Imagem: Pretos e Pretas Velhas da Umbanda. Editadas em conjunto / Google |
A Linha de Pretos Velhos é regida pelo Orixá Omolu com sub-regência de Nanã, mas cada Preto Velho ou Preta Velha vem na irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são filhos de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios.
Pai Antonio foi o primeiro Preto Velho a se manifestar na Religião de Umbanda em seu médium Zélio Fernandino de Morais onde se estabeleceu a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Assim, ele abriu esta linha para nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.
São espíritos que se apresentam nesta roupagem fluídica por afinidade energética e objetivos de trabalho, e que sabem que em essência não temos raça nem cor, e a cada encarnação, temos uma experiência diferente. Os Pretos Velhos trazem consigo o mistério ancião, pois não basta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evolutiva, e claro, nem todos foram escravos africanos.
O Preto Velho está ligado à cultura religiosa Afro-Brasileira em geral e à Umbanda de forma específica, pois dentro da Religião Umbandista este termo identifica um dos elementos formadores de sua liturgia, representa uma linha de trabalho, uma falange de espíritos, todo um grupo de mentores espirituais que se apresentam como negros anciões, ex-escravos e conhecedores dos Orixás Africanos. São entidades elevadas que se apresentam estereotipados como anciãos negros conhecedores profundos da magia Divina, da manipulação de ervas, mirongas e curas. São excelentes mandingueiros, mestres dos elementos da natureza, os quais utilizam em seus benzimentos e trabalhos espirituais. Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro durante a escravidão, a linha de Preto Velho reflita a humildade, a sabedoria, a paciência e a perseverança. Sua sabedoria e humildade são características marcantes e sua calma e ensinamentos são profundos. Apresentam-se na Umbanda sentados em seus banquinhos atendendo seus “fios e fias” com uma linguagem simples, porém sábia.
Preto é Cor e Negro é Raça, logo o termo Preto Velho torna-se característico e com sentido apenas dentro de um contexto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irrestrito seria “Negro Velho”, “Negro Ancião” ou ainda “Negro de idade avançada” para identificar o homem e a mulher da raça negra que se encontra já na terceira idade. Por conta disso alguns se sentem desconfortáveis em utilizar um termo que à primeira vista pode parecer desrespeitoso ao citar amáveis senhores e senhoras negras, já com suas madeixas brancas, cachimbo e sorriso fácil, que por trás do olhar sofrido, na humildade da subjugação forçada e escrava encontrou a liberdade do espírito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo de encontro à imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.
Alguns preferem chamá-los apenas de “Pais Velhos” o que é bonito ao ressaltar paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles, em sua maioria, que souberam passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de orgulho em se auto afirmar “nêgo véio” e ex-escravo; talvez assim se mantenham para que nunca nos esqueçamos de que em qualquer situação temos ainda oportunidade de evoluir. Quanto mais adversa maior a oportunidade de dar o testemunho de nossa fé.
O Preto Velho é um ícone da Umbanda, resumindo em si boa parte da filosofia umbandista. Assim, os espíritos desencarnados de ex-escravos e diversos outros espíritos se identificam nesta condição, se apresentando assim também em homenagem a eles, por tê-los como Mestres no astral.
A característica principal desta linha é a sua elevada orientação espiritual. São verdadeiros psicólogos da espiritualidade, representam, na máxima fidelidade, o poder de cura e a compaixão de Omolu e a sabedoria e amparo à evolução de Nanã, os regentes da linha. Àqueles que os procuram oferecem conselhos, orientação espiritual; receitam tratamentos caseiros, banhos de ervas, chás, entre outros, para os males do corpo e do espírito. Utilizam vários elementos nos seus trabalhos como o cachimbo, cigarros de palha (que usam como defumadores, para limpeza espiritual), ervas e velas. Em sua linha de atuação eles se apresentam com nomes conforme seu Orixá regente ou região de onde vieram (conforme acontecia na época da escravidão), por exemplo:
Congo (Pai Francisco do Congo): refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã;
Aruanda (Vó Maria de Aruanda), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá;
D'Angola (Pai Pedro D'Angola): refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum;
Matas (Tio João das Matas): refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi;
Calunga, Cemitério ou das Almas (Mãe Sebastiana da Calunga, Mãe Maria do Cemitério ou Pai Sebastião das Almas): refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu.
Vale ressaltar que nem sempre essa regra se aplica exclusivamente à regência de Orixás, já que podem simbolizar a região de onde vieram quando encarnados, como uma lembrança carinhosa e orgulhosa de sua terra natal.
Símbolos de representação da linha: Cachimbo, terço, cruz.
Cores: Preto e branco, branco, azul e branco, roxo, lilás, etc.
Ferramentas: Ervas, cruzes, terços, pembas, etc.
Flores: Crisântemo branco, rosa branca, margarida, azaleia branca, flores brancas em geral.
Comidas: Bolo de milho, bolo de fubá, pamonha, cural de milho, pipoca, mandioca, rapadura, doces de abóbora e batata roxa, etc.
Bebidas: Café, aguardente, água.
Fumo: Cachimbo, cigarro de palha, etc.
Pontos de Força: Cruzeiro das Almas ou o ponto de preferência do Preto Velho.
Saudação: Adorei as almas!
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Fontes:
Adaptação do texto original postado no site Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.
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