terça-feira, 29 de agosto de 2017

Nossa espiritualidade no dia a dia

Nossa espiritualidade no dia a dia Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução / Google
Tenho refletido muito, ultimamente, sobre o quanto nos dedicamos à nossa espiritualidade no dia a dia, em parte por conta de um cutucão que levei de um Guia da casa que trabalho.
Com isso me lembrei de um vídeo e de um texto, ambos do sacerdote Alan Barbieri. O vídeo fala sobre adotar um ritual no dia a dia, e o texto, para valorizarmos o simples e o básico na manutenção de nossa defesa.
Então vamos lá, refletir... O que você tem feito no seu dia a dia?
Você está vivendo plenamente sua espiritualidade?

Sua espiritualidade é muito maior que o terreiro que trabalha
O terreiro onde você trabalha é o lugar que escolheu para seu desenvolvimento na religião. O lugar que te permite aprender e crescer. Mas não significa que lá é o único lugar onde você se conecta com seus Guias e Orixás.
Lá, você que é médium, permite que seus Guias se manifestem para a prática da caridade, para o atendimento de pessoas necessitadas de auxílio espiritual. Permite que o Guia renove sua energia.
Lá, você que é consulente, se consulta com os Guias e busca a renovação da sua energia e o aconselhamento.
Mas não é só lá que você encontra Deus, Orixás, Guias. Não é só lá que você sente a energia correr seu corpo.
Acenda uma vela. Faça um banho. Defume. Visite um ponto de força. Reze!
Isso te traz intimidade, contato, confiança.
Isso reforça sua fé, te traz paz e dá autonomia.

Faça você mesmo: adote um ritual
Você também é responsável pela manutenção da boa energia em sua casa. 
Escolha um dia da semana e faça suas firmezas; semanalmente, quinzenalmente, da forma que achar melhor. Se quiser, faça um pequeno altar com os elementos que possuir.
- Defume sua casa! Use as ervas à seu favor para desagregar as impurezas e miasmas do ambiente.
- Reze! Faça sua oração como preferir, para qual divindade/entidade quiser. Use a força do pensamento e o poder das palavras à seu favor para agradecer. Só nos lembramos da reza na hora da dor e do sofrimento; nos esquecemos de rezar com gratidão.
- Faça um banho! Seja de limpeza ou energização: mantenha sua energia estável.
- Faça sua firmeza! Acenda uma vela, ofereça uma bebida, um fumo, um alimento ou outro elemento que tiver. Se só tiver um elemento no momento, também não tem problema; o importante é oferecer algo! Mantenha tudo limpo e energizado, tenha cuidado e respeito com os objetos consagrados. Cuide bem!

O simples é eficaz
Não complique demais. Não torne difícil e custoso o que é pra ser simples e de coração.
Nós sabemos que algumas situações demandam mais elementos de trabalho, mais complexidade. Mas para o dia a dia, na manutenção da sua fé e da sua defesa, o simples é suficiente.
Nas palavras de Alan Barbieri:
"Infelizmente, para muitos, uma vela acesa para um Anjo da Guarda, um charuto aceso para um Exu, um copo de café para o preto-velho, uma defumação ou uma singela oração aparenta não ser o suficiente para lidar com energias trevosas; mera tolice e ignorância!
O mal se combate com o bem, e o bem está na intenção e na fé de quem pede."

Não espere que o Guia resolva tudo sozinho, sem um pingo de esforço seu. A espiritualidade é uma via de mão dupla - se esforce, faça sua parte. Ofereça suas ferramentas! 

E acima de tudo... Não deixe que a correria do dia a dia te deixe insensível para o divino.

Saravá!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A importância de se respeitar os Rituais e seus Preceitos

A importância de se respeitar os Rituais e seus Preceitos Umbanda Wiki
Reprodução / Mundo das Umbandas
A Umbanda é uma religião de rituais e preceitos. Ainda que não haja tantos rituais quanto o Candomblé ou não seja tão dogmática quanto o Catolicismo, o fato de a Umbanda ser simples e acessível não significa que é isenta de significado e método.
Quando pensamos em hierarquia e disciplina, nos vêm à mente um sistema rigoroso e autoritário, mas... O que seria de um terreiro se cada um seguisse sua própria intuição e fizesse as coisas como achasse melhor?
Cada membro da corrente agindo como bem quer, fazendo o ritual à sua maneira?

Tendo isso em mente, é importante refletir que a casa que você está tem seu próprio modo de dirigir as coisas e há, sim, muito significado nisso.
Não quer dizer que você nunca usará sua intuição ou nunca será livre, mas é preciso seguir as orientações do dirigente e dos Guias chefes.
Não é à toa.
Seu dirigente não está brincando com sua disposição, só pra te dar trabalho.
Em um terreiro sério, isso nunca vai acontecer. É importante perceber que cada um é parte de um todo, e cada um fazendo seu trabalho bem feito, o todo funciona perfeitamente.


Antes do trabalho: preparação
Quando é pedido para que se chegue mais cedo para o trabalho, não é frescura. Quando você chega mais cedo, consegue organizar suas coisas com calma, sem correria. Consegue estabelecer uma boa conexão com seus Guias, acalma o corpo e a mente agitada.
Os banhos de erva antes do trabalho, são a mesma coisa. Seu corpo é limpo das impurezas e já preparado pro trabalho que vem. A defumação funcionará para nivelar à todos e manter a vibração na casa.

Preceito: sexo, carne, bebidas alcoólicas e outras drogas
Algumas casas pedem para, 24 horas antes do trabalho, o médium não ingerir carne vermelha, consumir bebidas alcoólicas e fazer sexo. Algumas casas podem variar no preceito, inserindo ou retirando algum item. Mas tudo está ligado à purificação da sua energia e ao bom estado de suas faculdades mentais.
Deve-se entender que o sexo não é tido como algo sujo ou pecaminoso. Mas para fins de preceito, busca-se que sua energia esteja pura, ou seja, que nela contenha só a sua própria energia, e não fluídos da energia de mais alguém.
Afinal, sabe-se que sexo é energia, e durante o ato sexual, essa troca ocorre entre o casal. Clique aqui para ler mais.

Rituais específicos
Muitas vezes, para rituais específicos como batismos, assentamentos, entre outros, o preceito e a preparação são maiores. Mais tempo, mais coisas a se fazer e mais coisas a se privar.
Às vezes, além da própria purificação, vem também o sacrifício. Se privar de algo, para conquistar outra. Demonstrar vontade e comprometimento.

Concluindo... É preciso respeitar o que é feito ainda que, em seu ponto de vista, não ache necessário - essa é a casa que escolheu para trabalhar. É dirigida por um médium preparado para tal tarefa, sob a orientação e comando de um (ou mais) Guia(s).
Caso não consiga se adaptar à casa que trabalha, você é, e sempre será, livre para procurar outro lugar para trabalhar. Mas saiba que toda casa tem suas regras e preceitos, e compreendê-los é o caminho mais rápido para se encontrar na religião.

Axé!

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Cosme e Damião e Ibejis na Umbanda

Cosme e Damião e Ibejis na Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Cosme e Damião e Ibejis. Editadas em conjunto / Google

Não há adepto, simpatizante ou mesmo pessoa externa à Umbanda que não conheça Cosme e Damião. Apesar disso, pouco sabemos de sua história. Dessa forma, a intenção dessa postagem é de agregar esse conhecimento ao nosso estudo umbandista e nos aproximar ainda mais dessa energia.


Quem são Cosme e Damião?
Irmãos gêmeos e médicos por profissão. Viveram no Oriente e, desde jovens, eram reconhecidos por sua habilidade como médicos. Levavam a muitos a saúde do corpo e da alma, sem cobrar nada por isso.
É dito que viveram na Ásia Menor, até que, devido à perseguição de Diocleciano, no ano 300 da Era Cristã, foram presos por serem considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista essa acusação, a resposta deles era sempre: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”. São Cosme e São Damião jamais abandonaram a fé cristã e foram decapitados no ano de 303.
Na Umbanda, são protetores das crianças e figuras importantes em trabalhos de cura.


E quem é Doum?
Doum é o nome dado ao primeiro filho após o parto de gêmeos. Alguns acreditam que Doum era irmão de Cosme e Damião, e que veio a falecer ainda em tenra idade. E segundo a crença, é por isso que Cosme e Damião se dedicaram à medicina; para que pudessem curar todas as crianças e pessoas que necessitassem.
Outra crença acredita que para cada dois gêmeos que nascem, um terceiro não encarna neste mundo. Mas, embora não apareça de forma física, segundo contam, Doum também é venerado e respeitado como parte da família dos Ibejis, considerado “aquele que não veio”. Por isso, o mito de Doum também serve de consolo quando uma criança morre bebê ou ainda no ventre materno. Nesses casos, a partida é entendida como o retorno de um desses seres divinos ao mundo do qual não conseguiu se despedir.
De qualquer forma, é por isso que algumas imagens possuem o terceiro menino, mais novo, no meio de Cosme e Damião. Muitas casas de Umbanda cultuam os três.


Orixás Ibejis no Candomblé e o Sincretismo
Assim como Ogum, Yemanjá, Exu e todos os outros Orixás, Ibejis também foram sincretizados; neste caso, com Cosme e Damião. Leia esse texto para entender melhor sobre a sincretização e seu objetivo.

Ibeji, no Candomblé, é o Orixá Criança, em realidade, duas divindades gêmeas infantis, ligadas a todos os Orixás e seres humanos.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo, é o Orixá Erê, ou seja, o Orixá Criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância.
Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.
Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.


Na Umbanda: Erês
Poucas casas de Umbanda cultuam Ibejis enquanto Orixás. Chamamos Ibejis todas as crianças que incorporam e trabalham na linha de Erês. Clique aqui para ler mais.


Festa de Cosme e Damião na Umbanda
A festa de Cosme e Damião (Ibejis) é uma das homenagens mais populares da Umbanda, feita em quase todos os terreiros do país. Reúne não só os adeptos da religião, como todos os curiosos e entusiastas da alegria das festas de crianças.
Por seu arquétipo infantilizado, são ofertados doces de diversos tipos e cores aos erês. Bolo, brigadeiro, beijinho, cocada, balas, pirulitos, arroz doce, refrigerantes, sucos, etc. Os mais tradicionais servem ainda o caruru. 


_______________

Fontes:
Site: A verdadeira história de São Cosme e São Damião por Canção Nova
Site: Cosme e Damião. Quem é Doum? por Ordem Mística de Regeneração
Site: Doum por Espiritualizando com a Umbanda
Site: Ibejis por O Candomblé

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Um "grimório da Umbanda": vamos nos organizar?

Um grimório da Umbanda: vamos nos organizar? Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Como você se organiza com tantos banhos, rituais, ervas e receitas para se fazer em casa?
Ou melhor: você se organiza?

Ainda que você tenha facilidade para guardar informações na cabeça, uma hora você pode precisar de uma informação e simplesmente não vai lembrar, ou vai se confundir com outra coisa.

Eu, metódica que sou, tenho um caderno simples onde vou anotando, sem muita organização, os rituais que já aprendi, classificação das ervas, simbologia e outras coisas. Mas, de uns tempos pra cá, pensei em me organizar de forma mais eficiente, e como gosto de bruxaria e assuntos afins, lembrei do grimório. Então vamos lá:

O que é um grimório?
Um Grimório, também chamado de Livro das Sombras, é um livro mágico utilizado por bruxas e feiticeiros. É um livro em branco a ser preenchido pelo seu dono - com magias, ervas, rituais, fases da lua, experiências e outras informações pessoais. Tem proteção de alguma divindade e deve ser escondido; somente seu dono pode vê-lo. Todo o conhecimento de um mago é guardado neste livro, bem como suas impressões pessoais sobre o mundo e as coisas ao seu redor.

Não é o livro, é o conceito
Perceba que eu utilizei o nome Grimório somente para identificá-lo, já que o conteúdo é semelhante em alguns aspectos. A intenção é reunir as informações que você tem em um lugar só. Anotar os rituais, anotar seus banhos, anotar a classificação das ervas e os orixás e entidades correspondentes, o que quiser. Pode ser em livro todo customizado, como os grimórios, pra você se sentir o próprio mago da idade média! Mas também pode ser em caderno simples, ou documentos digitais (Word, Excel), ou ainda folhas grampeadas em pasta, não importa!

Compilando informações de diversas fontes
Você tem 08 livros na prateleira, 05 sites salvos nos favoritos do navegador, vídeos favoritados no Youtube e muitas informações soltas na cabeça de uma receita que um Preto Velho te passou, de algo que teu dirigente te ensinou no começo da gira de semana passada, lives que assistiu no Facebook, enfim. Ter um livro/planilha pode te ajudar a compilar tudo isso. Copiar os textos, anotar as informações. E dá pra fazer até um calendário-lembrete com as épocas das suas oferendas (se você tiver um programa), os banhos que precisa fazer, as restrições dos preceitos, datas das comemorações dos orixás, etc.

Pra quê?
A gente vive na era digital e tá sempre correndo, com mil informações borbulhando na cabeça. Você vai esquecer de alguma coisa. Um blog vai ser apagado. Um livro pode ser perdido. A receita na cabeça, esquecida.
A verdade é que a gente nunca sabe quando vai precisar de alguma coisa.
Pode ser interessante manter um arquivo seu, com as informações que você julga necessária para o dia a dia no terreiro e sua própria vivência na espiritualidade.

É uma ideia pra sua própria organização :)

Axé!

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O deslumbramento do começo da Umbanda (e alguns enganos que se estendem)

O deslumbramento do começo da Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Sabe aquela empolgação e deslumbramento que a gente tem no começo da vivência na Umbanda e na mediunidade? Então... Alguns dos "maus hábitos" que adquirimos nessa fase, nos perseguem anos à fio. Já li um texto falando de guias que citava esse comportamento, mas não especificando a abrangência do negócio. Resolvi escrever sobre isso agora, já que é algo que eu acredito acontecer com pelo menos 90% dos médiuns (principalmente se o médium for jovem).
Se alguém souber ou for o autor de um texto sobre o mesmo assunto, posta aí nos comentários!

A Umbanda e a mediunidade como uma grande novidade 
Não dá pra negar: a Umbanda é cheia de surpresas. Há uma grande variedade de cores, cheiros e sons. Mesmo no terreiro mais simples, a beleza da religião encanta qualquer novato.
Os médiuns em desenvolvimento ficam ainda mais deslumbrados, pois começam a vivenciar tudo "do lado de dentro", acompanhando os rituais com muita curiosidade. Muito é pesquisado e muito é perguntado, o que é muito positivo.

Tudo é espiritual
Esse é um "problema" que acompanha até uma parcela dos médiuns e consulentes mais experientes. Desordens comuns do dia a dia passam a ser vistas como demandas enviadas por terceiros, ou mesmo vibrações negativas causadas por inveja, raiva, etc. Sim, nós sabemos que tudo isso é real e que realmente nos afeta, mas também não é assim. Uma simples dor de cabeça se torna uma demanda que necessita de velas e, quiçá, trabalhos! Claro que no começo nossa energia vai se alterando, principalmente nos médiuns em desenvolvimento - a sensibilidade aumenta e passamos a sentir (e diferenciar) energias diversas, e por ser tudo novo para a maioria, a cabeça não ajuda e logo começa a fantasiar.
Muitos de nós fomos assim! Mas o importante é desenvolver também o bom senso. Como eu disse, existem sim demandas preparadas e pessoas mal intencionadas que vibram energias negativas (o famoso "torcendo contra"), mas vamos com calma!

Compras desnecessárias e enganos
Quem nunca soltou um "É pro Guia!" ?
É preciso ir devagar, porque muito se faz em nome de uma entidade e nem sempre isso corresponde à realidade. O maior exemplo disso é a quantidade de paramentos utilizados por alguns médiuns. Julgo, sim, que na maioria das vezes isso tudo é desnecessário. Por isso que aqui mesmo no blog eu separo itens de trabalho em categorias diferentes (uma para Ferramentas e outra para Vestimentas e Paramentos). Uma ferramenta é algo necessário ao trabalho do Guia, paramento nem sempre.
Agrados podem ser oferecidos, caso a pessoa possa e queira comprá-los. Um copo bonito, um anel... Porque não? Mas acho muito tênue a linha entre o agrado e a vaidade, por isso é legal ir com calma no começo pra não comprar um monte de coisas que, no fim das contas, não serão utilizadas. Perde-se um bom dinheiro com isso.

A vaidade chega junto
É preciso ter muito cuidado com a vaidade, principalmente quando se é médium. Alguns umbandistas se acham superiores às outras pessoas por """ter acesso à informações da espiritualidade que outras pessoas não tem""", com bastante aspas. No começo da mediunidade, muitos filhos acabam achando que são super herois, dotados de poderes espirituais fantásticos.

Excesso de confiança (transferência de responsabilidade)
Esse é outro que acompanha os mais experientes também. O excesso de confiança, nesse caso, refere-se à transferência de responsabilidade. Exemplo: "ninguém rouba meu carro, meu Exu protege!".
É como tirar a responsabilidade de si e depositar na espiritualidade, ignorar aspectos materiais à que todos estamos sujeitos. Ser um adepto da Umbanda (sendo consulente ou médium) não nos torna imune à tudo que nos cerca. Temos, sim, quem nos guarda e nos protege, mas convém trancar direitinho a casa antes de dormir, certo? Fazer o seguro do carro, utilizar de meios de segurança materiais. Parece meio óbvio, mas...
É preciso reforçar: a Umbanda não faz de ninguém super heroi. A Umbanda resolve sim casos materiais, mas, novamente, a linha é tênue entre o exagero e o bom senso.

Dependência de aprovação
Perguntas como "Devo ir à festa do João?", "Devo comprar uma casa agora?", "Será que eu devo sair do meu emprego?" podem ser frequentes para algumas pessoas!
As máximas da Umbanda são as orientações e os aconselhamentos, além é claro, dos passes. Quem não gosta de ter uma boa conversa com a Entidade que tem grande afinidade e carinho e sair do terreiro bem mais leve? Muitas pessoas gostam de ouvir uma palavra amiga antes de tomar uma decisão, ainda mais de um Guia! Mas muitos médiuns e consulentes acabam "viciados" na consulta, e quase não conseguem dar um passo em frente sem antes consultar uma Entidade. A religião perde seu sentido.


A Umbanda não existe pra que fiquemos dependentes dela. Cada passo, cada escolha, é de inteira responsabilidade nossa. É o livre arbítrio.
A Umbanda existe para que manifestemos nossa espiritualidade nela, de forma livre e tranquila, para nos auxiliar em nossa evolução pessoal - nos tornarmos melhores para melhorar o mundo. Algo que eu acredito que qualquer religião deve fazer: te tornar uma pessoa melhor.

Paz e luz!

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A importância da harmonia numa corrente mediúnica

A importância da harmonia numa corrente mediúnica Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
O bom funcionamento de um trabalho numa casa de Umbanda depende de diversos fatores. O preparo dos médiuns, o conhecimento do ritual, as firmezas da casa, mas também a harmonia da corrente mediúnica.
E quando falo em harmonia, não falo da harmonia visual e sonora; o posicionamento dos médiuns, as vestimentas, a harmonia do canto com as palmas acompanhando o atabaque, nada disso. Embora, é claro, essa harmonia seja importante para um trabalho mais bonito e (porque não?) de maior credibilidade, mas me refiro especificamente nesta postagem à harmonia dos médiuns em comportamento e vibração.
Vamos lá!
Parece ser uma coisa óbvia pra ser discutida, mas eu acredito que a harmonia entre os médiuns auxilia E MUITO no desenvolvimento do trabalho em si, além de diminuir o desgaste energético dos próprios médiuns.

As vibrações
Eu entendo nosso campo vibratório como uma bomba de energia, e nosso humor e consciência influenciam diretamente nessa bomba (e no que ela vai emanar). E aí que "é o problema", porque se você não estiver concentrado para o trabalho que vai ocorrer, com a energia tranquila e a cabeça relaxada, você não vai cumprir seu trabalho como deveria.
Banho e defumação vai ajudar sim, mas - posso estar enganada - se você não fizer um esforcinho pra se livrar de outros pensamentos, nada disso vai adiantar.
E eu ouso dizer que ficamos muito preguiçosos, fazendo tudo no automático mesmo, achando que banho de ervas e defumação vai resolver tudo ali na hora e plim!, estaremos prontos para a gira.
Todos nós temos, sim, muitas preocupações no dia a dia. Contas a pagar, problemas no trabalho, doenças na família, conflitos, e por aí vai... Mas é preciso encontrar um jeito de se desligar de tudo isso e se jogar de corpo e alma naquilo que se está fazendo no momento, que é servir de instrumento para a caridade na Umbanda.

As desarmonias
Em qualquer corrente é possível acontecer alguma desarmonia entre membros. Membros que se conhecem fora do terreiro e possuem diferenças entre si, membros que por alguma razão brigaram dentro do terreiro mesmo, ex-namorados que frequentam a mesma casa e que terminaram o relacionamento de forma pouco amistosa, enfim... São diversas as situações. É importante, entretanto, que os membros tenham maturidade para lidar com as diferenças e entender que dentro de uma casa de Umbanda qualquer problema deve ser deixado de lado - evitar discussões e mesmo pensamentos de raiva e rancor. O dirigente deve estar atento à essas desarmonias para auxiliar no que for possível, além de orientar os filhos mais temperamentais.

Mas o que isso tem a ver com a harmonia do grupo?
O desequilíbrio de um membro da corrente altera toda a energia do grupo. Não digo desequilibrar completamente, mas altera... E todos os outros (ou ao menos os pais da casa, que são os que recebem as maiores cargas) sofrerão desgastes energéticos para manter a energia da gira equilibrada, suprindo aquela lacuna que esse membro vai abrir. Numa corrente de dez médiuns, se quatro estiverem desequilibrados, já vai dar certo trabalho pra por tudo em ordem.

E o pior é quando um dos dirigentes (ou o(a) dirigente, no caso de apenas um) estiver em desequilíbrio. Esse dirigente é responsável pela firmeza da tronqueira. Esse dirigente é responsável pela firmeza do assentamento principal. Esse dirigente é (na maioria das vezes) responsável pela defumação. Esse dirigente é o responsável pelo bom andamento da gira. E agora?
Seus filhos sofrerão diretamente o impacto desse desequilíbrio durante a gira, porque a firmeza do dirigente conta muito - ele precisa ter tudo sob controle.
Complicado, né?
Eu afirmo com segurança que qualquer dirigente sabe disso, mas é comum haver deslizes - somos humanos, afinal de contas.
Mas o que eu acredito (e isso se aplica à qualquer membro da corrente, independente de sua função), é que às vezes é preferível não trabalhar neste dia, do que "trabalhar meia-boca" e atrapalhar o andamento do trabalho.

Um Preto Velho da casa onde eu trabalho sempre diz: "se zuncê num tá bem, que bem zuncê vai fazer pro outro?"
Vá no trabalho sem o branco se for preciso, sente na frente de um Guia e se reestruture primeiro. Ou apenas fique em casa, pondo as ideias no lugar. Melhor assim!
Apenas desconfie se isso acontecer com frequência.

ORAI E VIGIAI!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Considerações sobre o dia 13 de Maio na Umbanda

Considerações sobre o dia 13 de Maio na Umbanda Umbanda Wiki
Imagem: Reprodução/Google
Dia 13 de Maio é o dia em que se comemora o dia das Almas (Pretos e Pretas Velhas) na Umbanda.
Essa roupagem fluídica abrange, em sua maioria, africanos que foram escravizados nas senzalas brasileiras. Junto aos Caboclos e Erês, formam a tríade da direita da Umbanda. São figuras muito importantes historicamente dentro da religião, presentes desde o seu fundamento.
São grandes benzedeiros, sábios, humildes, em geral pacientes e muito amorosos, verdadeiros psicólogos de Aruanda.
Representam, na máxima fidelidade, o poder de cura e a compaixão de Omolu e a sabedoria e amparo à evolução de Nanã, os Orixás regentes da linha (embora, é claro, cada um tenha seu Orixá regente principal, podendo variar).

Essa data foi escolhida por ter sido oficialmente a abolição da escravatura no Brasil. Dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, fazendo assim com que todos os escravos fossem libertos. Ainda que a lei tenha sido um marco histórico muito importante para a história do nosso país, socialmente ainda têm-se muito o que fazer; e é por isso que muitos negros não comemoram a data e alguns terreiros de Umbanda não utilizem essa data para homenagear a linha.

De acordo com o sociólogo Florestan Fernandes, após o fim da escravidão, as classes dominantes não contribuíram para a inserção dos ex-escravos no novo formato de trabalho. “Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho”.
Alexandre Braga, integrante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), explica: “O 13 de maio entrou para o calendário da história do país, então não tem como negar o fato. Agora, para o movimento negro, essa data é algo a ser reelaborado, porque houve uma abolição formal, mas os negros continuaram excluídos do processo social”. E esse é um problema que se arrasta até os dias de hoje. Além das atitudes discriminatórias do dia a dia, que já se tornaram, por vezes, comuns, vale lembrar que quase todo avanço promovido pelo Governo de forma a diminuir a desigualdade e combater o preconceito racial, é distorcido e mal visto.
Apesar disso tudo, essa data sob a ótica da Umbanda é uma forma de homenagear o povo africano que resistiu, dia após dia, aos horrores que foram submetidos e ainda assim, retornam à Terra como espíritos da seara umbandista para ajudar a quem quer que seja. É preciso muito amor e evolução para superar toda a amargura vivida e se tornar um instrumento do bem maior.
Temos muito o que aprender com nossos amados Pretos Velhos.
Que reservemos esse dia para orar aos nossos amados pretos e pretas e nos conscientizar (e agir) acerca da situação do negro no Brasil, já que a grande lição da Umbanda é se utilizar de roupagens fluídicas de grupos hostilizados na sociedade para ajudar na quebra do preconceito (negros, índios, baianos e nordestinos, ciganos, boêmios, etc.).
Pra mim, mais que uma ajuda, é um tapa na cara de cada preconceituoso que adentra os terreiros de Umbanda.

Que o dia 13 de Maio seja um símbolo de uma batalha que foi vencida. Que seja um lembrete do que ainda é preciso ser feito. Que seja um dia de renovação, um sopro de ânimo, na luta que deve continuar.

Axé!

_______________

Fontes:
Site: Último Segundo sobre o porquê dos negros não comemorarem o 13 de maio
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...