de prata, cestas de vime, etc.
Flores: Qualquer flor e de todas as cores. Rosas coloridas são especiais.
Comidas: Frutas não cítricas, frutas secas, carnes bem preparadas ao molho de frutas ou vinho.
Bebidas: Vinho tinto, licores, Martini, Amarula, etc.
Fumo: Cigarrilhas, cigarros de sabor, charutos, etc.
Pontos de Força: Grandes campos ou qualquer ponto da natureza da preferência do cigano.
Saudação: Optchá! Salve o Povo Cigano!

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Fontes:
Adaptação do texto original postado no site Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.

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