Imagem: Orixá Exu. Reprodução / Google |
EXU
(Odara, Elegbara, Bará)
Exu é o mais controverso dos Orixás por não ser plenamente entendido. Não é demônio nem deve ser temido por sua dualidade.
Na Umbanda não é regente de ori (cabeça, coroa), mas é cultuado direta ou indiretamente nos terreiros. Têm-se a linha de esquerda regida por Exu, Guias que representam sua atuação, mas Exu Orixá tem grande importância dentro da Umbanda.
Exu é o mensageiro que leva os pedidos das pessoas aos outros Orixás e traz suas respostas (é o comunicador, a ponte entre os homens e os Orixás), mas é também um Orixá com outras funções definidas, tendo culto e domínios próprios, ainda que na Umbanda isso seja feito, na maioria das vezes, indiretamente. Uma de suas atuações é absorver, vitalizar e neutralizar os seres.
Exu é o dono das encruzilhadas, e entende-se que encruzilhada é o encontro de duas realidades, de duas verdades diferentes, tais como: matéria/astral; razão/emoção; luz/trevas; ou, literalmente, pode ser o encontro de dois caminhos. Esta é a representação do ponto de força de Exu, a dualidade. Exu está em todos os caminhos, em todos os lugares e passagens, e não apenas na encruzilhada de rua, de terra, ou de mata. Todos os pontos que marcam a entrada e a saída de uma realidade são pontos de firmeza e de manifestação de Exu. É ele quem mantem a Lei e a Ordem, por isso tem grande afinidade com Ogum. É vitalizador, absorvedor, magnetizador, fertilizador. Rege a sexualidade (reprodução e vigor) e a magia.
Seu cetro fálico representa o vigor masculino, a vitalidade. Suas cabaças representam o útero, o poder realizador feminino. Entende-se que vigor, realização e vitalidade são necessárias em todos os campos da vida, não apenas no sexual.
Exu é o primeiro a receber oferendas no Candomblé, costume muito presente nos terreiros de Umbanda (firma-se primeiro a tronqueira para depois firmar o congá).
Nos livros “Lendas da Criação” e “Orixá Exu”, ambos de Rubens Saraceni encontra-se uma explicação do porquê de Exu ser o primeiro a receber oferendas. Imaginem um momento anterior à Criação.
No Princípio, a ideia da Criação existia apenas “no íntimo” do Criador. (Ou, como está na Bíblia: “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.) Deus ainda não havia “exteriorizado” a Criação. Tudo existia apenas no Íntimo do Criador. Em torno da morada interior do Criador só existia “o Vazio”. Então, desde o Princípio, esse “Vazio” cerca e protege toda a Criação. E Exu é o Orixá Regente do Vazio. Tudo quanto seria construído por Olorum iria ocupar esse Vazio e dependeria da concordância de Exu. Então, os Orixás deram a primazia a Exu, pois do contrário nada poderiam construir. Num segundo momento, e para receber a Criação que Olorum iria exteriorizar, foi criado o Espaço, este regido por Oxalá, o Senhor das Formas. E Oxalá só pôde
criar o Espaço com a concordância de Exu, pois o Espaço foi criado em cima dos domínios de Exu. Só depois da criação do Espaço por Oxalá, em cima do Vazio de Exu, é que tudo pôde ser criado, inclusive a humanidade. E é por isso que Exu deve ser o primeiro a receber oferendas.
Não importa quem foi o primeiro Orixá a ser criado, porque todos são atemporais e pré-existiam
em Olorum. Mas o Vazio é anterior a tudo. Exu guarda e protege tudo o que cerca a Criação (por isso Exu fica sempre do lado de fora). Quem não respeita os seus domínios não respeita o Sagrado. E para entrar no Sagrado, primeiro passamos por Exu. Daí que Exu é o primeiro a receber oferendas.
E é daí, também, que vem a expressão "Sem Exu não se faz nada".
Exu, como qualquer outro Orixá, como divindade e trono de Deus, deve ser respeitado. Pode ser cultuado diretamente sim, sem medos e preconceitos. Exu só deve ser temido se o filho estiver em atraso com a lei, se estiver burlando a ordem divina em prol de si próprio. Exu é o grande cobrador.
“Exu ironiza a vida, ri da desgraça, dança sobre o fogo e domina a ilusão, principalmente aquela que nos envolve pelo ego, materialismo e vaidade. Ele domina todos os sentidos do apego, conhece nossas vaidades e vícios. Talvez por isso seja considerado o mais humano dos Orixás e passa a ser o mais “temido”, pois quando Exu se mostra “igual a nós” ele nos assusta, simplesmente porque quer nos mostrar a dualidade humana, que hora nos leva para a luz e hora nos puxa para as trevas. Céu e Inferno, tudo ao mesmo tempo em nossa mente, o maior juiz. Exu joga e brinca com todos estes valores e por isso ele assusta uns e faz temer a outros; no entanto é tão Orixá quanto Oxalá e as lendas mostram o quanto ele pode ser amigo, fiel, querido e até servo (mas não serviçal), pois é também senhor da magia, dos caminhos, das encruzilhadas, das portas e passagens, é quem permite a comunicação. E também é bem como mal, tanto amigo quanto inimigo, luz e trevas, Céu e Inferno. Exu é Vazio e cada um de nós escolhe com quais valores preenche este Vazio”.
Irradiação: Vitalização
Função: Vitalizador, absorvedor
Cores: Preto e Vermelho
Chakra: Umbilical
Elemento: Telúrico, ígneo
Ferramenta: Ogó (bastão em formato fálico com cabaças)
Símbolos: Tridente, ogó
Sincretização: Santo Antônio
Dia comemorativo: 13 de Junho
Dia da semana: Segunda-feira
Pontos de Força: Encruzilhadas, lugares de terra
Pedras: Rubi, carvão mineral, granada
Metais: Nenhum específico
Animais: Bode, cabra, cão
Ervas: Pimenta, casca de alho, casca de cebola, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, arruda, urtiga, amendoeira, amoreira, figueira do diabo, aroeira, azevinho, cajueiro, cana-de-açúcar, catingueira
Flores: Cravos e rosas vermelhas
Frutas: Limão, amora, pitanga, frutas ácidas em geral
Comidas: Carne vermelha, farofa apimentada no dendê, miúdos de frango, cebolas
Bebidas: Aguardente, vinho tinto
Saudação: Laroyê!
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Fontes:
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