terça-feira, 16 de junho de 2015

Linha de Caboclos

Linha de Caboclos
Imagem: Caboclos e caboclas da Umbanda. Editadas em conjunto / Google

A Linha de Caboclos é regida pelo Orixá Oxóssi, mas cada Caboclo ou Cabocla vem na irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são filhos de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios.
Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores, etc., sendo alguns, realmente indígenas. No decorrer de suas encarnações e enquanto espíritos, elevaram-se e trabalham na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns. Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço de branco com indígena, mas na Umbanda o significado é outro. Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de índios em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo (como os xamãs), que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. Em seu arquétipo temos os mais sérios e calados, mas temos também os mais "suaves" e falantes. Muito depende, em parte, do Orixá ao qual é regido, mas não podemos nos esquecer que cada espírito, independente de um arquétipo generalizado da linha, tem suas características próprias.
Rubens Saraceni explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos. Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais e morais, de especialidades, etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito até então; os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos que desencarnavam puderam se filiar àqueles grupos. Então, os Regentes Planetários idealizaram uma religião que atuasse no plano da Terra, por meio desses espíritos de índole universalista. O local escolhido foi o Brasil, país que estava destinado a receber povos de todas as origens e crenças. A religião idealizada foi a Umbanda, que mais tarde o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe ao plano material, manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes. Assim, criaram-se as Linhas de Trabalho por especialidades de atuação, sendo que as primeiras homenageavam os povos formadores da nossa cultura: nativos (Caboclos) e africanos (Pretos Velhos). Portanto, os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto Velho foi um Negro escravizado).
O que lhes dá o título de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador.  São espíritos que habitam da 4ª Esfera Vibratória Positiva para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina. Dentro da Linha de Caboclos há, portanto, espíritos com diferentes graus de elevação. Fato que explica toda uma hierarquia, onde encontramos:

- Aqueles que deram nome às Falanges e que não incorporam (habitam na 7ª e 6ª Faixas de Luz, onde já não têm um corpo plasmado, são apenas Luz);
- Outros, vindos da 4ª e 5ª Esferas Positivas, e de diferentes graus, que se integram nas Falanges (e Sub-falanges etc.) e se manifestam entre nós; sendo todos eles mais adiantados e elevados que seus médiuns. 

São espíritos evoluídos que optaram por apresentar-se dentro do arquétipo do homem nativo, aquele que sempre viveu em contato direto com a Natureza e que já trazia consigo um profundo senso de amor e respeito por todos os seres e elementos à sua volta (terra, água, plantas, animais, pedras, etc.) e de harmonia com todas as forças e fenômenos naturais (sol, lua, chuva, dia, noite, estações climáticas etc.).
A presença dos Caboclos nas Giras de Umbanda nos leva a refletir sobre a importância do meio natural que nos acolheu e nos ajuda a compreender que somos parte da Criação Divina e, por isso mesmo, precisamos viver em harmonia com o Todo. Eles são um exemplo de forma de vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade. Sua atuação junto de nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram. Caboclos e Pretos Velhos manipulam ervas de todos os Orixás porque têm essa autorização e conhecimento, conforme o grau elevado que os distingue. Existem Falanges de doutrinadores, de guerreiros, de “feiticeiros” (isto é, que atuam mais fortemente na quebra de magias negativas), de curadores, de justiceiros etc. Os Caboclos são profundos conhecedores das ervas e dos seus princípios ativos. Suas “receitas” (banhos, defumações, oferendas, etc.) costumam produzir curas inesperadas. Conhecem como ninguém o Reino Vegetal e podem nos ensinar o valor e a melhor utilização das ervas e dos alimentos vindos da terra. Também grandes conhecedores da Magia, nos seus trabalhos costumam utilizar pembas, velas, essências, flores, ervas, pedras, frutas, vinho, sumo de ervas, raízes, cipós e sementes, entre outros elementos. Usam charutos e fumos à base de ervas para defumar o ambiente e as pessoas presentes, recolhendo e neutralizando as cargas densas que os envolvam.
Sua forte carga magnética nos impulsiona a ir em frente, a enfrentar os obstáculos com coragem e determinação. Porque Caboclo é o arquétipo do guerreiro corajoso, valente, simples, honrado, justo e harmonizado com as Forças da Mãe Natureza. Pela simples presença entre nós, quando incorporados em seus médiuns, já nos imantam com essas fortes energias e nos estimulam a conseguir nossos objetivos. São “caçadores”, vão buscar e nos ensinam a buscar o melhor para a nossa evolução. Grandes doutrinadores e disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental do médium, que está relacionado ao Chakra Frontal, regido por Oxóssi, justamente o regente dos caboclos.
Também atuam nas desobsessões, na solução de problemas psíquicos e materiais, na quebra de demandas, entre outros trabalhos espirituais de Umbanda, utilizando vários recursos magísticos nos quais são iniciados. Não ostentam conhecimentos, colocam em prática.

Seus assobios e brados assemelham-se a mantras. Cada Caboclo emite um som, de acordo com o trabalho que vai realizar, criando condições que facilitem a incorporação e liberando bloqueios energéticos dos médiuns e consulentes. Os assobios traduzem sons básicos das Forças da Natureza, dão um impulso no campo magnético (corpo espiritual) do médium para direcioná-lo corretamente, liberando-o de cargas negativas, larvas e miasmas astrais. Nos consulentes, produzem igual efeito.
Os Caboclos incorporados também costumam estalar os dedos, bater no peito e estender o braço na direção do Altar. Tudo isto tem um significado magístico-religioso:

- Estalar dos dedos: Nossas mãos têm vários terminais nervosos que se comunicam com os sete chakras principais e com os chakras menores do nosso corpo. O estalar dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (a parte gordinha da palma da mão) e reequilibra a rotação e a frequência de todos os chakras, que voltam a funcionar plenamente. O equilíbrio vibracional gera a consequente descarga de energias desequilibradas (“negativas”). Ao estalar os dedos, o Caboclo provoca essas reações no campo magnético do médium ou, conforme o caso, descarrega o campo do consulente. Ao estalar os dedos da mão esquerda, ele absorve negatividades e faz uma limpeza energética; e quando estala os da mão direita, ele irradia cargas altamente positivas e reenergiza, acalma, cura etc.
- Bater no peito: Com isso, o Caboclo ativa o chakra cardíaco do médium e equilibra suas emoções, possibilitando uma sintonia mais apurada com o medianeiro e a efetivação de um bom trabalho espiritual.
- Estender os braços (ou um braço) para o Altar: Com esse gesto, o Caboclo lança uma “flecha energética” que ativa os Poderes e Forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do trabalho espiritual a realizar.

A linha de Caboclos está integrada à tríade da direita na Umbanda, formada por Caboclos, Pretos Velhos e Erês.


Símbolos de representação da linha: Penas, arco e flecha.
Cores: Geralmente a do Orixá correspondente, mas as mais comuns são: verde, marrom, vermelho, azul, amarelo e branco.
Ferramentas: Machadinhas, arco e flecha, lanças, chocalhos, cabaças, etc.
Flores: As do orixá correspondente ou flores da preferência do Caboclo.
Comidas: As do orixá correspondente ou comidas da preferência do Caboclo.
Bebidas: Cerveja branca, cerveja preta, uísque, chá, água, etc.
Fumo: Charutos, cachimbos, fumo com ervas na palha, etc.
Pontos de Força: O do orixá correspondente ou o ponto de preferência do Caboclo.
Saudação: Okê Caboclo!

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Fontes:
Adaptação do texto original postado no site Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.

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